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Zelaya e o Brasil

24 de setembro de 2009

Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, fala à Deutsche Welle sobre abrigo do presidente hondurenho deposto na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

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Multidão saúda Zelaya na Embaixada do Brasil em HondurasFoto: AP

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou em Nova York que o Brasil não exerceu nenhum papel no retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras, no início da semana. O Brasil simplesmente aceitou seu pedido de abrigo na Embaixada brasileira, disse o ministro.

Zelaya ainda se encontra na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. O fato de o abrigo ter sido estendido não somente à família de Zelaya, mas também a quase uma centena de apoiadores provocou duras críticas do governo interino em Honduras.

Martha Lorena Alvarado, vice-ministra do Exterior do governo do presidente Roberto Micheletti, acusou o Brasil de ter permitido que Zelaya transformasse a Embaixada em seu "quartel-general". O Brasil permitiu "vergonhosamente" que Zelaya, a partir da Embaixada, instigasse uma multidão a vir à capital hondurenha, violando assim a lei, já que o toque de recolher fora decretado no país, disse a vice-ministra.

Em entrevista à Deutsche Welle, o Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, comentou o abrigo do presidente hondurenho deposto na Embaixada do Brasil em Honduras.

Deutsche Welle: Como o senhor vê a estada do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na Embaixada do Brasil em Honduras?

Eduardo Brandao Azeredo
Eduardo Azeredo foi governador de Minas GeraisFoto: picture-alliance / ZB

Eduardo Azeredo: O Brasil agiu corretamente ao condenar o golpe de Estado em Honduras no mês de junho, e não tinha como deixar de dar esse asilo a Zelaya, do ponto de vista da solidariedade e da sua tradição.

No entanto, a atitude posterior, ou seja, permitir que não só o presidente Zelaya e sua família, mas também um número superior a 100 de adeptos, partidários de Zelaya entrassem na Embaixada e lá começassem a emitir participações políticas, a ter participações políticas. Isso já é fora do que se aceita como normal.

Portanto, existe, nesse momento por parte da oposição no Brasil, um apoio à integridade da Embaixada, um apoio ao abrigo, mas uma discordância no sentido de que esse abrigo não pode ser utilizado politicamente contra o atual governo de fato.

O senhor acha que pode haver uma instrumentalização da Embaixada do Brasil em prol de Zelaya?

Sim, o próprio Zelaya tem feito já manifestações, entrevistas, nesse sentido. E isso não é bom. O governo brasileiro precisa realmente influenciar Zelaya no sentido de que esta concessão de abrigo não pode ter também uma participação política, como está acontecendo no momento.

O senhor acredita que foi o presidente venezuelano Hugo Chávez quem instruiu Zelaya a pedir abrigo na Embaixada do Brasil?

Não há uma clareza com relação à forma como o Zelaya chegou às instalações brasileiras. Esse é realmente um ponto que está obscuro. Existem contradições nas diversas afirmativas. O fato é que Chávez é realmente um fator perturbador, ele não é um agente de pacificação, ele é um agente de perturbação.

O senhor está informado se houve ou se ainda existe algum perigo para a integridade da Embaixada do Brasil em Honduras?

As informações são realmente de algum risco. Existe um cerco militar à Embaixada brasileira. Existe um número de pessoas lá dentro que não é compatível com as instalações e a questão do corte de luz, água e telefone realmente chegou a acontecer.

Entrevista: Carlos Albuquerque
Revisão: Augusto Valente