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UA volta a apostar na diplomacia no Burundi

Maria João Pinto/Coletta Wanjohi/Simona Foltyn/AP1 de fevereiro de 2016

A União Africana votou contra o envio de uma missão de paz ao Burundi. Na cimeira deste domingo (31.01), em Addis Abeba, líderes africanos decidiram enviar uma delegação para negociar com o Presidente Nkurunziza.

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Cimeira anual da União Africana, este domingo (31.01), em Addis Abeba, na EtiópiaFoto: Getty Images/AFP/T. Kurumba

O Burundi mergulhou na instabilidade em abril do ano passado, quando o Presidente Pierre Nkurunziza anunciou a sua candidatura a um controverso terceiro mandato.

Desde então, 400 pessoas morreram em confrontos violentos e mais de 200 mil foram forçadas a abandonar o país. Apesar deste cenário, o Executivo rejeita qualquer intervenção militar internacional, que vê como uma "invasão".

O líder da Comissão de Paz e Segurança da União Africana, Ismael Chergui, garante que nenhuma força militar será enviada para o Burundi sem o consentimento do Governo. Mas os líderes africanos prometem continuar a fazer pressão.

"Se o Burundi aceitar, esta será uma força que vai lidar com as questões do desarmamento das milícias, recolher as armas que circulam ilegalmente, proteger os civis e facilitar o trabalho dos observadores humanitários," pondera Chergui.

AU Gipfel Smail Chergui
Ismael Chergui, líder da Comissão de Paz e Segurança da União AfricanaFoto: DW/S. Foltyn

Apesar da insistência da comunidade internacional, o conselheiro presidencial do Burundi, Alaina Nyamitwe, sublinha que o país não está pronto para aceitar esta intervenção.

"No que diz respeito à força militar, já deixamos a nossa posição muito clara," defende.

Palavra de ordem: diálogo

Uma posição que a comunidade internacional quer mudar a todo o custo. Presente na cimeira da UA, que terminou este domingo (31.01), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, deu o seu apoio à intervenção no Burundi.

"Uma das ideias é o envio de uma missão de paz. Apoio todas as opções que contribuam para a paz e estabilidade no Burundi. As Nações Unidas, com o aval do Conselho de Segurança, já enviaram uma pequena missão política para ajudar a facilitar o diálogo," informou Ki-Moon.

Burundi Gewalt und Tote
Desde abril de 2015, 400 pessoas morreram em confrontos violentos no BurundiFoto: picture-alliance/AP Photo

Também o chefe de Estado chadiano, Idriss Deby, eleito presidente da União Africana no sábado, afirma que dialogar deve ser a palavra de ordem.

"Nos casos do Burundi e do Sudão do Sul, a União Africana tem de fazer esforços para encontrar a paz e isto depende do fim da violência. Não podemos permitir que milhares de pessoas continuem a morrer devido à luta política," considera Deby.

Sudão do Sul e Boko Haram em pauta

Em Addis Abeba, multiplicaram-se também os apelos à implementação do Acordo de Paz no Sudão do Sul - onde as partes em conflito voltaram a falhar a data limite para a formação de um Governo de transição.

Durante a cimeira, discutiu-se ainda sobre a luta contra o terrorismo – no mesmo dia em que um novo ataque do Boko Haram matou 80 pessoas na Nigéria.

Nigeria Boko Haram Anschlag
Em ataque do Boko Haram, 85 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em Dalori, perto de Maiduguri, capital do estado de Borno, este domingo (31.01)Foto: picture alliance/AP Photo/J. Ola

Por tudo isto, o continente africano deve unir-se para fazer mais. Uma ideia sublinhada no discurso de encerramento da cimeira pelo novo presidente da União Africana, Idriss Deby.

"Aplaudo o consenso a que chegamos em alguns pontos, especialmente o combate ao terrorismo e a resolução das crises em alguns estados. Gostaria de apelar à resolução de todas as questões que ameaçam o nosso progresso e desenvolvimento," declarou o novo presidente da UA.

A próxima cimeira da União Africana está marcada para Julho, em Kigali, no Ruanda. Antes disso, a organização deverá reunir-se numa cimeira de emergência sobre migração, em data a anunciar.

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