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Sob vigilância

6 de dezembro de 2011

Os países da zona do euro receberam uma advertência da agência de classificação de risco Standard & Poor's. A agência ameaçou praticamente todos os Estados da Eurozona com o rebaixamento de sua notação de crédito.

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Outras agências também anunciaram estar em alerta Dreifach A Grafik: DW / Peter Steinmetz
Outras agências também anunciaram estar em alertaFoto: DW

A grave crise de endividamento pode levar os países zona do euro a verem sua notação de crédito rebaixada. Devido aos crescentes problemas financeiros, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) colocou na segunda-feira (05/12) a nota de crédito de 15 dos 17 países que usam a moeda comum sob "vigilância negativa", o que pode significar a redução do rating de risco desses países em 90 dias.

Quanto melhor a notação de crédito de um país, mais barata é a aquisição de empréstimos no mercado de capitais. Um eventual rebaixamento levaria ao acirramento da crise em países endividados.

Com exceção do Chipre, que já está sob vigilância especial, e da Grécia, cuja notação de crédito CC já anuncia a grande probabilidade de um default, todos os outros 15 países da moeda comum europeia foram atingidos pela ameaça de rebaixamento, inclusive os Estados com a nota mais alta, o chamado conceito Triplo A.

Além da Alemanha e da França, estão incluídos nesse grupo Áustria, Bélgica, Holanda, Finlândia e Luxemburgo. S&P anunciou que a notação de crédito dessas nações pode ser reduzida em um nível, para AA+. Para os demais países da Eurozona, o rebaixamento poderá até ser em dois níveis.

Recessão e encolhimento econômico

Standard & Poor's justificou a decisão com os "acontecimentos preocupantes" na zona do euro, atingida pela crise de endividamento. A agência norte-americana acusou a política europeia de um desacordo contínuo sobre como lidar com a crise. S&P anunciou que irá encerrar a sua avaliação o mais rapidamente possível, após o encontro de cúpula da União Europeia (UE), a se realizar na próxima sexta-feira.

No caso da Alemanha, S&P explicou o possível rebaixamento devido à estreita interconexão dos países dentro da Europa, o que acarretaria perigos para a economia alemã. A agência anunciou que existe o risco de que toda a zona do euro entre em recessão no próximo ano. A probabilidade seria de 40%. Para países como Espanha, Portugal e Irlanda, S&P está convencida de que haverá um encolhimento da economia.

Reações europeias

Os governos da Alemanha e da França reagiram com tranquilidade ao anúncio da Standard & Poor's. Em encontro na segunda-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, haviam sugerido uma coordenação mais acentuada da política orçamentária e econômica na zona do euro.

Sarkozy e Merkel se encontraram em Paris
Sarkozy e Merkel se encontraram em ParisFoto: dapd

Em um comunicado conjunto, ambos os líderes explicaram que estão sendo tomadas todas as medidas "para garantir a estabilidade da zona do euro". As sugestões deverão elevar o crescimento e a competitividade, explicaram.

Na próxima cúpula da UE, no final da semana, Merkel e Sarkozy pretendem preparar terreno para as necessárias mudanças nos tratados que regem a União Europeia.

Estimativas na berlinda

Os analistas da S&P, no entanto, parecem não acreditar que tais promessas tragam frutos. Para a agência, nas últimas semanas, os problemas na zona da moeda comum chegaram a tal nível que toda a Eurozona está sob pressão.

Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro de Luxemburgo e presidente do Eurogrupo – órgão que reúne os ministros da Economia e das Finanças dos países do euro, o presidente do Banco Central Europeu e o Comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários –, criticou duramente a ameaça de rebaixamento da notação de crédito dos países de moeda comum.

Em entrevista à emissora alemã Deutschlandfunk nesta terça-feira, Juncker afirmou que as estimativas da agência de rating seriam excessivamente exageradas e injustas. A zona do euro estaria "a caminho de pôr as coisas em ordem", disse Juncker. O chefe do Eurogrupo sugeriu que tais ratings de crédito não sejam levados muito a sério.

Autores: Carlos Albuquerque / Rüdiger Paulert
Revisão: Roselaine Wandscheer