1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Crise no Egito

11 de fevereiro de 2011

Líderes ocidentais se dizem decepcionados após Mubarak anunciar que não renuncia. Comando do Exército anunciou que apoia processo de reformas.

https://p.dw.com/p/10FbP
Manifestantes planejam novo "dia de cólera" na sextaFoto: picture alliance/dpa

Após o discurso do presidente do Egito na noite de quinta-feira, o Ocidente enrijeceu suas críticas ao regime de Hosni Mubarak. A cúpula do Exército egípcio afirmou nesta sexta-feira (11/2), em declaração divulgada pela televisão estatal, que apoiará o processo de reformas para a realização de eleições, que poderá suspender o estado de emergência em vigor desde 1981, se a situação se acalmar, e que se dispõe a fazer outras concessões, mas insinuou que deseja o fim dos protestos.

"Preocupação é maior após discurso"

Em um programa matutino da televisão alemã, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, ofereceu ao Egito nesta sexta-feira uma "parceria para a transformação" com a Alemanha e a União Europeia (UE). Ele reagiu com decepção ao discurso de Mubarak. O político alemão afirmou que o pronunciamento não apresentou novas perspectivas e ela "não representou o esperado passo adiante". Ele disse, ainda, que teme que o discurso não provoque um efeito satisfatório. "Após o discurso, as preocupações da comunidade internacional passaram a ser maiores do que antes dele", acrescentou.

O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que Mubarak tem que explicar as mudanças que está fazendo e fazer mais para oferecer um caminho "inequívoco" rumo à democratização.

Hosni Mubarak
Recusa de Mubarak em renunciar provoca críticasFoto: picture-alliance/dpa

A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, pediu uma transferência imediata de poder. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou para uma possível tomada do poder por fundamentalistas religiosos. O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, pediu uma "mudança rápida, mas ordenada."

A oposicionista Mohamed El Baradei advertiu para uma escalada de protestos. "O Egito vai explodir", afirmou o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica através do serviço de mensagens Twitter. "O Exército precisa salvar o país agora", acrescentou.

A oposição planeja nesta sexta-feira mais um "dia de cólera" no centro da capital do país, Cairo, após o discurso pelo presidente egípcio Hosni Mubarak transmitido na última noite.

Militares prometem fim do estado de emergência

O Exército do Egito afirmou, em comunicado, que vai garantir eleições livres e dar garantias às reformas prometidas por Hosni Mubarak, mas advertiu contra qualquer atentado à segurança do país ou dos cidadãos.

Em comunicado lido na televisão estatal, o Exército do país apelou para um regresso à vida normal, enquanto milhares de pessoas continuam os protestos, exigindo a renúncia de Mubarak.

Muenchner Sicherheitskonferenz Guido Westerwelle
Westerwelle propôs "parceria de transformação"Foto: dapd

Os militares prometeram que a lei de emergência, vigente no país desde 1981, será levantada "assim que a situação atual terminar". A declaração, a segunda do Exército em dois dias, foi divulgada depois de uma reunião do conselho militar supremo, presidida pelo ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantaui. Nela, os militares declaram o seu apoio ao plano de Mubarak para uma transferência pacífica de poder.

Protestos noite adentro

Em um pronunciamento transmitido pela televisão estatal, Mubarak afirmara que haverá uma transferência de poderes ao vice-presidente, Omar Suleiman, mas não anunciou sua própria renúncia. Os manifestantes responderam com protestos violentos, que continuaram noite adentro.

"Eu decidi, nos termos da Constituição, delegar poderes ao vice-presidente”, disse Mubarak em seu discurso, acrescentando que a transferência ocorrerá "entre hoje e setembro". Mubarak já havia dito que não se candidatará à eleição em setembro. Ele disse, ainda, que não irá "se curvar ao que é ditado por estrangeiros". Mubarak também anunciou modificar ou anular seis artigos constitucionais restritivos.

MD/rtrs/afp/lusa
Revisão: Roselaine Wandscheer