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Alemães vão ao Rio ajudar na recuperação do Museu Nacional

Laura Gröbner Ferreira de Colônia
13 de setembro de 2018

Colônia, cidade-irmã do Rio, passou por tragédia cultural semelhante em 2009, quando Arquivo Histórico desabou. Dois especialistas vão ao Brasil para compartilhar as experiências acumuladas.

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Incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro
Maior parte do acervo do Museu Nacional, no Rio, foi destruída por incêndioFoto: Reuters/R. Moraes

As autoridades de Colônia eram gratas por qualquer ajuda que recebiam em 2009, quando o prédio do Arquivo Histórico da cidade alemã desabou, e sabem o valor que a experiência com situações semelhantes pode ter. Quando souberam do incêndio catastrófico no Rio de Janeiro, entenderam que era hora de devolver o gesto.

Por isso estão mandando dois especialistas para a cidade-irmã no Brasil para ajudar na recuperação e reconstrução do Museu Nacional. O vice-diretor do Arquivo Histórico, Ulrich Fischer, e a chefe da equipe de restauração, Nadine Thiel, viajam para o Rio nesta sexta-feira (14/09). Lá eles pretendem compartilhar as muitas lições que aprenderam no resgate do arquivo renano.

Os especialistas destacam que ações imediatas são necessárias para salvar o que ainda pode ser salvo, mas se mostram cautelosos sobre o que pode ser feito. "É muito difícil e até mesmo incorreto decidir os nossos primeiros passos daqui, sem conhecimento das circunstâncias", comenta Fischer. "Precisamos adaptar as nossas experiências à essa situação concreta."

Kölner Stadtarchiv
Escombros do Arquivo Histórico da cidade de Colônia após o desabamento, em 2009Foto: Picture-Alliance/dpa/O. Berg

A competência acumulada pelos especialistas do Arquivo Histórico é requisitada mundo afora, em congressos e por instituições culturais, e eles costumam ajudar a criar planos de cooperação com equipes de resgate antes de possíveis catástrofes, para facilitar o trabalho de recuperação em caso de emergência. Esta será a primeira vez que eles ajudam numa emergência concreta, depois de a tragédia já ter acontecido.

Em 3 de março de 2009, o arquivo histórico de Colônia, com seis andares, desabou em consequência de uma inundação subterrânea no túnel de uma linha de metrô em construção. No colapso, os especialistas também aprenderam o que é importante nos instantes após a catástrofe.

"É importante saber se e como os objetos estão categorizados para poder documentar o que se encontra e em que estado está", diz Fischer. Isso ajuda na hora de definir os próximos passos e os métodos de restauração necessários.

A restauradora Thiel diz desconhecer o tamanho dos danos na queima do museu e por isso é cautelosa na hora de avaliar as chances de sucesso. "No caso de materiais orgânicos, fogo é muito pior que danos causados por água. Mesmo um restaurador profissional não consegue salvar muito se o objeto estiver tão carbonizado que houve uma mudança de material."

Mesmo assim, ela menciona métodos como a digitalização multiespectral, que torna a escrita visível por um momento e possibilita a recuperação de informações. Também destacou a importância da tecnologia para inventariar e reconstruir documentos a partir de fragmentos espalhados pela cidade toda. "Mesmo os menores fragmentos são importantes", destaca. O arquivo também tem especialistas na restauração de material inorgânico, como fitas de áudio ou filme.

Thiel espera poder dar dicas concretas e pouco conhecidas, que não necessariamente fazem parte do treinamento tradicional e que ela aprendeu na recuperação e restauração do Arquivo Histórico de Colônia. Na ocasião, especialistas em resgatar documentos danificados por enchentes aconselharam lavar os documentos que caíram na água suja para evitar a cimentação de materiais durante o processo de congelamento, típico na restauração desse tipo de dano.

Eles também têm experiência na simplificação de tarefas e coordenação de voluntários e esperam que isso ajude os colegas no Rio.

Thiel e Fischer ficarão uma semana no Rio para avaliar a situação, mas esperam estabelecer um canal contínuo de comunicação e colaboração. O governo alemão financia a viagem como parte da ajuda emergencial prometida, no valor de até 1 milhão de euros.

O corpo de bombeiros de Colônia também está disposto a ajudar e vai entrar em contato com os bombeiros cariocas para compartilhar conhecimentos obtidos no colapso do arquivo histórico. "O Rio é uma metrópole, e os bombeiros de lá são muito experientes com grandes incêndios e desmoronamentos. No entanto podemos oferecer conselhos sobre como lidar de forma cuidadosa com o resgate de documentos", explica Christian Heimisch, do Corpo de Bombeiros de Colônia.

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