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HistóriaRepública Tcheca

1968: Dubcek eleito líder do Partido Comunista tcheco

Ralf GeißlerPublicado 5 de janeiro de 2015Última atualização 5 de janeiro de 2022

Em 5 de janeiro de 1968, Alexander Dubcek é nomeado 1º Secretário do Partido Comunista tcheco. O reformista despertou em seus compatriotas a esperança de vencer a luta contra o autoritarismo do regime vigente.

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Alexander Dubcek
Dubcek durante a Primavera de Praga, em 1968Foto: Libor Hajsky/CTK/picture alliance

Nenhum comunista do Leste Europeu jamais havia alcançado tão rápido prestígio quanto Alexander Dubcek. Em 5 de janeiro de 1968, o Comitê Central dos comunistas tchecos o nomeou chefe do partido. Com a meta de democratizar o país, ele não tardou a abolir a censura e reduzir o poder do Serviço de Segurança do Estado.

O historiador Michal Reimann lembra da sensação de poder expressar-se livremente, viajar, ler tudo o que se quisesse. E poucas semanas após a nomeação de Dubcek, o povo o aclamava nas ruas, sem ter recebido ordens do Partido neste sentido.

Intelectuais contra a censura

Os tchecos estavam insatisfeitos com seu líder anterior, Anton Novotny. Em junho de 1967, os escritores já haviam se rebelado publicamente em Praga contra o então presidente e chefe do PC. Durante um congresso, eles leram uma carta do escritor russo Alexander Soljenitsin criticando a censura e a situação política.

Em seguida, atacaram a posição oficial do partido em relação à guerra entre árabes e israelenses. O secretário do PC, Jiri Hendrych, ficou furioso, abandonando o congresso com insultos: "Agora vocês, escritores, estragaram tudo de vez!"

Candidato de ortodoxos e reformistas

A "desestalinização" da então Tchecoslováquia começara tarde demais e escapava agora ao controle do Partido Comunista. Vários intelectuais começaram a examinar criticamente o passado stalinista da nação.

O Comitê Central de Novotny estava dividido: de um lado, os que queriam ceder à pressão dos intelectuais e exigiam mais garantias democráticas; do outro, os comunistas da linha dura. Ambos concordavam, no entanto, que o velho chefe de partido não solucionaria o conflito.

Novotny deixou até de contar com o apoio de seus antigos amigos. Ao pedir ajuda a Moscou, a situação já estava complicada demais. Os russos tentaram salvar o político tcheco, mas sem muita convicção.

Após muitas marchas e contramarchas, as duas facções do PC elegeram em 5 de janeiro o eslovaco Alexander Dubcek, de 47 anos, seu primeiro-secretário. Tanto pró-democratas como ortodoxos acreditavam poder influenciá-lo, vendo nele uma figura fácil de manipular. Mas o novo líder provou ser um eficiente reformista.

Fim da Primavera de Praga

Até que, oito meses mais tarde, as tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a capital tcheca, dando fim à "Primavera de Praga". Dubcek permaneceu no cargo. Um ano após a entrada dos tanques, tchecos e eslovacos voltaram a bradar seu nome pelas ruas, mas desta vez o político de tendências democráticas os desapontaria totalmente. As manifestações foram reprimidas com violência e, na qualidade de presidente do Parlamento, Dubcek teve que assinar uma lei anti-Dubcek.

Quer ele tenha agido sob a pressão da União Soviética, quer por ganância de poder, o fato é que os tchecos jamais perdoaram Alexander Dubcek. Depois de 1989, eles o acusaram de ter permanecido um comunista ortodoxo e de nunca ter conseguido um avanço real. Só para a Europa Ocidental, o promissor reformista permaneceu um herói, mesmo após sua morte, em março de 1992.