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Tornados para o Afeganistão

(av)27 de janeiro de 2007

A decisão de enviar aviões de reconhecimento para o Oriente Médio é delicada. Fornecendo dados a serem usados em ofensivas contra rebeldes, a Bundeswehr pode estar atravessando a linha que a separa das ações de guerra.

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Avião de caça TornadoFoto: picture-alliance/ dpa

A Otan e os Estados Unidos estão pressionando as Forças Armadas da Alemanha para que enviem aviões de caça do tipo Tornado ao sul do Afeganistão, em missões de reconhecimento. Numa entrevista à emissora de TV alemã ARD, nesta sexta-feira (26/01), a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, declarou:

"Sabemos que papel cabe à Alemanha, e prezamos seu apoio no setor civil e, em especial, na reconstrução. Se o país pudesse, além disso, prestar apoio no reconhecimento aéreo, seria um bom passo."

Antes, a ARD havia noticiado que a Luftwaffe (Aeronáutica alemã) estaria testando, no campo militar de Jagel, no Estado de Schleswig-Holstein, uma "técnica de reconhecimento para missões de combate, diretas e imediatas".

O Ministério da Defesa de Berlim rebateu tais afirmativas, alegando que os testes em questão já estavam marcados há tempo, nada tendo a ver com o atual debate sobre uma eventual operação no Afeganistão.

Presença militar não garante estabilização

Por ocasião do encontro dos 26 ministros do Exterior do Estados da Otan, nesta sexta-feira, em Bruxelas, o secretário-geral da organização, Jaap de Hoop Scheffer, comentou: "É claro que eu saudaria uma resolução da Alemanha de enviar os Tornados. Porém a decisão cabe inteiramente ao governo de Berlim".

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, respondeu de forma evasiva à questão. "Teremos que responder ao pedido através do Gabinete e do Parlamento. E isso acontecerá na hora certa."

O chefe da diplomacia alemã acentuou o aspecto civil do engajamento no Afeganistão. "Sabemos todos muito bem que não se alcançará uma estabilização naquele país apenas com presença militar."

Tênue linha entre paz e guerra

Porém a Associação das Forças Armadas Alemãs teme que a simples participação passiva de seus soldados já signifique para a Alemanha atravessar a fronteira que até o momento a separa das ações bélicas no Oriente Médio.

O presidente da associação, Bernhard Gertz, alerta que os dados a serem reunidos pelos Tornados não são entidades isoladas, "mas sim servem, essencialmente, à localização de alvos".

Desde modo, eles constituiriam a base para medidas militares contra a Al Qaeda e o Talibã. "Com a transmissão de dados de reconhecimento, nos tornaríamos parte da luta militar contra o terrorismo no sul do Afeganistão", insiste Gertz.

Os talentos especiais do Tornado

Os Tornados são aviões a jato de combate, empregados no reconhecimento aéreo. Entre as especificidades da aeronave de 17 metros de comprimento está a capacidade de realizar vôos extremamente baixos, de até 30 metros do solo, alcançando velocidades de 2400 quilômetros por hora.

Para as missões de reconhecimento, os caças são equipados com sensores de alta resolução, num recipiente sob a carcaça, onde ainda se encontra uma câmera de vídeo de alta mobilidade.

Os Tornados também dispõem de um sistema de armas. Entretanto, seus dois canhões de bordo e mísseis aéreos servem sobretudo para a autodefesa, afirma o Ministério alemão da Defesa.

Estes aviões de caça foram criados na década de 1970 em conjunto pela Alemanha, Itália e Reino Unido. Seus altos custos causaram polêmica, na época. As diferentes unidades da Luftwaffe possuem um total de mais de 180 Tornados.