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Alemães relutam em aplicar dinheiro pela internet

Alexander Sturm fc
28 de agosto de 2017

Apesar da oferta cada vez maior para investir as economias de forma mais rentável, muitos alemães mostram desconfiança na hora de entregar suas aplicações a "robôs conselheiros".

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A poupança rende pouco, mas continua sendo a aplicação preferida dos alemãesFoto: picture-alliance/W. Rothermel

Fazer reservas em hotéis, comprar na Amazon, bater papo pelo Whatsapp: os alemães usam a internet em várias situações do cotidiano, mas não na hora de aplicar dinheiro. Menos da metade faz suas operações bancárias pela internet, aponta um estudo da empresa de consultoria EY. E apenas um em cada cinco usa o celular para internet banking.

Os alemães, que têm fama de poupadores, têm também medo da digitalização? "Quando o assunto é dinheiro, nossa confiança nas tecnologias digitais acaba logo", diz Joachim Spill, da EY. Porém, muitas pessoas entregam seus dados ao Facebook ou à Amazon e outras lojas online sem demonstrar preocupação. "Pelo jeito muitas pessoas confiam mais nas lojas virtuais do que no seu banco", diz.

Os alemães também são conservadores quando se trata de dinheiro vivo. Se nos Estados Unidos ou na Escandinávia é comum pagar tudo com cartão de crédito ou até mesmo aproximando o celular das maquininhas de cartão, na Alemanha ainda se prefere notas e moedas.

Conselhos de robôs

A fobia digital é um revés para startups do setor financeiro (também chamadas fintechs), que usam a internet para oferecer ajuda em aplicações financeiras. Para isso, os investidores respondem a perguntas sobre idade, propensão ao risco, período e valor do investimento. As respostas vão gerar um portfólio de propostas: quanto maior forem a rentabilidade desejada e a tolerância ao risco, maior será a presença de ações. Em se tratando de poupadores cautelosos, os títulos de dívida predominam.

Os investimentos são feitos em fundos comercializados em bolsas de valores (os chamados ETFs), que costumam replicar um índice do mercado financeiro. No longo prazo, esses "robôs conselheiros" prometem rendimentos de 4% a 6% por ano, e taxas de administração de menos de 1%.

As ofertas existentes permitem um investimento diversificado sem muito esforço – dando mais opções ao cliente do que deixar o dinheiro parado na conta corrente ou investi-lo em produtos de baixa rentabilidade, como a poupança. No entanto, as agências de defesa do consumidor dizem que os "robôs conselheiros" ainda não passaram por um teste de verdade nas bolsas de valores.

Clientes demonstram pouco entusiasmo

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Empresas como Vaamo, Easyfolio, Ginmon ou Liqid se vendem como a alternativa aos conselhos oferecidos pelas agências bancárias e prometem nada menos que a "revolução das aplicações financeiras". E cada vez mais bancos abraçam essa tendência, como o Deutsche Bank, que oferece dois robôs de investimento, e a Comdirect, subsidiária do Commerzbank. Mas, até agora, os clientes não demonstraram muito entusiasmo.

Se nos EUA há "robôs conselheiros" que administram bilhões de dólares, estima-se que, na Alemanha, todos juntos gerenciem um valor na ordem de centenas de milhões de euros. "O mercado para investimentos automatizados é enorme", afirma Sabine Schoon, diretora da divisão de investimentos do Comdirect. "Mas os clientes relutam em entregar seus ativos a startups desconhecidas", explica. Também a ideia de que o dinheiro é aplicado de forma automatizada assusta muitos investidores.

Investimento em outro banco

Porém, os alemães parecem ter menos inibição para novas opções de um velho conhecido: os juros fixos. A Deposit Solutions, uma fintech de Hamburgo, já aplicou 2 bilhões de euros de seus clientes por meio do portal Zinspilot. A ferramenta permite aos clientes usar produtos de outras instituições financeiras por meio de seu banco. Assim, os investidores podem comparar onde se paga as maiores taxas para aplicações diárias – por exemplo, em bancos da Romênia ou Letônia.

Todas elas são cobertas pela garantia de depósito da União Europeia, que é de 100 mil euros por investidor e banco. "Muitos de nossos 60 mil clientes investem valores de cinco dígitos", afirma Tim Sievers, fundador da empresa. "Alguns espalham ativos no valor de mais de 100 mil euros por vários bancos", completa.

As instituições que disponibilizam esses produtos para seus clientes correm o risco de que eles invistam o dinheiro em outro banco – mas ao menos não perdem o cliente. "O relacionamento é mantido", diz Sievers. O banco no qual se investe recebe apenas o valor aplicado e não pode oferecer outros produtos, como ações.