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A volta dos frentistas

Jörn Iken (mr)4 de abril de 2006

Os postos de gasolina na Alemanha enfrentam uma competição difícil. A fim de melhorar sua posição no ranking, uma multinacional resolveu ressuscitar uma função extinta nos anos 70: a dos frentistas.

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Frentistas nos postos na ShellFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Já se foi o tempo em que os postos de gasolina alemães ofereciam mordomias a seus clientes. Os frentistas eram responsáveis não só pelo abastecimento dos automóveis, como também por verificar a pressão dos pneus e a qualidade do óleo. Lavar o vidros das janelas estava, obviamente, sempre incluído no pacote.

Tankwart an einer Esso-Tankstelle in Hamburg aus dem Jahr 1952
Do álbum de recordações: frentista no trabalho, em 1952Foto: AP

Nos anos 70, a função de frentista foi extinta. Cada cliente passou a fazer tudo com as próprias mãos e os funcionários passaram a ser vistos somente nas caixas registradoras.

O panorama, no entanto, sofrerá algumas modificações – ao menos nos estabelecimentos onde se pode ver a concha amarela.

"A Shell vai empregar frentistas em cerca de 720 pontos em todo o país", informou o porta-voz Matthias von Glischinski-Kurc. O serviço incluirá, além do abastecimento, a lavagem das janelas, a calibragem dos pneus e a medição do óleo do motor e do nível de água.

Serviço para viajantes a trabalho e mulheres

Por detrás desta decisão está a competição dos postos de gasolina na Alemanha. Atualmente existem cerca de 15 mil postos no país e o número está diminuindo. Segundo informe da Associação Federal de Postos de Abastecimento, 200 estabelecimentos devem fechar até o final do ano.

O motivo: a venda de combustíveis está em baixa há muito tempo e a margem de lucros da Alemanha no ramo é uma das menores da Europa. Em razão disso, a rede BP/Aral cortou 500 das 2500 vagas de emprego disponíveis no ano passado.

Na contramão da tendência, a concorrente Shell procura melhorar seus números de mercado com um pacote de serviços. "O serviço é especialmente atraente para pessoas que viajam a trabalho, idosos e mulheres, como mostra uma pesquisa que encomendamos", diz Glischinski-Kurc. "Um projeto-piloto conduzido em 25 postos do país confirmou o resultado."

"Sorria sempre!"

O posto de gasolina da Shell em Hamburgo-Stelling é um dos 25 onde o serviço foi testado. Os clientes se mostraram satisfeitos. "É a primeira vez que eu vejo isso e eu acho bom", diz um. "Se não custar nada, não tem problema", diz outro.

Mas nem todos estão contentes com a nova oferta, percebe o frentista: "Existem também aqueles que pedem para eu afastar minhas mãos do carro", diz Oktay Yazici. "Eles saem aos berros por aí e nós precisamos manter o sorriso no rosto."

A aceitação é um problema: ninguém pode dizer com certeza se o serviço agradará aos clientes. Há alguns anos, a rede de postos Aral teve iniciativa semelhante e acabou fracassando.

Nos postos Shell, os clientes poderão decidir por ter ou não o serviço – haverá bombas de combustíveis específicas. Eles também não são obrigados a pagar pelo serviço: dar um euro ao frentista fica por conta da boa vontade do cliente.

De volta à farmácia

Benzinpreise Preisschid an der Tankstelle
O alto preço dos combustíveis afasta os clientes dos postos de abastecimentoFoto: AP

A Associação Federal de Postos de Abastecimento está cética. A Shell, entretanto, espera ter sucesso com a venda de óleo e com o serviço de limpeza das janelas.

Mas os alemães andam mais cuidadosos com o dinheiro, principalmente ultimamente. E o serviço dos frentistas não fará com que as pessoas abasteçam mais freqüentemente, tendo em vista os altos preços da gasolina e do diesel.

Muito antigamente, os motoristas precisavam comprar combustível na farmácia. Levando em consideração os preços, é de se pensar que voltamos aos velhos tempos.