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União Africana adia escolha de novo líder

Glória Sousa / Lusa / AFP18 de julho de 2016

Como nenhum candidato à presidência da União Africana (UA) alcançou a maioria de votos, a eleição terá lugar em janeiro. Sudão do Sul domina discussões da 27.ª cimeira da organização, marcada pelo regresso de Marrocos.

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Foto: Getty Images/AFP/C. Ndegeya

Reunidos em Kigali, no Ruanda, os chefes de Estado e de Governo da UA não chegaram esta segunda-feira (18.07) a um consenso sobre a escolha do novo representante.

Nenhum dos três candidatos ao cargo de presidente da Comissão – Specioza Wandira Kazibwe (do Uganda), Pelonomi Venson-Moitoi (do Botsuana) e Agapito Mba Mokuy (da Guiné Equatorial) – conseguiu garantir a maioria de dois terços dos votos. Durante a votação, 28 dos 54 Estados-membros abstiveram-se, forçando a extensão do mandado da atual líder do órgão, Nkosazana Dlamini-Zuma. As eleições para a presidência foram adiadas para janeiro de 2017.

Entretanto, a UA recuperou um antigo membro. O rei de Marrocos, Mohammed VI, anunciou este domingo (17.07), primeiro dia da cimeira, que "chegou o momento" de o país regressar ao seio da organização. Rabat tinha abandonado a União Africana em 1984 em protesto contra a admissão do Saara Ocidental.

Marokko König Mohammed VI in Rabat
Mohammed VI, rei de MarrocosFoto: Getty Images/C. Jackson

"Há muito tempo, os nossos amigos pedem para voltarmos a estar entre eles, para que Marrocos recupere o lugar natural que lhe corresponde dentro da sua família institucional. Esse momento chegou", declarou.

Muhammad VI ressaltou que, apesar de ter deixado o órgão, Marrocos não interrompeu a cooperação com os países africanos e sempre se comprometeu com as causas do continente. O monarca prometeu "agir para superar divisões".

Confrontos no Sudão do Sul

O receio de um novo conflito em larga escala no Sudão do Sul dominou a agenda da 27.ª cimeira da UA este domingo. Os representantes estão preocupados com novos combates no país, que já causaram mais de 300 mortos.

Estiveram em cima da mesa as sanções impostas desde 2008 contra o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por alegados crimes contra a humanidade na região do Darfur, além do mandado de detenção de que é alvo por parte do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Muitos delegados mostraram-se irritados com o que consideram ser uma permanente caça às bruxas de líderes africanos pelo órgão com sede em Haia, na Holanda.

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Confrontos no Sudão do Sul preocupam chefes de Estado e de Governo da União AfricanaFoto: Getty Images/AFP/S. Bol

Em conferência de imprensa depois de uma reunião à porta fechada, o presidente da Conselho Económico, Social e Cultural da UA, Joseph Chilengi, disse que o povo sudanês não deve sofrer por causa de acusações contra o presidente.

"O pior que está a acontecer é que, se uma empresa der medicamentos a uma criança no Sudão será multada. As crianças estão a morrer no Sudão devido à falta de medicamentos. Se há um problema com Al Bashir, deve haver sanções específicas. Estabeleçam sanções contra Al Bashir e a sua liderança, mas deixem as pessoas negociar livremente", argumenta.

O economista sudanês Babiker Mohamed Tom acusa os Estados Unidos da América (EUA) de estarem interessados no petróleo do país. Criticou ainda a decisão de congelar os bens individuais, em vez dos bens de membros do Governo.

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"A economia do Sudão não está a funcionar como deveria: a pobreza e a inflação estão extremamento elevadas e muitas pessoas sofrem com a falta de emprego por causa das sanções. E até mesmo medicamentos que podiam salvar vidas não podem ser enviados para o Sudão, porque a maioria das empresas de transporte têm medo das sanções impostas pelos Estados Unidos", critica.

Apesar das dificuldades económicas, o ministro das Finanças do Ruanda, Claver Gatete, garantiu que o Sudão continua a pagar a contribuição para a organização. "O Sudão é membro da UA e é obrigado a cumprir regras. A contribuição não tem nada a ver com outras sanções".