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CriminalidadeEstados Unidos

Após ataque, Biden pede ao Congresso mais restrições a armas

24 de março de 2021

Presidente americano quer exigir checagem mais rigorosa de compradores, medida já aprovada pela Câmara, e banir armas semiautomáticas. Chance de aprovação é baixa.

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Joe Biden discursa na Casa Branca
"Isso salvará vidas (...) e nós temos que agir", disse o presidente americanoFoto: Mandel Ngan/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta terça-feira (23/03) que o Congresso americano aprove medidas mais rigorosas de controle de acesso a armas de fogo, um dia após dez pessoas serem mortas por um atirador em Boulder, no Colorado.

"Podemos banir armas semiautomáticas e carregadores de munição de alta capacidade neste país", afirmou Biden. "Isso não é e não deve ser um tema partidário (...) Isso salvará vidas (...) e nós temos que agir", disse o presidente em um apelo a deputados e senadores.

Biden também pediu ao Senado que "aprove imediatamente" dois projetos de lei já chancelados pela Câmara que fecham brechas hoje existentes e tornam mais rigorosa a checagem de documentos e de antecedentes de pessoas que querem comprar armas e munições.

Um dos textos aprovados na Câmara exige que as checagens sejam obrigatórias em vendas particulares e online que hoje passam despercebidas, incluindo em eventos de armas. O outro projeto eleva de três para dez dias o período para a realização das checagens.

Dificuldade de aprovação

No Congresso, os democratas estão fazendo pressão para aprovar controles mais rígidos na venda de armas, mas a chance de mudanças significativas é reduzida devido à divisão do Senado entre democratas e republicanos – cada partido tem 50 assentos.

O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, defendeu na terça que o Senado vote os projetos aprovados na Câmara. Ele disse que há uma "epidemia de violência armada" no país e que a Casa "precisa enfrentar uma verdade devastadora", após a inação do Legislativo no tema por quase três décadas.

Porém os democratas não têm apoio dos republicanos e nem unidade no próprio partido. O senador democrata Joe Manhcin anunciou que se opunha aos projetos aprovados na Câmara sobre checagem dos compradores. Mudanças nas leis sobre armas exigiriam 60 votos no Senado.

O tema do controle de armas evidencia uma dificuldade mais ampla dos democratas no Senado para aprovar políticas prioritárias de Biden. Há uma manobra regimental em vigor na Casa que exige 60 votos para aprovar a maior parte dos projetos de lei, o que torna difícil textos aprovados pela Câmara, controlada pelos democratas, virarem lei sem o apoio de senadores republicanos.

Lobby das armas

A ampliação das checagens sobre quem deseja comprar armas e munições tem apoio considerável dos americanos. Uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center em setembro de 2019 mostrou que 88% dos moradores do país apoiavam exigir checagens nas vendas privadas e em eventos de armas.

Os democratas identificam uma mudança de ventos no tema, favorável a um maior controle, e enfraquecimento da National Rifle Association, a poderosa entidade de lobby pró-armas dos Estados Unidos, que destinou dezenas de milhões de dólares à campanha de Donald Trump em 2016. A organização passa por um momento de disputas internas e questionamentos legais sobre suas finanças.

Mas muitos congressistas republicanos se opõem a qualquer alteração no controle de armas. Na terça, o senador republicano Ted Cruz disse que o Senado participa de um "teatro ridículo" sempre que há um ataque com armas, com democratas propondo projetos que poderiam tirar armas de cidadãos que cumprem a lei. Os republicanos dizem que mais checagens não impedirão atentados do tipo.

Dois ataques em uma semana

O atentado em Boulder ocorreu em um supermercado, e entre as dez vítimas está o primeiro policial que chegou ao local para atender a ocorrência. Um homem de 21 anos foi preso e acusado pelos dez assassinatos.

A rede CNN afirmou que a arma utilizada no ataque era um rifle no estilo do AR-15, com base em informação anônima de uma autoridade. A arma teria sido comprada seis dias antes do ataque.

"Ele simplesmente entrou e começou a atirar", disse uma testemunha ao jornal Denver Post. A polícia ainda não divulgou a identidade do homem nem sua possível motivação.

Na semana passada, um homem de 21 anos também foi preso após matar oito pessoas em três estabelecimentos de massagem em Atlanta, das quais seis eram mulheres de origem asiática.

De acordo com a polícia, o atirador, identificado como Robert Aaron Long, afirmou que executou o ataque por uma mistura de motivações religiosas e frustração de não conseguir lidar com impulsos sexuais. Ele havia comprado uma pistola 9 mm horas antes do crime.

bl/ek (AP, DPA)