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30 anos de lucrativas relações com a China

ef11 de outubro de 2002

Com um ato no Monumento do Milênio, em Pequim, foram encerrados, nesta sexta-feira (11), os festejos de quase duas semanas dos 30 anos de relações teuto-chinesas, lucrativas para os dois lados.

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Alemães tiveram papel importante na modernização do Exército chinêsFoto: AP

Quando ataram relações diplomáticas, em outubro de 1972, a Alemanha estava no início da política de distensão com o Leste Europeu, comunista, e a China encontrava-se em plena revolução cultural. Nesse meio tempo, a Alemanha é o maior parceiro comercial da China na Europa e também o maior investidor europeu em terras chinesas. O volume do comércio bilateral em 2001, no valor de 23,5 bilhões de euros, foi 90 vezes maior do que era 30 anos atrás.

O país asiático é também o maior receptor de ajuda alemã ao desenvolvimento. Aproximadamente 12 mil chineses estudam nas universidades alemãs, mas é muito pequeno o interesse de cientistas alemães numa estada na China.

Politicamente, sempre houve dissonâncias nas relações com o regime comunista de economia aberta para o capital estrangeiro. Mas há uma crescente distensão nos últimos tempos, graças, sobretudo, ao intercâmbio cultural e a um diálogo sobre o Estado de direito.

Sem estorvo do nazismo

O desenvolvimento das relações teuto-chinesas não chegou a ser afetado pela hipoteca do passado alemão. A imagem da Alemanha na China não é impregnada pelos crimes nazistas, mas pelo seu desenvolvimento cultural, técnico e econômico depois da Segunda Guerra Mundial.

Já no século 19, firmas alemãs forneceram as primeiras locomotivas para a China. Nos anos 30, conselheiros militares alemães tiveram um papel importante na modernização do Exército chinês, no governo do general Chiang Kai-Chek. Foram militares alemães que ordenaram o cêrco do quartel-general de Mao Tsé-tung, praticamente dando o ensejo para a famosa Longa Marcha. Por incumbência da Internacional Comunista controlada por Moscou, comunistas alemães exerceram grande influência durante algum tempo no Partido Comunista da China.

Lógica do inimigo

Após a criação da República Popular da China, em 1949, as relações com a Alemanha foram condicionadas, inicialmente, pela Guerra Fria. A jovem República Democrática Alemã (RDA) atou, primeiramente, relações diplomáticas com a China. Isso só possível para a República Federal da Alemanha (RFA) depois da virada espetacular da política dos Estados Unidos, com a visitas a Pequim do futuro Secretário de Estado, Herry Kissinger (1971), e do presidente Richard Nixon, em 1972.

No auge da confrontação entre o Ocidente e os Estados do Pacto de Varsóvia, foram feitos os primeiros contatos com os amaldiçoados comunistas chineses liderados por Mao Tsé-tung, sob a lógica "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Afinal, o conflito entre os dois ex-Estados irmãos comunistas - União Soviética e China – havia chegado ao ponto de ambos se armarem um contra o outro, em 1969.

Willy Brandt vacila

A lógica do inimigo combinou também com as primeiras tentativas de aproximação dos chineses por parte de políticos alemães de oposição. Estes, assim como o governo em Pequim, observavam com desconfiança a política de distensão com a União Soviética praticada pelo governo social-liberal de Willy Brandt. Mao enviou o jornalista Wang Shu à RFA não como correspondente, mas como diplomata para fazer as primeiras sondagens sobre possibilidades de atar relações diplomáticas com o Estado alemão capitalista. Willy Brandt vacilou inicialmente, temendo arriscar sua política de aproximação com o bloco comunista. Mas depois que o enviado de Pequim, Wang, encontrou-se com o ministro alemão das Relações Exteriores, Walter Sheel, um acordo foi alcançado rapidamente.

As relações teuto-chinesas tiveram uma fase de grande euforia com a política de abertura de Deng Xiaoping, no final dos anos 70. A abertura cautelosa do maior mercado em potencial da Terra prometia grandes acordos econômicos com lucros igualmente enormes. Mas, no início dos anos 80, o lado chinês suspendeu uma série de grandes projetos, gerando grande desilusão entre os alemães. Estes tiveram de aprender que a economia chinesa não se desenvolvia constantemente, mas em ciclos alternados de superaquecimento e amortecimento, determinados pelo Estado. Ainda assim, o comércio e as relações entre os dois países desenvolveram-se de forma constante.

Massacre na Praça da Paz Celestial

As relações com a China tiveram uma fase tempestuosa com o esmagamento do movimento democrático chinês, em 1989, quando tanques do Exército Popular cometeram um massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989. No ano seguinte, a Alemanha restabeleceu sua ajuda ao desenvolvimento, mas a atmosfera permaneceu fria até que o ministro alemão da Economia, Jürgen Möllemann, visitou Pequim, em 1991.

O governo alemão quebrou totalmente o gelo e deu um grande impulso nas relações teuto-chinesas, em 1993, com uma nova iniciativa para a Ásia, em cujo documento apontou grandes chances de negócios na região e incentivou políticos e empresários alemães a se engajarem mais também na China. Em meados da década de 90, os dois países estabeleceram um diálogo sobre o Estado de direito. A meta alemã é defender os direitos humanos na China e influenciar em reformas democráticas no país comunista.