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Alemanha restringe vacina de Oxford para menores de 60 anos

30 de março de 2021

Decisão foi tomada após o registro de algumas poucas dezenas de casos suspeitos de trombose entre pessoas com menos de 60 anos que receberam doses. Mais de 2,7 milhões de vacinas da AstraZeneca foram aplicadas no país.

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Oito ampolas da vacina da AtraZeneca. Do lado direito, uma seringa. Atrás, a logomarca da empresa.
É a segunda vez este mês que o uso do imunizante é questionado e suspenso.  Foto: Dado Ruvic/REUTERS

Autoridades da Alemanha decidiram nesta terça-feira (30/03) limitar a aplicação em larga escala da vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

A decisão afeta pessoas com menos de 60 anos e foi tomada após reunião do ministro da Saúde, Jens Spahn, com os secretários de saúde dos 16 estados alemães. 

Horas antes, a Comissão Permanente de Vacinação da Alemanha (Stiko, na sigla em alemão) havia recomendado que pessoas com menos de 60 anos não recebessem o imunizante da AstraZeneca.  

A decisão foi motivada por suspeitas de casos de trombose venosa cerebral, sobretudo em mulheres jovens, após a vacinação. É a segunda vez este mês que o uso do imunizante é questionado e suspenso.  

Conforme especialistas, a recomendação foi alterada "com base nos dados atualmente disponíveis sobre a ocorrência de efeitos colaterais tromboembólicos raros, mas muito graves".

Em casos de pessoas com menos de 60 anos que já receberam a primeira dose do imunizante da AstraZeneca, a Stiko prevê emitir uma recomendação complementar até o final de abril. Até lá, estudos devem ser avaliados para determinar se será possível receber a segunda dose de outro imunizante de mRNA, por exemplo, o da Pfizer-BioNTech.

No entanto, pessoas com menos de 60 anos que desejarem poderão receber a vacina, desde que "a critério médico e assumindo os riscos individualmente, após serem cuidadosamente esclarecidas".

Na noite desta terça-feira, a chanceler federal, Angela Merkel, defendeu as restrições. "A confiança vem do conhecimento de que cada suspeita, cada caso será examinado", disse Merkel, após conversar com os governadores.

Ela acrescentou que está disposta a receber a vacina da AstraZeneca quando chegar a sua vez de ser imunizada. A chanceler tem 66 anos. 

Nove casos fatais de trombose

O Instituto Paul-Ehrlich, centro de referência para a vacinação na Alemanha, detectou 31 casos de suspeita trombose em pessoas que foram imunizadas com a vacina da AstraZeneca. Nove delas morreram, segundo informou nesta terça-feira a revista Der Spiegel.

De acordo com a publicação, em 19 casos, foi identificado um déficit de plaquetas nas amostras de sangue analisadas. Além disso, o instituto apontou que, entre os mortos, apenas dois eram homens, de 36 e 57 anos.

O Instituto Paul-Ehrlich divulgou que os demais casos se referem a mulheres com idades entre 20 e 63 anos.

Segundo o RKI, 2,7 milhões de pessoas já receberam a vacina da AstraZeneca no país. 

Dúvidas causaram suspensão em quatro regiões 

Após a divulgação dos dados pela Der Spiegel, Berlim, a cidade de Munique, na Baviera, e os estados de Brandemburgo e Renânia do Norte-Vestfália suspenderam a aplicação do imunizante em pessoas com menos de 60 anos.

Em uma entrevista à DW, Tobias Kurth, epidemiologista do Hospital Charite, em Berlim, disse que foi "uma precaução para não colocar as pessoas em risco desnecessariamente".

Na segunda-feira, o distrito de Euskirchen, na Renânia do Norte-Vestfália, já havia parado de vacinar pessoas do sexo feminino com menos de 55 anos com a AstraZeneca, após a morte de uma mulher de 47 anos que havia sido imunizada dias antes. Ela morreu após trombose do seio venoso cerebral. Na mesma região, uma outra jovem, de 28 anos, apresentou o mesmo problema após se vacinar. 

Este mês, a aplicação da vacina da AtraZeneca já havia sido suspensa em vários países europeus devido à ocorrência de tromboses entre os vacinados. Alguns governos acabaram retomando as vacinações depois que, em 18 de março, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA)reforçou a classificação do imunizante da AstraZeneca como seguroe recomendou sua utilização. Além disso, pesquisadores da Universidade de Greifswald anunciaram ter desenvolvido uma terapia para os pacientes de trombose.

Ao todo, 21 países suspenderam total ou parcialmente o uso da vacina. Até 25 de março, 19 deles já haviam retomado a utilização, com exceção de Dinamarca e Noruega.

O que se sabe sobre a possibilidade de trombose

Até o momento, não está claro até que ponto as tromboses fatais realmente se devem à inoculação com o preparado da AstraZeneca, ou até que ponto ele sequer aumenta a probabilidade de formação de coágulos. Tampouco se sabe por que até agora não se registraram casos análogos em relação às demais vacinas de covid-19.

A EMA ressalva que tromboses em geral não ocorreram com frequência maior entre os que tomaram a vacina em questão, do que entre a população em geral. Apesar disso, em cooperação com a AstraZeneca e com o Reino Unido – onde já foram ministrados 11 milhões de doses desse imunizante – especialistas da EMA estão estudando todos os dados disponíveis sobre um possível aumento do risco de trombose.

Recentemente, a AstraZeneca comunicou que uma revisão meticulosa de todos os dados de 17 milhões de vacinados "não forneceu indício de um maior risco de embolia pulmonar, trombose venosa profunda (TVP), ou trombocitopenia", e isso "em nenhum grupo etário definido, sexo, lote ou país específico".

le (efe, ots)