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Xenofobia persiste na África do Sul

Thuso Khumalo
10 de setembro de 2018

Não estão esquecidos os moçambicanos assassinados na África do Sul há dois anos numa onda de violência xenófoba. Agora, pequenos comerciantes somalis voltaram a ser vítimas de ataques na cidade de Joanesburgo.

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Foto: Getty Images/G.Guercia

xenofobia permanece uma realidade na África do Sul. Pelo menos é esta a conclusão a que chegam analistas e ativistas, na sequência de renovada violência contra pequenos comerciantes estrangeiros no bairro do Soweto na cidade de Joanesburgo.

A pretexto que estavam a vender produtos falsos e alimentos pós-prazo de validade, residentes do bairro de Soweto atacaram pequenos comerciantes, na sua maioria imigrantes somalis. O somali Amir, que não quis dar o seu nome completo por medo de retaliação, disse à DW: "Pensei que me iam matar. Alguém me arrastou para fora da loja e atirou-me para o chão e quatro homens começaram a dar-me pontapés”.

Governo diz que não se trata de xenofobia

Mais de cem pessoas atacaram e espancaram Amir e pilharam a sua loja. O secretário geral da associação somali na África do Sul, Abdirizak Ali Osman, rejeita acusações de venda de produtos falsos: "Tudo isto começou por causa de um vídeo que circulou nas plataformas sociais online. Nenhuma autoridade responsável verificou o conteúdo. Nas plataformas sociais há muita gente que diz que não quer estrangeiros no township e apela para que sejam expulsos”. 

Südafrika - Gewalt gegen Einwanderer
O moçambicano Emmanuel Sithole foi assassinado em Joanesburgo em 2015Foto: REUTERS/James Oatway/Sunday Times

Mas Lebogang Maile, membro do Conselho Executivo para o Desenvolvimento Económico de Gauteng, diz que a comunidade está genuinamente preocupada com a venda de produtos falsos: "Temos que examinar os casos para perceber onde estas coisas estão a ser fabricadas e as autoridades competentes devem tomar medidas imediatas”.

Ativistas responsabilizam autoridades por inércia

Xenofobia persiste na África do Sul

Por seu lado, O Governo insiste que não se trata de ataques xenófobos, mas apenas de conflitos gerados pela competição por recursos e oportunidades de vida. Thifulifeli Sinthumule, diretor do Consórcio de Refugiados e Imigrantes na África do Sul, discorda. O ativista acusa o Governo de fechar os olhos à realidade xenófoba para não ter que combatê-la: "Os residentes dizem que não querem lá "aquelas pessoas”. É óbvio que se estão a referir aos imigrantes que normalmente chamam de estrangeiros. Ou seja, no terreno as pessoas rejeitam os imigrantes”.

Loren Landau, diretor do Centro Africano para a Migração e Sociedade na Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, deteta premeditação por detrás de grande parte da violência. Segundo o pesquisador, muitas vezes são os próprios políticos locais que organizam esses ataques, e depois distribuem os bens pilhados entre os seus adeptos para angariar votos: "Suspeito que é o que está a acontecer também”.

A violência xenófoba contra imigrantes e refugiados africanos na África do Sul é recorrente. Em 2008, 60 morreram numa onda de violência xenófoba e outros seis foram massacrados em 2015, incluindo dois cidadãos moçambicanos.