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PolíticaAfeganistão

Alemanha encerra operação de resgate no Afeganistão

26 de agosto de 2021

Último avião das Forças Armadas Alemãs partiu de Cabul nesta quinta-feira, com destino ao Uzbequistão. Angela Merkel garante, porém, que governo se compromete a negociar com o Talibã a retirada de mais pessoas.

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Foto mostra um grande avião cinza com turbinas ligadas. Ele ainda está em solo.
Airbus A400M é um dos aviões utilizados pela Alemanha para evacuaçãoFoto: Marc Tessensohn/Bundeswehr/dpa/picture alliance

 A Alemanha anunciou no começo da noite desta quinta-feira (26/08) que as Forças Armadas do país (Bundeswehr) concluíram suas operações de evacuação do Afeganistão, com o último voo partindo do aeroporto de Cabul com destino a Tashkent, no Uzbequistão.

Em pronunciamento oficial, a ministra da defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, disse que "todos os soldados e membros do Ministério das Relações Exteriores e da Polícia Federal" já deixaram o país em segurança. 

A missão alemã terminou quatro dias antes do prazo final de 31 de agosto estipulado pelo governo dos Estados Unidos para retirada das tropas americanas.

Kramp-Karrenbauer afirmou que os últimos voos estavam se preparando para decolar no momento dos ataques ocorridos na tarde desta quinta-feira do lado de fora do aeroporto, o que fez com que uma "partida de emergência" fosse realizada.

A ministra acrescentou que os ataques "deixaram claro que uma extensão da operação em Cabul não era possível".

Na tarde desta quinta-feira, um duplo atentado atingiu o principal portão do aeroporto de Cabul. Pelo menos 13 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, incluindo soldados americanos e crianças. Ainda não há confirmação sobre a autoria do atentado, mas fontes ligadas à inteligência americana suspeitam fortemente de envolvimento de uma facção do "Estado Islâmico" rival do Talibã. O ataque teria sido executado por dois suicidas.

Kramp-Karrenbauer já tinha alertado anteriormente que o aumento da ameaça terrorista no aeroporto de Cabul reduzia ainda mais as possibilidades de evacuação e defendia a passagem da atual operação de evacuação para uma segunda fase "de caráter mais diplomático".

"Sabemos que a ameaça terrorista se tornou muito mais aguda e notavelmente mais concreta", disse a ministra alemã, falando de uma situação "extremamente difícil e extremamente perigosa" para todos os envolvidos.

Na quarta-feira, a chanceler federal Angela Merkel havia anunciado o fim da operação"nos próximos dias". Nesta quinta-feira, ela enfatizou, porém, que o governo alemão continuará negociando e trabalhando para que mais pessoas possam ser retiradas do Afeganistão.

"Terminamos o transporte aéreo hoje", disse Merkel em uma entrevista coletiva. "Estamos comprometidos em negociar condições com o Talibã para que novas partidas sejam possíveis", complementou.

Mais de 5 mil resgatados

Na tarde desta quinta-feira, o Ministério da Defesa informou pelo Twitter que, em 11 dias, 5.347 pessoas, de 45 países, foram resgatadas pelas Forças Armadas Alemãs, entre elas 4.100 cidadãos afegãos. Não está claro quantos alemães ainda permanecem no país.

Muitos países europeus anunciaram nesta quinta-feira suas últimas operações de evacuação saindo de Cabul, devido à deterioração da segurança no aeroporto, com o medo de ataques iminentes como fator determinante.

França, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Polônia e Hungria são algumas das nações que encerraram os resgates no aeroporto da capital do Afeganistão. O Reino Unido planeja encerrar seus esforços de transporte aéreo antes que as forças dos EUA partam no final do mês.

Prazo estipulado pelos EUA

O presidente dos EUA, Joe Biden, estipulou a data de 31 de agosto para o término das operações de resgate. Aliados da OTAN tentaram persuadi-lo a estender as operações de transporte aéreo além dessa data, mas sem sucesso.

Na terça-feira, em uma reunião virtual do G7, Biden se manteve firme e disse que o risco de ataques terroristas eram uma ameaça muito grande para que as tropas permanecessem no país além do prazo.

Merkel afirmou que as evacuações contínuas sem a presença de tropas americanas seriam impossíveis. "Sem os Estados Unidos, por exemplo, nós não podemos continuar a missão de evacuação", disse Merkel a repórteres após o evento.

Pressionando para que a data limite fosse adiada, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, declarou: "Continuaremos até o último momento que pudermos."

Os líderes do Talibã também se mostraram intransigentes com a flexibilização da data. Na segunda-feira, eles alertaram que haveria "consequências" caso as tropas americanas e seus aliados ampliassem a permanência em solo afegão além do prazo determinado.

Caos e desespero no aeroporto

Desde que o Talibã tomou o palácio do governo em Cabul, em 15 de agosto, o aeroporto da capital afegã vem sendo palco de cenas de caos e desespero, com centenas de milhares de afegão tentando embarcar em qualquer avião que decole para fora do país.

O tumulto, a aglomeração e o desespero da população tornam ainda mais difícil a retirada de cidadãos estrangeiros pelas forças militares de seus países. Além disso, nações são acusadas de terem começado tardiamente a evacuação e de estarem pensando somente em seus cidadãos, abandonando o povo afegão a sua própria sorte.

Países que realizam as operações de evacuação tem unido esforços para retirar do país afegãos que colaboraram com as os Estados Unidos e os aliados nos últimos 20 anos. De acordo com a ONU, o Talibã tem uma lista de nomes prioritárias de pessoas que querem prender. Aqueles que correm mais riscos são os que ocuparam postos de responsabilidade nas Forças Armadas afegãs, polícia e unidades de coleta de informações.

le (dpa, reuters, ap, efe, ots)