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Alemanha adere às "poetry slams"

Dorothée Brandt (sv)10 de janeiro de 2007

As "poetry slams", bastante tradicionais no mundo anglo-saxão, ganham cada vez mais adeptos na Alemanha. Em bares e clubes noturnos é cada vez mais comum ver poetas apresentando suas obras para o público.

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Poesia: da gaveta para as noitesFoto: AP

Longe do glamour dos saraus literários dos séculos passados, as poetry slams acontecem em ambientes enfumaçados e muitas vezes sem janelas, que costumam funcionar nos porões de prédios, como é o caso do clube Molotow de Hamburgo, onde cabem 200 espectadores.

A nova (em outros lugares velha) forma de levar a poesia "aonde o povo está" é uma das recentes modas das grandes cidades alemãs, como Berlim, Hamburgo ou Munique. Nos últimos três anos, as poetry slams vêm acontecendo com freqüência em bares, fábricas antigas ou boates.

Os ingredientes de uma "slam" (concursos de poesia) são sempre os mesmos: um(a) poeta jovem e desconhecido(a), um público diversificado e um júri, escolhido ao acaso entre os presentes. E a sessão já pode começar.

A platéia é tudo

"O público é uma parte essencial das slams, se não a mais importante de todas, pois sem platéia nada acontece", diz Paul, o estudante que organiza a Slam the Pony, ao lembrar que tanto os poetas quanto o júri são recrutados na hora, sem qualquer planejamento antecedente.

O nome do poeta que vai ler seus poemas é então escrito num quadro negro. Em princípio, qualquer um pode se aventurar. E raramente o público tem que assistir a uma performance semelhante à outra. O repertório costuma ser extenso: poemas de amor cheios de rimas, odes sarcásticas ao álcool, as preocupações de um adolescente ou as ansiedades de uma mulher à beira da menopausa. A diversidade é geralmente enorme.

Cultura popular

"Associo a slam com a idéia de uma cultura popular, pois a entrada aos eventos é sempre barata, custa em torno de 3 euros. É uma oportunidade única para as pessoas que têm seus textos na gaveta e nunca conseguem apresentá-los em público", diz Martin, um poeta de Düsseldorf que há oito anos tem levado as poesias que escreve aos palcos das slams.

Quem toma a decisão de ler seus poemas em uma poetry slam noturna deve contar não apenas com suas aptidões literárias, mas também com uma boa porção de autoconfiança, pois as platéias costumam reagir não só com aplausos, mas com altas doses de crítica.

O poeta Martin, hoje com 35 anos, chegou a ser agredido quando leu uma vez seus textos em público. "Há sempre intervenções vindas do público. A interação entre palco e platéia é constante e acho que isso é extremamente importante. Ou seja, não se trata de uma leitura monótona e sem emoção, mas saem faíscas a cada sessão", resume Martin.