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Exportação recorde alemã

11 de maio de 2011

País enviou 98,3 bilhões de euros em produtos para o exterior em março. Quase dois terços desse valor foram comprados por outros países da União Europeia, mas participação dos emergentes cresce.

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Contêineres no porto de HamburgoFoto: AP

Os exportadores alemães estão em estado de graça: nunca venderam tanto para o mercado externo como agora. De acordo com o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis), o país exportou 98,3 bilhões de euros apenas em março – 15,8% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Um recorde absoluto desde 1950, ano em que os dados da balança comercial da economia mais forte da Europa começaram a ser compilados. O pico anterior havia sido registrado em abril de 2008 – antes da crise – quando o país vendeu 88,8 bilhões de euros para outros países.

Com esses excelentes resultados logo no início do ano, a expectativa agora é de que a quebra de recorde se estenda para o resultado final de 2011 – que pode superar o trilhão de euros. Observadores mais animados já enxergam uma década de ouro para a economia alemã.

Países emergentes como o Brasil e a China, que desde o início da crise econômica desempenharam um papel fundamental para aquecer o comércio externo das nações mais ricas, não foram protagonistas no bom desempenho alemão de março. O recorde deveu-se principalmente ao aumento da demanda nos demais países da União Europeia. Para eles foram destinados 58,8 bilhões de euros em produtos – quase 60% do total exportado. Com relação a março do ano passado, o aumento da demanda foi de 16%.

Cresce exportação para o Brasil

De acordo com a Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), não se pode desconsiderar, no entanto, o papel dos países emergentes na recuperação da economia germânica.

Volker Treier DIHK
Volker Treier ressalta interesse pelo mercado sulamericanoFoto: DIHK

"As exportações alemãs para estes países têm crescido com maior intensidade do que para os Estados Unidos ou a União Europeia. Só para o Brasil, as exportações cresceram cerca de 43% no ano passado", destacou Volker Treier, chefe de Comércio Exterior da DIHK, para a Deutsche Welle. De acordo com o Destatis, as exportações para o Brasil em 2010 foram de 10,4 bilhões de euros.

No entanto, a importância do Brasil como comprador de produtos alemães ainda é pequena, se comparada com os maiores importadores: França, que somou 90,6 bilhões de euros no ano passado; Estados Unidos, 65,5 bilhões; Holanda, 63,2 bilhões; Reino Unido, 59,4 bilhões; Itália, 58,4 bilhões; e China, 53,6 bilhões.

"As empresas alemãs estão cada vez mais descobrindo a América do Sul. São Paulo é hoje a maior cidade industrial alemã fora da Alemanha", afirmou Treier, destacando que algumas barreiras comerciais ainda vigentes no Brasil acabam atrapalhando o comércio bilateral.

Como a maioria das grandes empresas alemãs tem sede no Brasil, a estabilidade da economia brasileira também contribuiu fundamentalmente para a saúde financeira destas companhias. De acordo com a filial paulista da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, o forte mercado interno e o baixo risco para investimentos feitos no país foram decisivos para que as empresas apostassem na ampliação de sua capacidade instalada em solo brasileiro – e continuam atraindo investidores.

Importações recorde

As importações da Alemanha também apresentaram recorde – resultado, segundo analistas, do aumento do consumo no país e de mais investimentos. Chegaram ao mercado alemão em março cerca de 79,4 bilhões de euros em produtos estrangeiros – 16,9% a mais que no mesmo mês de 2010. O aumento do preço das commodities no mercado mundial, como minério de ferro, também influenciou no valor total das importações. O recorde até então havia sido registrado em novembro de 2010, quando o país importou 74,1 bilhões.

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Este ano exportações podem chegar a 1 trilhão de eurosFoto: DW-TV

Ainda assim, o superávit da balança comercial foi surpreendente: 18,9 bilhões de euros. Em março do ano passado, havia sido de 17 bilhões de euros.

Especialistas alertam, no entanto, que a crise financeira na Europa está longe de acabar e que ainda há muita pressão sobre a inflação. Além disso, a instabilidade política em alguns países no norte da África, como a Líbia, também pode influenciar a balança comercial não apenas da Alemanha, como também de vários outros países europeus.

Para o analista Christian Schulz, do Berenberg Bank, apesar das dificuldades que os altos preços das commodities trazem e da valorização do euro frente ao dólar, o boom das exportações deve continuar. "As vantagens competitivas que a Alemanha implantou desde o início da Agenda 2010 começam a surtir efeito", avalia.

Treier ainda vê um longo caminho pela frente. "O governo cumpriu o seu papel ao melhorar o campo para as empresas em algumas questões tributárias e com flexibilizações do mercado de trabalho. Mas o setor bancário ainda não está totalmente recuperado e há ainda dificuldades econômicas em alguns países da zona do euro e também nos Estados Unidos", diz.

Autora: Mariana Santos
Revisão: Alexandre Schossler