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PolíticaAlemanha

Vazamento de conversas: Alemanha e Rússia trocam acusações

4 de março de 2024

Ministro da Defesa alemão acusa o Presidente russo de tentar "desestabilizar" a Alemanha, na sequência do vazamento de conversas confidenciais sobre o fornecimento de armas à Ucrânia. A Rússia também faz acusações.

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Deutschland | Münchener Sicherheitskonferenz | Verteidigungsminister Boris Pistorius
Foto: TOBIAS SCHWARZ/AFP/Getty Images

Em declarações aos jornalistas, no domingo (03.03), o ministro da Defesa, Boris Pistorius, acrescentou que a divulgação da gravação é simplesmente uma tentativa de pôr em causa a unidade da Alemanha.

"Faz parte de uma guerra de informação que [Vladimir] Putin está a travar. Não há qualquer dúvida sobre isso. É um ataque híbrido que visa a desinformação. Tem como objetivo a divisão. Tem como objetivo minar a nossa determinação. Por conseguinte, devemos reagir de uma forma particularmente equilibrada, mas não menos resoluta", afirmou.

Uma gravação áudio de uma reunião por videoconferência de oficiais de alta patente foi publicada nas redes sociais da Rússia na sexta-feira (01.03). Nesta conversa, os participantes discutiram a possibilidade de entregar mísseis Taurus de longo alcance de fabrico alemão a Kiev, o que seria necessário para permitir que as forças ucranianas os utilizassem e o seu possível impacto.

O conteúdo da gravação é altamente embaraçoso para a Alemanha, uma vez que Berlim se recusa oficialmente a entregar mísseis Taurus a Kiev, argumentando que existe o risco de uma escalada da guerra.

Pistorius afirmou que os oficiais estavam "a fazer o que era suposto fazerem" ao avaliarem vários cenários. O ministro da Defesa alemão disse que em nenhum momento da gravação foi ultrapassada a linha sobre o envolvimento da NATO ou da Alemanha na guerra.

"Os oficiais na chamada telefónica pensaram nos cenários sobre os quais poderiam falar no final. É o seu trabalho enquanto líderes. Em todo o caso - e isto também fica claro no telefonema - os oficiais foram claros em todos os momentos da conversa de que a linha da participação na guerra - e há várias formas de participação - não seria ultrapassada", esclarece.

O áudio foi divulgado numa altura em que está a decorrer um debate na Alemanha sobre a possibilidade de fornecer os mísseis.

Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia
Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da RússiaFoto: Alexei Maishev/TASS/IMAGO

"A Alemanha está a preparar-se para a guerra com a Rússia"

O antigo Presidente russo Dmitry Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança, afirmou no domingo (03.03) que "a Alemanha está a preparar-se para a guerra com a Rússia".

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou que a gravação indica que a Ucrânia e os seus apoiantes "não querem mudar de rumo e querem infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha".

"Há várias coisas interessantes nas declarações dos generais da NATO, incluindo quando os generais alemães discutem como preferem fornecer armas de longo alcance à Ucrânia - o Taurus é mencionado - para atacar a ponte da Crimeia e os depósitos de munições, como fazê-lo de forma a não serem notados, porque Scholz não gosta, mas os americanos e os britânicos não se importam, já lá estão". revela.

Medvedev conta ainda que "houve também uma conversa sobre se era possível controlar remotamente estes mísseis sem estar na Ucrânia. Um dos generais disse que seria sempre a nossa participação direta. Ou seja, eles percebem do que estão a falar e, numa troca de palavras, parece que há tipos em trajes civis dos Estados Unidos. Foi dito sem rodeios".

Na gravação de 38 minutos, os oficiais alemães são ouvidos a revelar pormenores sobre a forma como o Reino Unido e a França estão a ajudar o exército ucraniano a utilizar os mísseis Scalp que os dois países estão a fornecer a Kiev.

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Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África