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Governo

21 de julho de 2010

Mesmo sendo lembrada da série de problemas que enfrenta, Angela Merkel mostrou-se bem disposta em entrevista coletiva à imprensa, concedida tradicionalmente antes do recesso de verão na Alemanha.

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Foto: AP

Fazendo questão de transparecer calma e cordial, Angela Merkel falou à imprensa alemã nesta quarta-feira (21/07), antes do início do recesso parlamentar do verão europeu. A chanceler federal alemã respondeu questões relacionadas à crise econômica, contenção de gastos e aos primeiros meses da coalizão de governo.

Apesar dos terríveis índices de popularidade – se as eleições fossem realizadas nesta semana, a União Democrata Cristã (CDU, do alemão), partido de Merkel, e o Partido Liberal Democrático (FDP), com quem forma a coalizão de governo, receberiam 34% dos votos no país – Merkel fez questão de insistir em um "balanço positivo" desses primeiros 10 meses de governo.

Segundo ela, Berlim criou condições para a recuperação da economia após a crise. "Sou otimista e acho que vamos conseguir. Hoje, temos uma situação que é vista internacionalmente quase como um milagre, de um mercado de trabalho que está até melhor do que antes da crise", salientou.

Merkel anunciou ainda que o governo alemão irá se concentrar na área de educação, dando atenção especial à pesquisa e a investimentos em recursos humanos.

"Estaremos muito ocupados nos próximos meses", disse ela. O que de fato procede: a reforma do sistema de saúde terá que ser implementada e uma nova política energética planejada – inclusive em relação à incômoda questão da prorrogação do funcionamento das usinas nucleares. Outras questões, como o pagamento de benefícios sociais para pais e os altos custos do serviço militar alemão também estão na pauta da chefe de governo.

Coalizão em guerra

O principal interesse dos jornalistas reunidos em Berlim foi, contudo, o atual estado da coalizão que governa o país, cujos partidos, nos últimos meses, apresentaram divergências explícitas. "Acredito que a coalizão tenha se alinhado um pouco mais agora", garantiu Merkel, sem, no entanto, esconder certa hesitação: "Não posso prometer que não vá haver mais discussão", disse ela.

Wolfgang Schäuble CDU Rainer Brüderle FDP schlechte Laune
Wolfgang Schäuble (CDU) e Rainer Brüderle (FDP): divergênciasFoto: picture alliance/dpa

O mais recente pomo de discórdia no governo foi o plano de contenção de gastos nos diversos ministérios, que deveria ter sido assinado, selado e despachado há algumas semanas. No entanto, na última terça-feira, o ministro da Economia, Rainer Brüderle, levantou uma minirrevolta dos ministros do FDP, contra o ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, por sua vez da CDU, conclamando por revisões do programa de cortes nos orçamentos. Schäuble teria ficado furioso.

Na manhã desta quarta-feira, Brüderle articulou de forma mais discreta suas intenções iniciais, afirmando ter havido um acordo em relação à redução de gastos: "Iremos aderir, mas ele terá que ser implementado de forma inteligente", justificou o ministro.

"No dia em que os resultados do encontro sobre o orçamento ficaram claros, sabíamos que haveria procedimentos legislativos. E sabíamos que esses procedimentos provocariam obviamente debates e que isso logicamente significa que há visões diferentes", argumentou Merkel.

Governadores deixaram o barco

Merkel comportou-se de forma semelhante quando foram mencionadas as recentes saídas dos governadores de seu partido. Ole von Beust, o popular prefeito de Hamburgo, disse no último domingo (19/07) que deixaria o cargo. Ele foi o sexto político da CDU que deixa um posto de primeira linha nos últimos 12 meses.

Merkel há havia perdido aliados nos cargos de governador da Turíngia, de Baden-Württemberg, da Baixa Saxônia, de Hessen e da Renânia do Norte-Vestfália. Vários destes, inclusive Von Beust e o novo presidente alemão, Christian Wulff, eram considerados aliados pessoais da premiê.

Merkel afirmou lamentar todas essas saídas, demonstrando o conhecimento de que isso representa uma mudança substancial para seu partido. Mesmo assim, a chanceler federal não deu o braço a torcer, não afirmando que as mudanças tenham sido para pior, nem que a saída dos governantes tenha enfraquecido sua posição.

Questionada sobre um possível fim de seu governo, a chanceler federal simplesmente respondeu: "Decido cada coisa a seu tempo. No momento, você pode ter certeza de que irá me ver aqui depois das férias".

Autor: Ben Knight (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer