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Alemanha lamenta morte do "Mister Euro"

Ludger Kazmierczak (sm)1 de agosto de 2005

Kennedy holandês, gentleman do florim, Mister Euro: Wim Duisenberg, primeiro presidente do Banco Central Europeu, recém-falecido, era respeitado por ter conduzido de maneira tranqüila a introdução do euro.

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Wim Duisenberg faleceu na França aos 70 anosFoto: AP

O governo alemão lamentou a morte do ex-presidente do Banco Central Europeu, Wim Duisenberg. O ministro das Finanças, Hans Eichel, elogiou a contribuição do "extraordinário analista financeiro" à unificação monetária européia. Com sua calma, o ex-presidente do Banco Central da comunidade teria conseguido criar um base de confiança para o euro, introduzido em 2002, e garantir a aceitação da moeda pela população, declarou Eichel.

A presidente da União Democrata Cristã, Angela Merkel, declarou que a Alemanha perdeu um bom amigo: "Wim Duisenberg assegurou a estabilidade e a autonomia do Banco Central através de sua atuação. Seu exemplo nos ensina a defender estes valores no futuro."

Homem de ação, sem muitas palavras

Segundo comunicou a polícia francesa, Duisenberg foi encontrado morto na piscina de sua casa em Faucon, nas imediações de Avignon, no sul da França. Ele morreu afogado em decorrência de problemas cardíacos. A possibilidade de uma causa criminosa foi definitivamente descartada pela polícia. Duisenberg foi o primeiro presidente do Banco Central Europeu, exercendo a função desde 1998.

Há poucas semanas, o holandês Willem Frederik Duisenberg comemorou seus 70 anos. Com toda a discrição que lhe era típica. Grandes mensagens não eram do seu estilo; ele costumava resolver as coisas calado, mas com toda consciência e competência.

Em dezembro de 1965, Duisenberg concluiu seu doutorado em economia na Universidade de Groningen. Antes de ingressar para a política, ele chegou a lecionar macroeconomia. Em decorrência de sua carreira meteórica, ele costumava ser chamado de "Kennedy holandês". Com 38 anos, tornou-se ministro das Finanças; menos de dez anos depois, presidente do Banco Central holandês. Nos 15 anos em que exerceu esta função, contribuiu para a conjuntura econômica de seu país nos anos 80 e 90. Nesse período, o florim se tornou uma das moedas mais fortes da Europa.

O favorito da Alemanha

O fato de o Banco Central Europeu ter como primeiro presidente um holandês e não um francês também se deveu ao apoio da Alemanha. O "gentleman do florim" já era desde o princípio o candidato favorito da Alemanha à chefia da instituição responsável pela política e estabilidade monetária da União Européia, bem como pela emissão de cédulas e moedas do euro.

Para o presidente do Banco Central Alemão na época, Hans Tietmeyer, o economista holandês seria a garantia de uma moeda européia forte. Sua política no Banco Nacional Holandês fora zelar pela disciplina orçamentária e pela estabilidade do florim. Tietmeyer lembra que a união monetária foi um processo muito delicado, a ser levado a cabo por alguém que não colocasse em risco a confiança da população. Como presidente do Banco Central Europeu, Duisenberg se tornou o Mister Euro, preparador e guardião da união monetária.

Ao assumir o cargo, em junho de 1998, já estava claro que ele não cumpriria o contrato de oito anos, por razões de idade. Ao completar 68 anos, ele se afastou do cargo e foi sucedido pelo francês Jean Claude Trichet. Ele justificou que pretendia se dedicar a seus hobbies, o golf e a fotografia. Mas o economista não se afastou de vez da vida pública. Nos últimos anos, ele participou de inúmeros conselhos e comissões, acompanhando de perto processos de reestruturação econômica, com o da Air France / KLM e do Rabobank holandês.