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"007 alemão" começa a ser julgado por sonegação de impostos

26 de setembro de 2016

Werner Mauss é acusado de desviar 15 milhões de euros do fisco por meio de contas não declaradas no exterior. Ele afirma que o dinheiro depositado não é dele, mas de uma associação secreta que financiava suas missões.

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Werner Mauss
Foto: picture-alliance/U. Baumgarten

A Justiça da Alemanha deu início nesta segunda-feira (26/09) ao julgamento do ex-agente secreto Werner Mauss, de 76 anos, que durante décadas participou de operações secretas em várias partes do mundo. Ele é acusado de sonegar 15 milhões de euros.

O julgamento ocorre num tribunal em Bochum, no noroeste do país. Promotores acusam o ex-agente de, entre 2003 e 2015, não ter declarado os rendimentos de cerca de 40 milhões de euros depositados em contas no exterior – Bahamas, Luxemburgo e Liechtenstein – sob nomes falsos.

No primeiro dia do julgamento, Mauss se apresentou usando uma jaqueta do tipo parka, com o rosto coberto por um capuz. A próxima audiência está marcada para 4 de outubro.

As suspeitas sobre Mauss surgiram quando autoridades do estado da Renânia do Norte-Vestfália tiveram acesso a um CD com dados de clientes do banco suíço UBS. Mais tarde, o nome do ex-agente alemão também foi citado nos chamados Panama Papers – escândalo mundial sobre o uso de empresas para esconder dinheiro, que veio à tona em abril deste ano.

Mauss nega as acusações de fraude fiscal e argumenta que apenas administrava os valores depositados nas contas, que não seriam dele, mas de uma associação secreta. O dinheiro era usado para financiar as suas missões para organizações humanitárias, incluindo a libertação de reféns.

Agora, cabe à Justiça alemã determinar se o ex-agente manejava esse milhões com objetivos humanitários, como a defesa alega, ou se se trata de um caso de evasão fiscal, como afirma a acusação. Se considerado culpado, ele pode ser condenado a até dez anos de prisão.

Apelidado de "007 alemão" ou "James Bond alemão", Mauss é considerado uma lenda viva da espionagem alemã, tendo participado de operações arriscadas mundo afora – de mediações de libertação de reféns a casos relacionados com redes terroristas, guerrilheiros e tráfico de drogas. Durante muitos anos, seu rosto não era conhecido, o que lhe valeu a alcunha de "fantasma". A primeira foto conhecida dele é de 1983.

Estima-se que ele tenha contribuído para a prisão de cerca de 2 mil criminosos em todo o mundo e salvado a vida de mais de 40 pessoas. Em 1996, Mauss chegou a ser preso na Colômbia após mediar a libertação de uma cidadã alemã sequestrada pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo maior grupo guerrilheiro do país, mas foi depois absolvido das acusações.

EK/dw/dpa/efe/afp