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AfD é excluída de memorial do Holocausto

12 de fevereiro de 2018

Partido populista de direita alemão não poderá enviar políticos para fundação que administra o antigo campo de concentração de Bergen-Belsen, em respeito a judeus sobreviventes do nazismo.

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No campo de concentração nazista de Bergen-Belsen morreu Anne Frank, entre outros 50 mil judeus
No campo de concentração nazista de Bergen-Belsen morreu Anne Frank, entre outros 50 mil judeusFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) deverá ser excluído da fundação que administra o memorial no antigo campo de concentração de Bergen-Belsen.

"A AfD é um partido revisionista, que não se coaduna com nosso propósito de honrar as vítimas", disse Jens-Christian Wagner, diretor da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia. Excluí-lo será "o menor dos males", afirmou.

Todo grupo político representado no Legislativo estadual da Baixa Saxônia tem o direito autônomo de colocar um enviado seu no conselho da fundação. Depois que a AfD entrou para o órgão legislativo, contudo, nas eleições regionais de outubro último, Wagner propôs uma emenda na lei.

A Alemanha nazista foi responsável pelo extermínio sistemático de cerca de 6 milhões de judeus. Destes, cerca de 50 mil perderam a vida no campo de Bergen-Belsen, de 1940 a 1945, entre eles a adolescente Anne Frank, que, com seu célebre diário, virou um símbolo dos horrores do Holocausto.

Alguns deputados da AfD são acusados de negação do Holocausto, considerada crime pela lei alemã. Após a eleição na Baixa Saxônia, sobreviventes do Holocausto, sobretudo de Israel, França e Estados Unidos, expressaram alarme diante da perspectiva de políticos da legenda populista de direita terem qualquer envolvimento com o memorial.

Parlamentares dos outros quatro partidos representados – União Democrata Cristã (CDU), Partido Social-Democrata (SPD), Verde e Liberal Democrático (FDP) – reagiram com uma proposta, a ser transformada em lei nas próximas semanas.

Segundo ela, o número de políticos estaduais no conselho se reduzirá a quatro, e cada indicação terá que ser votada no Parlamento.

AfD "discriminada"

Desde que conquistou assentos em parlamentos regionais e entrou para o Parlamento alemão, no segundo semestre de 2017, o partido acusa a imprensa de cobertura unilateral, e critica os partidos estabelecidos por se recusarem a trabalhar com seus representantes.

Wagner explicou que preferiria reduzir a um ou dois o número de delegados políticos em sua fundação, pois permitir que apenas quatro de cinco partidos enviem seus políticos poderá impulsionar a narrativa de "vítima" da própria Alternativa para a Alemanha.

Originalmente o deputado Klaus Wichmann pretendia representar a AfD no conselho do memorial. Nesta segunda-feira (12/02), ele comentou a interdição: "Toda regulamentação legal que só tem como meta excluir uma facção do discurso público não está de acordo com os princípios do Estado de direito." Em sua opinião, "os velhos partidos não têm mais ideias para atacar a AfD".

No fim das contas, Jens-Christian Wagner considera sensato excluir a legenda de ultradireita do conselho da Fundação de Memoriais da Baixa Saxônia. "É uma questão de definir qual é o menor dos males: dar à AfD a oportunidade de se apresentar como vítima, ou ter no conselho um partido que argumenta publicamente contra a missão da fundação." "Eu prefiro passar sem a AfD", concluiu.

AV/dw/dpa

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