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'Agitação é estimulante'

12 de janeiro de 2010

Um dos mais renomados compositores alemães vivos, Hans Werner Henze, nasceu em 1926 na região industrial do Ruhr, capital europeia da cultura em 2010. Ele fala à Deutsche Welle de sua nova ópera "Gisela".

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H-W. Henze (e) em ensaio de sua ópera 'Phaedra'Foto: picture-alliance/dpa

Deutsche Welle: Sr. Henze, a região do Vale do Rio Ruhr é capital europeia da cultura 2010, e sua obra também faz parte. O que acha disso?

Hans Werner Henze: Estou entusiasmado e contente com a expressão de identidade comum que é este esforço de quase todas as organizações artísticas e artistas aqui atuantes. Eles se ocupam de mim, fazem uma ideia de quem eu sou e encontram algo na minha música. Isso também parece útil para fins pedagógicos ou de outra natureza – para o entretenimento, por exemplo.

A ópera Gisela, que o senhor está compondo agora para a RuhrTriennale 2010, também é parte desse projeto?

Märchenoper Pollicino des deutschen Komponisten Hans Werner Henze
'Pollicino' é uma 'ópera-conto de fadas' para e com criançasFoto: picture-alliance/ dpa/dpawe

Com toda a certeza. Há uma ópera infantil minha, Pollicino, que funciona muito bem e que deve ser representada e tocada por crianças. Melhor ainda é quando também se utilizam cenários pintados pelas crianças. Ela se tornou um objeto pedagógico nas escolas de música de toda a Alemanha, e também no exterior. A incumbência que recebi do Festival do Ruhr era, de preferência, um Pollicino para adultos. Vou tentar criar algo nesse sentido. Fiquei refletindo um ano inteiro sobre como fazê-lo, com uma dramaturgia operística que englobasse as mais diversas escolas de arte da região do Ruhr, de Düsseldorf a Bochum. Por isso, incluímos pantomima, canto, música instrumental e dança, de forma que todos encontrem algo para si na partitura de Gisela.

Sua música é como um sismógrafo que reage às mínimas inquietações sociais e políticas. Em que inquietação se baseia o projeto Gisela?

Essa encomenda me projetou numa área de criação com a qual eu ainda não estava familiarizado. Há simplesmente um sentimento, um interesse de todos os lados por esse projeto. Agora trabalho nessa ópera – e estou longe de ter acabado.

O que o inspira ao escrever mais uma obra para jovens, quão simples é a tarefa – ou quão difícil?

O mais simples é o mais difícil. Não ser banal, não ser antiquado. Estou muito envolvido com essa tarefa.

Neste ano serão apresentadas na região do Ruhr obras de todos os seus períodos de criação. O que isso significa para o senhor?

Sempre aprendo alguma coisa nesse processo. Afinal, quando se escreve, é preciso empurrar o passado para trás, como uma peça de cenário que se tornou supérflua. E agora essas obras de juventude se tornam novamente presentes. Há agitação nelas, algo especialmente estimulante para um velho como eu.

Entrevista: Klaus Gehrke
Revisão: Simone Lopes