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Espião alemão do Kremlin acessou dados militares críticos

11 de agosto de 2023

Segundo a imprensa alemã, oficial suspeito de espionar para Rússia trabalhava num departamento das Forças Armadas responsável pela aquisição de sistemas eletrônicos de combate, e teria elos com a ultradireitista AfD.

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Embaixada da Rússia em Berlim
Embaixada da Rússia em Berlim: oficial detido por espionagem teria conexões com a ultradireita alemãFoto: Michael Kuenne/Zumapress/picture alliance

Preso na última quarta-feira (09/08) sob suspeita de espionagem para Moscou, um alemão que atuava na Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) teria tido acesso a informações altamente sensíveis, conforme noticiado pela imprensa alemã nesta sexta-feira.

O oficial Thomas H. trabalhava num departamento responsável por compras governamentais, o que inclui a aquisição de modernos sistemas eletrônicos de combate, segundo os veículos Spiegel Online e Zeit.

De acordo com a Procuradoria, o homem teria visitado a embaixada em Berlim e o consulado russo em Bonn diversas vezes desde maio "por iniciativa própria", e fornecido a diplomatas do Kremlin informações sobre seu trabalho no Departamento de Equipamentos, Tecnologia da Informação e Suporte In-Service da Bundeswehr, baseado em Koblenz, no estado de Renânia-Palatinado, com o intuito de fazê-las chegar ao serviço secreto russo.

Por que sistemas eletrônicos de combate são tão importantes?

Os sistemas eletrônicos de combate incluem tecnologia capaz de monitorar, interferir e até mesmo desativar sistemas de rádio e de defesa antiaérea inimigos. O departamento onde o militar preso trabalhava também cuida da aquisição de armamento usado por tropas de elite.

Segundo a revista Spiegel, Thomas H. teria tido "amplo acesso" às capacidades eletrônicas das Forças Armadas alemãs, algo só concedido a quem passa por rigorosas verificações de segurança dentro da instituição.

Elo com a ultradireitista AfD

Além do acesso às informações sensíveis, o oficial também teria laços com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), classificado como populista de direita, noticiaram os jornais Zeit e Tagesspiegel.

O deputado federal democrata-cristão Roderich Kiesewetter comentou que membros da AfD não deveriam atuar para as forças de segurança, já que isso representaria uma "ameaça ao Estado".

Os relatos sobre espionagem russa na Alemanha têm aumentado desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 fevereiro de 2022, culminando na expulsão de 40 diplomatas russos em abril deste ano. Em retaliação, Moscou ordenou a saída de 40 diplomatas alemães.

Depois, em maio, a Rússia fixou um limite de 350 funcionários alemães em seu território, o que, na prática, resultou na expulsãode centenas de funcionários de missões diplomáticas e outras instituições, como escolas e centros culturais. A Alemanha respondeu com o fechamento de quatro dos cinco consulados russos.

ra/av (DW, AFP,ots)