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A diferença entre Blair e Schröder

Michael Knigge (sv)25 de maio de 2005

Blair e Schröder pretendiam reformar a social-democracia européia. William Paterson, especialista britânico, explica por que Blair conseguiu ganhar três eleições e Schröder vê sua carreira ameaçada de chegar ao fim.

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Políticas semelhantes, resultados diversosFoto: AP

DW-WORLD: No dia 8 de junho de 1999, Tony Blair e Gerhard Schröder publicaram o documento "Rumos da Democracia-Social na Europa", no qual pretendiam modernizar seus respectivos partidos utilizando termos como "novo centro" e "terceira via". Seis anos depois, Blair comemora sua terceira vitória nas urnas, enquanto Schröder certamente deixará o governo dentro de poucos meses. O que Blair fez certo e Schröder errado?

William Paterson: Em primeiro lugar, e isso é muito importante, Blair teve um ponto de partida muito mais confortável. O Partido Trabalhista já estava de uma forma ou de outra modernizado, quando ele assumiu sua liderança. Em segundo lugar, a situação econômica no Reino Unido era melhor do que a da Alemanha, quando Schröder assumiu o poder. Acredito que os dois pontos são os seguintes: Blair é um primeiro-ministro pós-Thatcher. Quase tudo já havia sido resolvido antes de sua posse e as condições econômicas eram muito melhores. Já Schröder herdou uma situação na qual as reformas domésticas ainda não haviam sido feitas e num momento de economia enfraquecida.

As posições de Tony Blair em relação à Guerra do Iraque foram muito controversas e impopulares, enquanto a oposição de Schröder foi apoiada pela maioria da população alemã. Por que Blair conseguiu, mesmo assim, vencer as eleições, e Schröder não?

Há duas razões: primeiro, para a população, a política interna e especialmente a política econômica são muito mais importantes do que a política externa. O fato de a situação econômica no Reino Unido ser relativamente boa levou Blair à vitória nas urnas. Além disso, os conservadores britânicos ainda continuam muito impopulares. No caso de Schröder, sua política para o Iraque contribuiu para sua vitória em 2002, mas esta fase não foi duradoura. E o fato de os índices de desemprego ainda serem tão altos na Renânia do Norte-Vestfália é muito doloroso. O alto desemprego é também um ponto de partida negativo para as próximas eleições no segundo semestre deste ano.

Blair und Schröder
Foto: dpa

Tanto Schröder quanto Blair queriam reformar seus partidos. No entanto, as etiquetas New Labour e Novo Centro não são mais bem vistas pelos respectivos partidos. Poderia comparar o Partido Trabalhista no Reino Unido e o SPD (Partido Social Democrata) na Alemanha hoje?

Todos os dois estão em uma situação ruim. O Partido Trabalhista perdeu muitos membros. Por outro lado, Blair deixará o governo dentro dos próximos 18 meses e seu sucessor, Gordon Brown, já está definido. Blair conta ainda com o bônus de que os conservadores continuam impopulares e desacreditados, porque Blair simplesmente ocupou todas as posições que um partido conservador normal ocuparia. Schröder, por sua vez, não tem um sucessor óbvio. Ainda não está claro como a política interna do SPD vai ficar. Schröder se sobressai de tal forma entre seus companheiros de partido, que não se pode dizer o que vai acontecer se ele – como esperado – perder as próximas eleições.

O senhor se surpreendeu com o anúncio de novas eleições feito por Schröder? Acredita que ele tem ainda uma chance de vencer?

Eu fiquei supreso, mas, na verdade, ele teria que dar este passo por se encontrar em uma situação nitidamente frágil e, em comparação ao Partido Trabalhista no Reino Unido, contando com uma maioria muito estreita para governar. Havia o perigo de o governo se desestruturar e cair num caos. Essa foi a resposta de Schröder a este perigo. Foi uma atitude bem calculada, para proteger seu legado como o chanceler das reformas.

Se ele pode ganhar as eleições? No caso de quase todos os outros políticos eu diria: de jeito nenhum! Considero improvável, mas acho que Schröder está sempre surpreendendo, como se pôde notar na campanha eleitoral de 2002. Em qualquer outro país do mundo, o SPD perderia esta eleição, mas Schröder é muito hábil em campanhas eleitorais. Mesmo assim, acredito que é bastante provável que ele perca.

O que Gerhard Schröder pode aprender com Tony Blair?

Os dois se entendem muito bem e se vêem com freqüência, mas Schröder pode aprender pouco com Blair. O que ele talvez poderia aprender é encontrar um Gordon Brown. O que ajudou incrivelmente Blair foi ter um ministro que cuidava com sucesso das finanças e da política econômica. Não vejo um equivalente no cenário político alemão neste sentido.