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Tundu Lissu anuncia regresso à Tanzânia

11 de julho de 2020

Em entrevista à DW, um dos líderes da oposição na Tanzânia disse vai concorrer às presidenciais de outubro. Tundu Lissu deixou o país há três anos depois de ter sido vítima de uma tentativa de assassinato.

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Tundu Lissu, antigo deputado da Tanzânia e um dos líderes do Chadema
Tundu Lissu mora na Bélgica há três anosFoto: DW

O antigo deputado do Parlamento da Tanzânia Tundu Lissu fixou uma data para regressar ao seu país-natal e concorrer à Presidência pelo Chadema, o principal partido da oposição, nas próximas eleições de outubro. Em entrevista à DW, confirmou que vai voltar à Tanzânia ainda em julho.

O anúncio ocorre três anos depois de Tundu Lissu sobreviver a uma tentativa de assassinato. Na altura, atacantes armados com metralhadoras cravejaram o seu carro com balas. Lissu foi levado de avião a um hospital em Nairobi, no Quénia, e depois mudou-se para a Bélgica, onde ainda mora, para receber tratamento.

O advogado de direitos humanos e meio ambiente é um crítico da corrupção no seio do Governo da Tanzânia e do atual Presidente do país, John Magufuli. Foi preso várias vezes no passado e ainda responde na Justiça por crimes de sedição contra a autoridade estatal da Tanzânia.

DW: Como pode concorrer à Presidência enquanto ainda está no exterior? Planeja voltar para a Tanzânia em breve?

Tundu Lissu (TL): A resposta simples e rápida à sua pergunta é: Sim, estou a voltar para casa e vou regressar a 28 de julho, daqui a menos de três semanas.

DW: É acusado de crimes de sedição [sublevação contra qualquer autoridade constituída] na Tanzânia. Acha que essas acusações podem prejudicar as suas ambições presidenciais?

TL: Não é sedição fazer declarações que mostrem que o Governo está errado nas suas ações, políticas e práticas. Não é sedição querer remover o Governo do poder por meios constitucionais. Não é sedição criticar o Governo. Não é sedição usar meios democráticos para tentar livrar-se do Presidente John Magufuli. Fiz declarações públicas que mostraram que o Governo estava errado. Isso não é sedição, mesmo sob essa lei terrível. Portanto, não estou nem um pouco perturbado com a existência destas acusações.

DW: Quando analisamos a maioria das discussões em andamento na Tanzânia, vemos que há muitas pessoas a dizer que há alguns desenvolvimentos em termos de infraestrutura. O Banco Mundial recentemente classificou a Tanzânia como um país de renda média baixa. Quando olha para essas conquistas do atual Presidente, não acha que John Magufuli tem uma boa chance de ser reeleito?

TL: Mwalimu [Julius] Nyerere [que foi Presidente da Tanzânia por 24 anos] construiu projetos de infraestrutura, como a ferrovia Tazara, com 2.400 quilómetros de extensão da capital Dar es Salam até Kapiri Mposhi, na Zâmbia. Ele construiu estradas, estradas pavimentadas. O [antigo] Presidente [Ali Hassan] Mwinyi construiu estradas, [Benjamin] Mkapa construiu estradas, Jakaya Kikwete construiu estradas. Isso não impediu-nos de exigir uma Tanzânia melhor, mais democrática e mais justa.

Então, sim, Magufuli construiu todas essas coisas de que está a falar. Isso não justifica um desgoverno. Isso não justifica o exercício dessas políticas draconianas e muito autoritárias que impôs ao país. Isso não justifica ou legitima a destruição dos nossos processos democráticos.