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“Uma mediação internacional não é uma boa ideia”

Helena Ferro de Gouveia (Berlim)30 de maio de 2016

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, observador atento da realidade moçambicana considera que neste momento há mais esperança e que as negociações entre FRELIMO e RENAMO são um assunto interno.

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Presidente alemão, Joachim Gauck (esq.), recebe com honras militares o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka

Aquando da sua visita de Estado a Moçambique, que decorreu no inicio de maio, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse estar disponível para ajudar a "fazer pontes" de diálogo. "Os amigos devem estar sempre disponíveis para ajudar os seus amigos, e só as circunstâncias dirão em concreto que tipo de ajuda e em que momento é que é necessário exercitá-la".

Pontes estas que não significam uma intervenção direta de Portugal como mediador. Numa entrevista exclusiva à DW África, à margem da visita de trabalho à capital alemã, onde se reuniu com o Presidente alemão, Joachim Gauck e a chanceler, Angela Merkel, Marcelo Rebelo de Sousa expôs a sua visão da actual situação moçambicana.

DW África: Como vê a atualidade moçambicana ?

Marcelo Rebelo de Sousa (MRS): Eu sou suspeito a avaliar Moçambique , uma vez que sou alguém ligado afetivamente muito a Moçambique, às vezes até costumo dizer que é uma segunda pátria minha . Diria que Moçambique atravessou, nos últimos tempos, um período díficil, económica e financeiramente difícil, que culminou na suspensão do financiamento pelo grupo de doadores e também num atrito, numa crispação muito grande entre as forças em presença.

Felizmente já depois da minha visita de Estado a Moçambique houve evoluções positivas.

Por um lado, a RENAMO aceitou falar com o governo e com a FRELIMO, por outro lado o governo ainda durante a minha permanência em Moçambique desafiou, apelou à RENAMO para o reatar das conversações. Foram constituídos grupos de trabalho. Os grupos de trabalho arrancaram. O próprio Movimento Democrático de Moçambique está envolvido na mesma preocupação de encontrar pistas de convergência que permitam a paz duradoura no país. Em simultâneo decorrem conversações com vista a restabelecer o apoio financeiro por parte dos doadores internacionais.

Portanto neste momento eu diria que há mais esperanças do que havia quando parti para Moçambique há 3 semanas.

DW África: Hoje (30.05) FRELIMO e RENAMO voltam a encontrar-se. Que papel é que Portugal pode ou não pode ter no processo de mediação?

Mosambik Marcelo Rebelo de Sousa und Filipe Nyusi
Marcelo Rebelo de Sousa (esq.) cumprimenta o Presidente moçambicano Filipe Nyusi.Foto: picture alliance/Photoshot/M. Vombe

MRS: A posição comum a todos os que acompanham de fora o que se passa em Moçambique é esta: mediação internacional não é uma boa ideia, não é uma boa ideia porque cria fatores adicionais de ruído.

Estamos perante um diálogo envolvendo moçambicanos, a decisão tem que ser dos moçambicanos. Trata-se de um problema interno, constitucional e político moçambicano. Moçambique é um Estado cuja unidade todos concordam em preservar. Não estamos perante um Estado falhado. Nem um Estado dividido, nem outras situações internacionais em que se justifica uma mediação.

Tem que ser pragmático, a intermediação internacional que ocorre quando há diferendos entre Estados ou entre realidades que não constituem já um Estado essa intermediação deixa de ser positiva e passa a ser negativa.

Outra coisa é haver o acompanhamento de amigos de Moçambique, a preocupação de ajudar no caminho da paz. É o que tem feito a União Europeia, a Alemanha, Portugal.

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