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História

1958: Armas nucleares para a Bundeswehr

Petra Kohnen

No dia 25 de março de 1958, o governo alemão deliberou que as Forças Armadas receberiam armas nucleares. O tema foi motivo de muita polêmica em todo o país.

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Três aviões militares estacionados em base aérea
Base aérea de Büchel, na AlemanhaFoto: picture-alliance/ dpa

A decisão foi justificada por Konrad Adenauer, então chefe de governo alemão, com a política expansionista da União Soviética. A resolução havia sido apresentada pelos três partidos no governo: União Democrata Cristã, União Social Cristã e Partido Alemão.

Adenauer alegou que "enquanto o chefe de Estado e de Partido Nikita Kruchov tiver a intenção de destruir a unidade do Ocidente, é dever da Alemanha e seus aliados fazer de tudo para manter essa unidade política e militar".

O político alemão democrata-cristão ressaltou que, no dia 22 de janeiro de 1958, Kruchov havia admitido publicamente que seu país dispunha de tecnologia para atingir qualquer ponto do planeta através de mísseis armados com ogivas nucleares. "Quem quer garantir a paz, precisa equiparar-se ao poder militar soviético", argumentou Adenauer.

Ameaça soviética

O então ministro da Defesa, Franz Josef Strauss, ressaltou no plenário do Parlamento que os submarinos nucleares soviéticos pretendiam, com seu avançado sistema de armamentos, eliminar os aliados ocidentais e depois arriscar uma guerra com os Estados Unidos.

"Não tememos armas nucleares nas mãos dos norte-americanos, dos britânicos, nem de nenhum país democrático. Poderíamos prescindir deste tipo de armas para sempre, mas temos medo do potencial nuclear soviético, por causa de sua política agressiva", argumentou o ministro Strauss.

A oposição estava chocada. Depois de quatro dias de acalorados debates no Bundestag, o deputado Gustav Heinemann, do Partido Social Democrata (SPD), acusou o governo alemão de acoplar a questão armamentista nuclear à filiação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Podemos continuar na Aliança, mesmo sem armas nucleares", afirmou o deputado Heinemann.

Resistência, também, da sociedade civil. A Igreja e os sindicatos protestaram contra as intenções do governo. No dia da votação, milhares de trabalhadores paralisaram suas atividades em forma de protesto.

Pura ignorância, criticou Strauss: "A população foi enganada com a informação de que assumiríamos armamentos americanos ou britânicos, mas na realidade estamos seguindo apenas uma determinação tomada em conjunto na Otan".

Segurança coletiva

A estratégia conjunta de defesa da organização previa tarefas a serem cumpridas por todos os membros, do Canadá à Turquia, para garantir a segurança coletiva. Com o propósito de evitar uma nova guerra, a conferência de cúpula da aliança militar ocidental, em dezembro de 1957, em Paris, havia decidido colocar armas nucleares à disposição das Forças Armadas nos países europeus. A guarda e seu uso, entretanto, seriam de responsabilidade dos EUA.

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