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UNITA contesta a não realização de autárquicas em Angola

Madalena Sampaio16 de outubro de 2014

A oposição angolana com representação parlamentar está desiludida com o anúncio de que as autárquicas não se irão realizar antes de 2017. O Presidente de Angola justifica dizendo que ainda não há condições para tal.

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Isaías Samakuva, líder da UNITA, o maior partido da oposição em AngolaFoto: DW/Renate Krieger

No discurso sobre o Estado da Nação, proferido quarta-feira (15.10), na Assembleia Nacional, em Luanda, José Eduardo dos Santos afirmou que há falta de condições para a realização das primeiras autárquicas em Angola.

A DW África falou com o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, que assistiu à cerimónia.

DW África: Os argumentos apresentados pelo chefe de Estado angolano foram convincentes para a UNITA?

Isaías Samakuva (IS): De forma nenhuma, porque aquilo que o senhor Presidente da República apresentou como argumentos é o básico para quem queira fazer as autarquias. Ora, o senhor Presidente não sabia há 4 anos, quando estas foram aprovadas na Constituição, que eram preciso aquelas condições todas? Até nos acordos antigos, Acordo de Bicesse de 1992, as autárquicas estavam todas já previstas. Portanto, chegámos a 2010 e foram renovados os desejos da sua realização. Então, só quatro anos depois é que o senhor Presidente vem com aquelas questões? São básicas, estão na Constituição e algumas delas já estão definidas. Não podemos considerar aquilo uma atitude séria, é apenas demonstração de falta de vontade política para a realização das autárquicas.

José Eduardo dos Santos Angola Präsident
José Eduardo dos Santos, Presidente de AngolaFoto: Reuters

DW África: Na sua opinião o que teme o Governo? Que a oposição tenha uma vitória esmagadora nestas eleições autárquicas?

IS: Na nossa opinião e conhecendo a forma como o Presidente da República governa o país, ele não é capaz de pensar em ter uma parcela mínima do território que esteja fora do seu controlo. Ele não pode imaginar de forma nenhuma que esta parcela, ou duas que sejam, do território nacional possam tratar dos seus destinos. Ele não aceita, quer o poder total absoluto sobre todos e sobre tudo. Não é preciso uma vitória esmagadora, a verdade é que nas autárquicas nem tudo estaria nas mãos do MPLA e é isso que ele não pode imaginar.

DW África: No seu discurso, José Eduardo dos Santos disse que não há condições para realizar essas eleições, mas por outro lado afirmou que a situação económica e social em Angola é estável. Há aqui uma contradição na opinião da UNITA?

IS: Absolutamente. De uma lado a situação é estável, a situação do país é boa, do ponto de vista económico houve progressos. Ele mesmo com dados errados e mal calculados pretendeu transmitir a ideia de que há, sim senhor, sucessos, progressos, mas por outro lado não há condições para fazer as eleições autárquicas. Seja como for, essas condições têm de ser criadas e é isso que o Governo não fez, é isso que o Presidente da República não quer. Se reparar bem no discurso, mesmo assim está a falar na necessidade de se elaborar o calendário.

Angola 2012 Wahlen Luanda
Eleições de 2012 em AngolaFoto: AP

DW África: São várias as vozes que se têm levantado contra a violação da Constituição. O que pode a oposição fazer para pressionar o Governo a realizar, finalmente, as autárquicas?

IS: Nós podíamos enveredar, por exemplo, por uma via de manifestações, poderíamos enveredar por uma via de pressão constante sobre o Governo. Mas também sabemos que com a brutalidade com que o nosso Governo age, estaríamos a entrar numa armadilha. Por conseguinte, temos de encetar contactos e uma estratégia que possa unir o povo, os partidos, as forças vivas da nação para exercerem uma pressão para que as eleições sejam feitas.

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