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A morte do príncipe triste

lk8 de outubro de 2002

Bandeiras a meio pau e menções elogiosas nos meios de comunicação: com a morte do príncipe Claus, esposo da rainha Beatrix e alemão de nascimento, a Holanda perde o membro mais benquisto da família real.

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O príncipe Claus vinha há anos lutando com problemas de saúdeFoto: AP

O começo da carreira do alemão Claus von Amsberg como príncipe consorte não foi nada fácil: o casamento com a princesa Beatrix da Holanda, em 1966, não foi saudado com flores e sim com bombas de fumaça, lançadas em sinal de protesto contra a escolha da herdeira do trono. Claus tinha sido membro da Juventude Hitlerista e, no final da guerra, lutara na Itália em uniforme de oficial da Wehrmacht.

Com os anos, a recusa dos holandeses foi dando lugar a uma grande simpatia: com humor e ironia, sua forma toda especial de respeitar o protocolo sem levá-lo a sério, o empenho no estudo do idioma, o interesse pelo país e o povo, bem como sua dedicação à família, o ex-diplomata alemão conquistou o coração dos holandeses e contribuiu para as boas relações entre os dois países.

Após lutar durante anos contra inúmeras doenças, o esposo da rainha Beatrix faleceu num hospital de Amsterdã aos 76 anos, na noite de domingo (06), em conseqüência de uma pneumonia. Os jornais do país louvam o morto como "grande homem", "uma pérola na coroa holandesa".

Espírito vivaz fadado a viver à sombra da rainha

Nascido em 1926 nas proximidades de Hamburgo, Claus von Amsberg estudou Direito e começou carreira diplomática em 1958. Entre 1959 e 1963, atuou na África (Costa do Marfim) e América Central (Santo Domingo).

Homem de espírito vivaz e múltiplos interesses, teve de submeter-se a limites severos, por imposição das circunstâncias. Isso se refletiu em sua saúde, principalmente depois que a esposa subiu ao trono, em 1980. Desde o início da década de 80, o príncipe Claus foi acometido por diversos surtos de depressão. Em 1991, seguiu-se o diagnóstico do mal de Parkinson; em 1998, um câncer de próstata; em 2001, a extração de um rim; e, já neste ano, uma embolia pulmonar. Sua debilidade física era evidente quando da última participação em evento oficial, no casamento do filho, o príncipe herdeiro Willem-Alexander, com a argentina Maxima Zorreguieta, em março deste ano.

Mesmo sem poder expressar sua opinião em público, o príncipe Claus sempre manteve interesse pelas questões políticas e era considerado "o mais valioso conselheiro" da esposa. Em carta de pêsames à rainha Beatrix, o presidente da Alemanha, Johannes Rau, ressaltou sua atuação como "construtor de pontes entre os dois países".