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Fé na Alemanha

21 de maio de 2009

Congresso da Igreja Protestante em Bremen desperta reflexão sobre a fé na Alemanha. Qual a situação da religião no país berço da Reforma, onde nasceu Bento 16 e onde o partido da chefe de governo se denomina "cristão"?

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Diminui número de filiados a paróquias na AlemanhaFoto: dpa - Bildarchiv

Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se na Alemanha uma tendência que prossegue até hoje: a influência das duas grandes Igrejas é cada vez menor. Até a década de 1950, quase todos os alemães na República Federal da Alemanha professavam uma fé: na época, 50% se diziam protestantes e cerca de 45%, católicos.

Já na República Democrática Alemã (RDA), os números de membros nas paróquias diminuíram, em consequência da doutrina ateísta propagada pelo regime comunista (1949-1990).

Especialmente rápida foi a queda do número de protestantes, tradicionalmente maioria no leste da Alemanha. Em 1987, a parcela de ateus superava 11% na então Alemanha Ocidental (RFA), enquanto na RDA girava em torno de 70%. Com a migração de muçulmanos para a RFA, surgiu mais um grande grupo religioso no país. Até a reunificação alemã, em 1990, os muçulmanos perfaziam cerca de 3% entre as comunidades religiosas no oeste alemão.

Católicos, protestantes, judeus e muçulmanos

Zwei Wegweiser zeigen in entgegengesetzte Richtungen den Weg zur Kirche - nach links zu einer evangelischen und nach rechts zu einer katholischen Kirche,
Para a esquerda, luterana, à direita, católicaFoto: dpa

A reunificação fez com que crescesse repentinamente o número de pessoas que não professa fé religiosa. Em 1990, sua cota atingiu 22% na Alemanha. Em contrapartida, com cerca de 31% cada, a parcela de católicos e protestantes caíra para menos de dois terços da população, ou seja, 25 milhões de fiéis em cada uma das Igrejas.

Nos anos seguintes, aumentou levemente a quantidade de católicos. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que não professa nenhuma fé aumentou para 32,5%, ou seja, uma cota maior do que a de protestantes.

Também o número de muçulmanos continua crescendo, tendo ultrapassado os 3,5 milhões, o que representa 4% da população. Esta cifra é apenas aproximada já que, ao contrário da filiação formal nas Igrejas cristãs, não há números oficiais sobre fiéis muçulmanos. Na Alemanha existem 200 mil judeus (0,24%), dos quais a metade faz parte de comunidades judaicas.

Imposto descontado na fonte

A peculiaridade da fé na Alemanha é que a filiação a uma Igreja implica o desconto de 8-9% sobre o imposto salarial, direto na folha de pagamento. Este mecanismo já havia sido previsto na Constituição da República de Weimar (1919-1933) e foi adotada pela Lei Fundamental alemã.

Symbolbild Religion Moschee und Kirche
Cruz e meia-luaFoto: Fotomontage/AP/DW

Segundo os dados mais recentes disponíveis, a Igreja Católica arrecadou, em 2007, 4,8 bilhões de euros na Alemanha. Para a Igreja Protestante, foram 4,2 bilhões de euros.

Igreja e Estado cooperam também no que diz respeito à educação infantil, seja em forma de jardins-de-infância, escolas fundamentais, aulas de religião ou o acompanhamento espiritual de soldados. Este tipo de cooperação começa a ser desenvolvido também com comunidades muçulmanas.

Ser da Igreja, mas não ir à igreja

Ser membro de uma comunidade e professar uma crença religiosa não é a mesma coisa: também há ateus que pagam imposto religioso e fiéis não pagantes. Um estudo feito em 2006 pela Igreja Evangélica da Alemanha revelou que 20% dos não-filiados a alguma paróquia costumam rezar de vez em quando. Já 33% dos oficialmente filiados admitem que não rezam.

No início da década de 1950, 52% dos católicos e 13% dos protestantes costumavam frequentar o serviço religioso todos os domingos. Hoje em dia, apenas 23% dos católicos e 8% dos protestantes vão regularmente à igreja.

Os laços dos fiéis com sua Igreja costumam manifestar-se de forma mais intensa em ocasiões como o batismo, comunhão, crisma, confirmação, casamento e enterro, embora os números de batizados e casamentos venham diminuindo drasticamente na Alemanha.

Autor: Jochen Vock
Revisão: Augusto Valente