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A importância do Estreito de Ormuz para o petróleo mundial

14 de maio de 2019

Alguns incidentes misteriosos no Estreito de Ormuz bastam para fazer soar os alarmes nas potências regionais. Por esse caminho marítimo passa quase um quinto da produção mundial de petróleo.

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O Estreito de Ormuz visto do altoFoto: picture-alliance/dpa/NASA/The Visible Earth

O preço do petróleo do tipo brent passou repentinamente da marca de 70 dólares por barril no início desta semana. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Na segunda-feira (13/05), a Arábia Saudita comunicou que dois de seus navios petroleiros foram avariados em ataques de sabotagem, sem fornecer mais detalhes. No domingo, os Emirados Árabes Unidos já haviam comunicado que quatro navios-tanque tinham sido sabotados.

Estes atos teriam ocorrido em dois petroleiros sauditas, um norueguês e um cargueiro dos Emirados estacionados no porto de Fujeira, nas proximidades do Estreito de Ormuz. Imagens de satélite divulgadas pela agência de notícias AP, porém, não revelaram maiores danos nos navios.

Os Estados Unidos alertaram para ataques a cargueiros comerciais na região, e a Arábia Saudita condenou os ataques, que classificou de tentativa de minar o fornecimento internacional de petróleo. Nenhum dos lados apontou para possíveis responsáveis pelas ações. O Ministério do Exterior do Irã disse que os casos são "preocupantes e abomináveis".

Karte VAE Straße von Hormus EN
Mapa em inglês da região em torno do Estreito de Ormuz

Os incidentes mostram a suscetibilidade com que os países produtores de petróleo e seus clientes em todo o mundo reagem a situações como essa no Estreito de Ormuz, um dos principais locais de escoamento de petróleo do mundo. Cerca de 30% do petróleo transportado por navios passa por lá, segundo a Agência de Informações sobre Energia dos Estados Unidos, um órgão de estatísticas.

No primeiro semestre de 2018 foram cerca de 17,4 milhões de barris por dia. O consumo mundial de petróleo, segundo consultores da empresa Vortexa, é de cerca de 100 milhões de barris por dia. O Estreito de Ormuz é também importante para o transporte de gás natural liquefeito (GNL) do Catar, o maior fornecedor mundial do produto.

A rota une potências petrolíferas tão distintas quanto a Arábia Saudita e o Irã, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e o Iraque. No seu ponto mais estreito, ela mede menos de 50 quilômetros de uma margem à outra. O canal navegável propriamente dito tem apenas 3 quilômetros de largura. Essas medidas tornam o Estreito de Ormuz um ponto nevrálgico e de fácil controle.

Assim, ele volta e meia é motivo de desavenças entre as potências regionais. O chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Irã, Mohammed Bagheri, disse há alguns dias que o Estreito de Ormuz poderia ser totalmente fechado se as "animosidades" aumentarem, em referência às sanções dos Estados Unidos. "Se o nosso petróleo não for transportado por esse caminho, o de outros países certamente também não passará por lá", disse ele, segundo a agência de notícias Isna.

Do lado americano, há sinais preocupantes: os Estados Unidos estão deslocando bombardeiros B-52 para o Catar e enviaram o porta-aviões USS Abraham Lincoln para a região. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse que o envio é uma "mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano" de que "qualquer ataque aos interesses dos Estados Unidos ou dos seus aliados irá se defrontar com uma força implacável".

Um detalhe que chama a atenção: há alguns anos, o Congresso dos Estados Unidos negou uma autorização de guerra contra as Forças Armadas do Irã, mas não contra terroristas do país. No mês passado, o governo dos Estados Unidos classificou a Guarda Revolucionária Iraniana, uma divisão de elite das Forças Armadas, de organização terrorista internacional.

Essa foi a primeira vez que os Estados Unidos colocaram uma unidade militar de um outro país numa lista que inclui organizações como o "Estado Islâmico" e a Al Qaeda. Na prática, a Guarda Revolucionária é a força militar iraniana e muito mais importante do que as Forças Armadas em si.

Esse rufar de tambores na região já tem consequências para a economia mundial. O especialista em energia Wayne Gordon, do banco UBS, afirmou que tensões geopolíticas não previsíveis podem levar o barril a ultrapassar a marca dos 100 dólares.

AS/ap/rtr/dpa

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