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Análise da segurança nos estádios irrita organizadores da Copa

(gh)10 de janeiro de 2006

Peritos apontam falhas de segurança nos 12 estádios em que serão disputados os jogos do Mundial. Organizadores do torneio acusam autores do estudo de só quererem publicidade e garantem que estádios são seguros.

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Estádio Olímpico de Berlim também recebeu nota ruimFoto: AP

A cinco meses do início do Mundial de Futebol na Alemanha, a Fundação Warentest irritou os organizadores do torneio com um estudo divulgado nesta terça-feira (10/01), que aponta problemas de segurança nos 12 estádios da Copa 2006.

Em quatro dos 12 estádios, os especialistas da renomada fundação que faz testes destinados à proteção do consumidor encontraram "falhas graves": deficiências na proteção contra incêndios em Kaiserslautern e falta de saídas de emergência para situações de pânico em Gelsenkirchen, Leipzig e Berlim, onde será disputada a final, em 9 de julho.

Nos três últimos estádios, os torcedores seriam impedidos por fossos ou muros de correr para o gramado no caso de evacuação das arquibancadas, explicou Hubertus Primus, coordenador do estudo. "Fiquei chocado com tanto déficit no que diz respeito às possibilidades de fuga", disse, em entrevista coletiva para mais de 150 jornalistas em Berlim.

Temor de pânico

Stiftung Warentest Sicherheit der WM Stadien
Peritos da Fundação Warentest: quatro estádios são inseguros em caso de pânicoFoto: AP

Segundo ele, um estudo realizado em 1996 pela Fundação Warentest revelara que a maioria dos administradores de estádios já havia reconhecido a necessidade das saídas de emergência para situações de pânico.

Primus argumentou que a probabilidade de ocorrer um pânico nos estádios não é elevada, mas desde a Segunda Guerra Mundial já teriam ocorrido mais de 60 acidentes com mais de 1,5 mil mortos e 10 mil feridos. "Parece que em Berlim, Gelsenkirchen e Leipzig foram esquecidos os acidentes ocorridos nos anos 70 e 80", acrescentou.

Nos estádios de Hamburgo, Frankfurt, Dortmund e Stuttgart os analistas também encontraram "falhas evidentes": perigo de tropeçar, degraus de escadas irregulares, proteção contra incêndio e possibilidades de fuga insuficientes.

Nas "arenas" de Munique, Hannover, Nurembergue e Colônia, a fundação detectou apenas "falhas mínimas". Nesses quatro estádios, existem saídas de emergência suficientes. Mas dois terços dos palcos do Mundial não preenchem os critérios da Fifa, segundo os analistas.

Estádios seguros

A análise da segurança nos estádios, que desenhou os mais diferentes cenários de catástrofe, caiu como uma bomba na mesa dos organizadores do Mundial. "A segurança dos torcedores não corre qualquer risco nos jogos da Bundesliga e, portanto, também não no próximo Mundial", rebateu o Comitê Organizador (CO) da Copa, em nota oficial divulgada em Frankfurt.

Nos casos de Berlim, Gelsenkirchen e Leipzig, relatórios independentes teriam recomendado saídas de emergência para fora e não em direção ao gramado. "Os estádios da Copa são seguros", garantiu o vice-presidente do Comitê, Horst Schmidt.

A Alemanha investiu 1,4 bilhão de euros desde 2000 na construção, reforma ou remodelação dos estádios da Copa. "Todas as medidas cumprem a legislação vigente na construção civil alemã e que são bem mais rígidas do que em outros países comparáveis", garantiu o CO.

Na opinião dos organizadores da Copa, o relatório da Fundação Warentest despertou a falsa impressão de que são necessárias medidas urgentes para resolver os problemas de segurança. "As falhas devem ser eliminadas já nas próximas semanas. Nesse caso, não se pode hesitar", pediu o presidente da Comissão de Esportes do Parlamento alemão, Peter Dankert. Ele disse que o estudo será debatido também no Bundestag.

"Kaiser" irritado

Franz Beckenbauer, Fußball-Weltmeisterschaft 2006
Beckenbauer: 'Warentest só quer publicidade'Foto: AP

O presidente do Comitê Organizador da Copa, Franz Beckenbauer, mostrou-se irritado com "organizações como a Warentest, que só querem publicidade. Ela é conhecida por seus testes de cremes para o rosto, azeites de oliva e aspiradores de pó e deveria restringir seu trabalho a esse campo", disparou.

Beckenbauer disse estar farto "desta banda de fanfarrões que sabem mais que o resto e que querem ganhar importância graças ao Mundial. Com essas reclamações, a Alemanha há seis anos jamais teria conquistado o direito de sediar o Mundial", acrescentou.

A Fundação Warentest estranhou as críticas de Beckenbauer. Tanto o CO quanto as empresas administradoras dos estádios teriam colaborado com os preparativos do estudo. "Sabemos analisar mais do que olivas. Já analisamos estádios nos anos 80 e temos experiência. Espero que Beckenbauer seja profissional o suficiente para ver o estudo como uma ajuda", disse Hubertus Primus.

Ele fez questão de ressaltar que, "até o início da Copa, os administradores ainda têm tempo para solucionar os problemas. O Mundial poderá acontecer e nós também poderemos ir aos estádios", tranqüilizou.