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África reticente quanto aos progressos sobre mudanças climáticas

8 de junho de 2011

Países representados na trigésima quarta reunião preparatória da conferência da ONU sobre mudanças climáticas marcada para Durban, estão reticentes quanto aos progressos a ser conseguidos para a África.

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Reunião preparatória em Bona, à Conferencia da ONU sobre as mudanças climáticas em Durban, marcada para 17 de JunhoFoto: DW

Pouco depois do arranque em Bona da trigésima quarta reunião preparatória da conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, que se irá realizar em Durban, na África do Sul, os cerca de 40 países africanos presentes no evento estão reticentes quanto aos progressos que poderão conseguir para o continente no final do encontro no dia 17 de junho.

A reunião de Bona não está a correr tão bem para os africanos, como eles esperavam. O encontro que começou no dia 6 e se prolonga até ao dia 17 de junho é uma espécie de ensaio geral para a COP 17 – Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas em Durban. O Chefe do grupo africano Tosi Mpanu, sublinha que as preocupacoes dos países africanos não estão a ser levadas em conta. “Submetemos agendas com temas que consideramos importantes para serem discutidos aqui em Bona. Mas constatamos que os assuntos que consideramos vitais foram retirados da discussão em detrimento de outros pontos que não consideramos importantes. Então temos perdido muito tempo a discutir as agendas da reunião em vez de nos focarmo-nos nos pontos mais importantes”.

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África reticente aos progressos para o continente sobre os resultados da reunião de Durban concernente às mudanças climáticasFoto: DW

Uma mão cheia de problemas

Desertificação, cheias, secas, perda de culturas agrícolas, aumento da temperatura, erosão costeira e escassez de água são algumas das preocupações apresentadas pelos cerca de 40 países africanos representados em Bona. Segundo Tosi, o continente paga por algo para o qual pouco contribui. “África emite apenas 4 por cento do gases com efeito de estufa produzidos no mundo, mas somos os mais vulneráveis. Por isso gostaríamos de ver questões como a adaptação a essas mudanças a serem discutidas,” acrescentou o chefe do grupo africano.

UN Klima Konferenz Bonn
Frau Christiana Figueres, a secretária executiva das Nações Unidas para as mudanças climáticasFoto: DW

Na abertura deste encontro, Christiana Figueres, a secretária executiva das Nações Unidas para mudanças climáticas afirmou que a adaptação às mudanças climáticas deveria ser a prioridade dos países africanos. “O grupo de países africanos vai trabalhar arduamente para ajudar na criação de novas ideias sobre como podemos avançar na melhoria do problema. Uma das prioridades para os países africanos é a adaptação às mudanças climáticas e eles estão engajados também em todas as outras discussões, mas claro que a adaptação é o principal foco para eles”, disse Christiana Figueres.

Adaptar-se às alterações climáticas é a meta

Adaptação às mudanças climáticas tem sido o ponto mais importante da comitiva que representa São Tomé e Príncipe nestes 11 dias de discussões. O país que já tem sentido os feitos das alterações climáticas com a crescente erosão costeira devido ao aumento do nível do mar, variação da pluviosidade e desertificação, tem através do plano nacional de adaptação traçar as estratégias para se adaptar as mudanças. “A adaptação que é uma das componentes fundamentais que estamos aqui a negociar é a base fundamental para tentarmos ultrapassar a situação. Praticamente ao nível dos países em vias de desenvolvimento estamos também no bom caminho. Estamos também bastante avançados em relação inclusive a outros países em via de desenvolvimento”, disse Arlindo Carvalho, Diretor do ambiente de São Tomé e Príncipe.

Na Guiné-Bissau, assim como nos outros países africanos, os efeitos também são sentidos. E é no sector produtivo da economia que mais se percebe os efeitos das mudanças climáticas, com o aumento da temperatura, escassez de água e muita variação no volume de chuvas. Viriato Cassamá, da secretaria de Estado guineense para o Ambiente e Desenvolvimento sustentável disse que arrancou no país há duas semanas, um projeto na vertente hídrica e agrária para beneficiar as zonas mais afetadas pelas mudanças climáticas no país. “Este projeto foi financiado pelo fundo dos países menos avançados, no valor mais ou menos de 4.700 milhões de dólares. Com este projeto vamos conseguir fazer face em parte as inclemências do clima pelo menos nesses dois grandes sectores estratégicos para economia nacional”, afirma Viriato Cassamá.

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Banco Mundial em WashingtonFoto: ullstein - Giribas

Dar prioridade a África

Segundo um enviado Especial do Banco Mundial no evento, Andrew Steer, é preciso que na próxima conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas a ser realizada em Durban, a África seja prioridade.

Durante a 34ª reunião preparatória das Nações Unidas sobre mudanças climáticas os mais de três mil participantes de 183 países pretendem começar a traçar metas concretas para o combate as alterações climáticas de forma a se atingir as metas pré-estabelecidas em Cancun, no México para limitar o aquecimento global a 2 graus Célsius.

Há duas semanas, a Agência Internacional de Energia tinha anunciado que a emissão de gases responsáveis pelo efeito de estufa vindos do sector energético bateu um recorde histórico em 2010 comprometendo as metas estabelecidas, caso medidas não sejam tomadas pelos países emissores de gases com efeito de estufa.

Autor: Edlena Barros / António Rocha

Revisão : Helena de Gouveia