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UA empenhada numa força para combater Boko Haram

Peter Hille / António Rocha / Reuters / AFP30 de janeiro de 2015

A 24.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana decorre esta sexta-feira e sábado (30+31.01) em Addis Abeba. A criação de uma força regional para combater o Boko Haram é um dos temas do encontro.

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24ª Cimeira da União Africana em Addis Abeba, EtiópiaFoto: DW/G. Tedla

O grupo radical islamista Boko Haram ameaça a segurança e o desenvolvimento de toda a África e por isso o continente deve adotar “uma resposta coletiva e decisiva”, disse esta sexta-feira (30.01) Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União Africana, em Addis Abeba, na cimeira dos chefes de Estado da organização panafricana.

Dlamini-Zuma lembra que “no início o Boko Haram parecia ser apenas um grupo muito bem localizado", mas que atualmente ganhou outra forma: "Mas agora vemos que o grupo alargou a sua área de ação para a África Central e Ocidental. Pelo facto devemos prosseguir juntos no combate contra esta ameaça, porque caso não seja travado, o Boko Haram será um perigo para todos os nossos países”.

Afrikanische Union 24. Gipfeltreffen in Addis Abeba
Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União AfricanaFoto: DW/G. Tedla

Na noite de quinta-feira (29.01), o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), lançou um apelo para a criação de uma força militar regional composta por 7.500 homens para combater os islamistas radicais do Boko Haram, cujos avanços na Nigéria e as incursões nos Camarões, nomeadamente, preocupam os países vizinhos.

A Nigéria, os Camarões, o Niger, o Tchade e o Benin já tinham acordado nos finais do ano passado, criar uma força de 3 mil homens, que ainda não está operacional devidio a querelas entre Abuja e os seus vizinhos.

Mugabe na presidência da UA

Entretanto, a cimeira, que tem lugar esta sexta-feira (30.01) e sábado (31.01), designou para a presidência rotativa da União Africana o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, um autocrata de quase 91 anos de idade, no poder desde a independencia do seu país em 1980. Mugabe substitui no cargo o seu homólogo mauritaniano Mohamed Ould Abdel Aziz.

Segundo alguns analistas, a nomeação de Mugabe para a presidência da UA suscitou um certo embaraço nas fileiras da organização pan-africana. Eles consideraram que a escolha representa um mau sinal enviado pela organização sobre os valores da democracia e governação que pretende defender e pode prejudicar a sua imagem.

Aliás na abertura da Cimeira da UA, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou aos dirigentes africanos para "não se prenderem ao poder". Ban Ki-moon disse ainda que os dirigentes modernos não podem permitir-se ignorar os desejos e aspirações dos que representam.

Gipfel Afrikanische Union AU in Addis Abeba 2015 Robert Mugabe
Robert Mugabe, Presidente do Zimbabué e presidente em exercício da União AfricanaFoto: Zacharias Abubeker/AFP/Getty Images

Mais à frente na sua intervenção", Ban considerou o Boko Haram como uma ameaça para a região e mesmo internacional, tendo acrescentado que "o terrorismo não conhece fronteiras. Está em todo o lado... em muitos países africanos, no Corno de África e na Zona do Sahel... Em todo o lado", sublinhou.

Boko Haram em cima da mesa, mas Goodluck Jonathan ausente da cimeira

Entretanto, o Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, por estar em campanha eleitoral no país não está presente nesta cimeira, embora o combate ao grupo radical Boko Haram seja um dos principais temas em discussão.

Wahlkampf in Nigeria 2015 Goodluck Jonathan
Goodluck Jonathan em campanha eleitoral na cidade de LagosFoto: picture-alliance/AP Photo/S. Alamba

Na verdade, enquanto em Addis-Abeba os discursos se sucedem e os participantes na cimeira se mostram preocupados com os ataques do Boko Haram, na Nigéria Goodluck Jonathan nos seus discursos de campanha insiste em manifestar a certeza na vitória contra os islamistas radicais, como fez num comício em Yola, no leste do país: ”As nossas destemidas forças recapturaram várias cidades e em breve teremos sob controle todo o país."

Para os analistas, o exército da Nigéria está muito mal equipado e treinado, enquanto no seu seio a corrupção é elevada. Esse quadro dificulta grandemente as ações do exército nigeriano no combate ao Boko Haram notam os especialistas.

E apesar de todas mensagens de sucesso do Presidente Jonathan e dos seus generais, desde a criação do Boko Haram, no início de 2000, os islamistas espalharam-se não só pelo nordeste da Nigéria, onde terrorizam as populações, mas também realizam ataques contra o exército e a polícia.

Recorde-se que essa insurreição já provocou mais de 13 mil mortos desde 2013 e fez mais de um milhão de refugiados, que atualmente se encontram nos Camarões, no Niger e no Tchade.

Aval do Conselho de Segurança da ONU

Boko Haram Kämpfer
Combatentes do Boko HaramFoto: picture alliance/AP Photo

A comunidade internacional já anunciou que está pronta para ajudar financeiramente no combate ao Boko Haram. Mas a forma como essa ajuda será feita está ainda em aberto e será uma das questões a ser resolvidas nestes dois dias de trabalho da cimeira da UA.

Solomon Abu Dersso, do Instituto de estudos de Segurança em Adis-Abeba, em entrevista à DW repisa que ”é exatamente uma das questões a ser resolvida e a outra tem a ver com a autorização e a criação de uma força regional com um mandato da Comissão de Paz da UA e do Conselho de Segurança da ONU.

Dersso também apoia a ideia de uma força regional: "E esperemos que a questão seja submetida ao Conselho de Segurança para autorizar a sua implementação”.

Para o analista, os Estados devem concordar em submeter a questão ao Conselho de Segurança da ONU porque se trata de "uma das exigencias mais prementes para o continente, particularmente por ser uma resposta concreta a ameaças terroristas que estão a acontecer na Nigéria, no Mali e assim por diante”, conclui.

Outros assuntos em discussão

A reunião é subordinada ao lema "2015: Ano da Capacitação e Desenvolvimento da Mulher Rumo à Agenda 2063 de África" e enquadra-se nas celebrações de cinco anos da vigência da Década da Mulher Africana proclamada em janeiro de 2009.

O surto do ébola na África Ocidental, a situação de segurança no continente africano, particularmente no Burkina Faso, Líbia, República Centro Africana, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Somália, as mudanças climáticas e fontes alternativas de financiamento da União Africana são outros temas em agenda durante este encontro de alto nível.





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