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Cimeira África-Europa com poucos resultados concretos

Cristina Krippahl
30 de novembro de 2017

Os políticos congratulam-se, as organizações da sociedade civil afirmam-se desiludidas. O balanço da cimeira da União Africana e da União Europeia em Abidjan, na Costa de Marfim.

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Fayez al-Sarraj, Primeiro-ministro da Líbia, Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Mahamadou Issoufou, Presidente do Níger e Denis Sassou Nguesso, Presidente do Congo (da esquerda para a direita)Foto: picture alliance/dpa/Bundesregierung/G. Bergmann

O encontro entre os 55 Estados membros da União Africana e os 20 países da União Europeia terminou esta quinta-feira (30.11) em Abidjan, na Costa do Marfim, após dois dias de consultas em redor, sobretudo, de um tema: a migração em massa de jovens africanos decididos a encontrar um futuro melhor no continente europeu.

Para a Europa tratou-se de encontrar soluções urgentes para um tema político altamente sensível nos países do norte, que já teve o condão de afetar as políticas nacionais. Para a África tratou-se de obter o máximo apoio possível da UE na tentativa de criar perspetivas para os jovens num continente que não tem emprego para a população crescente.

Operação de resgate

Libyen Flüchtlinge in Sabratha
Calcula-se em até 700.000 o número de migrantes africanos na LíbiaFoto: Reuters/H. Amara

À margem da cimeira, uma série de países acordou um plano para resgatar de imediato um total de 3800 vítimas de tráfico humano da Líbia. Notícias recentes davam conta de vendas em hasta pública de refugiados africanos escravizados naquele país, alertando para a total falta de proteção das vítimas de bandos criminosos. As evacuações de emergência deverão ser iniciadas nos próximos dias e envolvem, sobretudo, a repatriação dos refugiados numa base voluntária. Só aqueles que necessitam de proteção especial serão levados para terceiros países.

Centenas de milhares de africanos atravessam o deserto do Saara numa tentativa de chegar à Europa via o Mediterrâneo. O número de africanos atualmente encalhados na Líbia é calculado em até 700.000. A situação é considerada alarmante pelos governos dos países africanos. No final da cimeira o anfitrião e Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse a propósito da situação: "A condenação dasatrocidades cometidas contra africanos na Líbia foi unânime. Elas não passarão impunes. Estas atrocidades são cometidas por traficantes eles próprio africanos, que têm que ser punidos".

Falta de progresso

Libyen Falle für Flüchtlinge
As condições de vida dos refugiados na Líbia são terríveisFoto: picture alliance/AP Photo/D. Etter

Na resolução final da cimeira, a UA e a UE prometem estreitar a cooperação em quatro áreas chave, nomeadamente a segurança, desenvolvimento sustentável, investimentos na educação e a migração. Este último aspeto foi sublinhado pelo Presidente francês Emmanuel Macron: "Acima de tudo temos que elaborar um plano de ação de curto, médio e longo prazo entre a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidos para pôr cobro ao tráfico humano. Temos que tomar medidas concretas, que vamos discutir com a Organização Internacional de Migração, a UA e todos os países europeus".

Organizações não governamentais criticaram a falta de progresso real nas duas questões centrais desta cimeira: um acordo entre a África e a Europa sobre a migração e os acordos de parceria económica, apontados por muitos Estados africanos como nocivos aos seus interesses.

30.11 UE UA cimeira - MP3-Mono

Uma cimeira inútil?

Kadidja Koné, representante em Abidjan da organização de assistência Pão para o Mundo, duvida da utilidade prática do encontro. Ao contrário do que sempre acontece nestes certames, desta vez os representantes da sociedade civil nem tiveram acesso à cimeira: "Foi um encontro para os governantes, inútil para as comunidades. Penso que não estavam nada preocupados com as populações", disse Kandidja à DW.

Pelo contrário. Em Abidjan a polícia encerrou sem dar explicações o habitual encontro alternativo das ONGs. Uma bofetada na cara da democracia, como diz Kadidja Koné.