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Retrospectiva Modigliani

24 de abril de 2009

Vida e morte do pintor natural de Livorno são dignas de uma novela. Lado a lado com Picasso e outros gênios ele marcou a arte do século 20. Exposição em Bonn é a primeira na Alemanha em 17 anos.

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'Nu reclinado (Céline Howard)', de 1918Foto: Privatsammlung Genf

As exposições da obra de Amedeo Modigliani (1884-1920) não são raras, desde que a elite parisiense acompanhou o artista de 35 anos até a sepultura. A morte prematura impulsionou sua fama, e museus e galerias de todo o mundo se lançaram imediatamente sobre sua produção.

E eles seguem guardando-a com grande zelo, o que impôs um verdadeiro desafio aos organizadores da mostra inaugurada em abril de 2009 na Bundeskunsthalle de Bonn.

"Os empréstimos são extremamente difíceis, pois os museus que brilham com os quadros de Modigliani em suas salas não se desligam deles de bom grado", observa o diretor do museu em Bonn, Robert Fleck.

Gravado na memória coletiva

Amedeo Modigliani
Amedeo ModiglianiFoto: Museum Fine Art Artist Biography

O artista nascido em Livorno, Itália, que foi sem dúvida um dos grandes ícones das artes do século 20, retorna à Alemanha 17 anos após a primeira grande retrospectiva de sua obra realizada no país, em Düsseldorf.

Há muito as imagens de Modigliani – segundo Fleck, marcadas por uma "genial simplificação da forma" – estão gravadas na memória visual coletiva. Seu principal motivo pictórico foram os retratos: cabeças ovaladas, de pescoço longo e olhos amendoados, por vezes brilhantes, por vezes vazios, como na estilização de esculturas antigas.

Em seus quadros vê-se a linguagem visual do Renascimento e do Maneirismo, mas também influências do Expressionismo e do Cubismo, assim como da arte africana, que se tornara popular na Europa de seu tempo.

Paris e os gênios

Amedeo Modigliani Porträt Diego Rivera
Retrato de Diego Rivera (1914)Foto: Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf

A obra do toscano também dá conta do ambiente na Paris do início do século. Enquanto toda a Europa sofria as consequências da Primeira Guerra Mundial, reinava uma frenética vida noturna na Cidade Luz.

O café La Rotonde atraía numerosos expoentes das artes plásticas, como Pablo Picasso, o russo Chaim Soutine, o muralista mexicano Diego Rivera e o próprio Modigliani.

Consta que ele admirava Rivera, de quem fez vários retratos. Um deles, pintado em 1914 e propriedade da Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, pode ser visto na mostra de Bonn.

Segundo Susanne Kleine, uma das curadoras do projeto, "a mostra reflete, em pequena escala e através de umas 70 obras, o conjunto da produção do artista". A obra de Modigliani inclui um total de cerca de 420 quadros e mil desenhos. Nos últimos anos de vida, ele descobriu a escultura, produzindo em torno de 25 peças.

Vida de novela

Amedeo Modigliani Porträt Jeanne Hébuterne
Retrato de Jeanne Hébuterne (1918)Foto: Israel Museum, Jerusalem

A dramática vida e morte de Amedeo Clemente Modigliani parece uma novela. Proveniente de uma família judaica culta da Toscana, ele emigrou para Paris em 1906, onde se converteu no arquétipo do artista boêmio.

Adorava as mulheres e deixou-se consumir pelo excesso de álcool e drogas, falecendo em consequência de uma tuberculose. No dia seguinte, sua amante Jeanne Hébuterne, grávida de nove meses, suicidou-se, atirando-se por uma janela.

Pouco antes de Modigliani morrer, sua obra já era bastante valorizada. Em 1952, um de seus nus foi comprado por um colecionador de Paris por 1 milhão de francos. Porém o recorde foi batido em 2003, quando a casa de leilões Christie's, de Nova York, vendeu um outro nu por 24 milhões de dólares.

A exposição "Modigliani" estará aberta em Bonn até 30 de agosto de 2009.

Autor: Eva Usi
Revisão: Alexandre Schossler