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Águas baixam, ações sobem

Daniel Wortmann (sm)21 de agosto de 2002

A catástrofe das enchentes prejudica a economia alemã. No entanto, alguns setores tiram proveito da desgraça.

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Ruínas de uma casa perto de Dresden: empreiteiras de olho na reconstrução do leste alemãoFoto: AP

O setor de construção é o centro das atenções no mercado financeiro alemão. Os altos investimentos necessários para a recuperação da infra-estrutura e construção de edifícios novos abrem perspectivas de aumentar o faturamento. Empreiteiras como a Hochtief e a Bilfinger Berger chegaram a alcançar altas de mais de 20% nos últimos dias. A empresa de recapeamento Strabag, também em alta, tem grande ambição de ser encarregada da reconstrução viária das regiões inundadas no leste da Alemanha.

Otimismo sem exageros

As enchentes impulsionaram o setor de construção, em crise há muito tempo. Em entrevista à DW-WORLD, Michael Grömling, do Instituto da Economia Alemã de Colônia, advertiu – no entanto – que não se deve superestimar esta tendência: "Não podemos esquecer que os estragos dificilmente poderão ser reparados por um único setor". Além disso, segundo avalia o gerente de fundos da Activest, é possível que a maioria dos contratos sejam fechados com médias empresas do leste alemão. "Grandes empresas só serão encarregadas de projetos mais complexos de infra-estrutura" – prevê Müller.

O setor de construção não é o único atingido por esta onda de otimismo. As ações da fornecedora de tecnologia ferroviária Vossloh subiram mais de 10%, diante da urgente necessidade de consertar e reconstruir trechos de ferrovias destruídas pelas enchentes. Só no estado da Saxônia, cerca de 538 quilômetros foram danificados ou parcialmente destruídos pelas águas.

Descontos em vez de exploração

As fábricas de móveis e os distribuidores de material de construção também contam com o aumento da demanda. Para desmentir que estariam se aproveitando da desgraça alheia, as lojas de material de construção reduziram seus preços até 20%.

Ainda é impossível prever as consequências definitivas das enchentes e avaliar perdas e ganhos. "A onda de enchentes ainda não passou" – lembra Michael Grömling, do Instituto da Economia Alemã. E ainda pode demorar até as consequências se tornarem visíveis. "É preciso esperar que os efeitos positivos se concretizem em encomendas e contratos."

Peritos aconselham moderação

O gerente de fundos da Activest, Stefan Müller, também faz um prognóstico semelhante, sobretudo quanto aos contratos com o âmbito público: "O investimento das verbas pode demorar até seis meses." Müller avalia a situação com um certo ceticismo: "Não dá para saber se as altas evidenciadas agora vão corresponder de fato às expectativas de lucro". É possível que a atual situação contribua para a redescoberta de ações interessantes, mas – a longo prazo – a avaliação das ações vai continuar dependendo de fatores mais genéricos, como o desenvolvimento da conjuntura.