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Apple reduz projeção de vendas e pressiona mercados

3 de janeiro de 2019

Gigante da tecnologia atribui redução à desaceleração da economia chinesa, causada por tensões comerciais entre Pequim e Washington. Analistas apontam para os altos custos impostos pela própria empresa a seus produtos.

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Loja da Apple na China com fachada envidraçada e dezenas de pessoas no interior do estabelecimento
Apple atribui baixas expectativas à desaceleração econômica na China e tensões comerciais com os Estados UnidosFoto: picture-alliance/dpa/prisma

Maior empresa de tecnologia do mundo, a Apple reduziu nesta quarta-feira (03/01) as previsões de ganhos para o primeiro trimestre do ano fiscal de 2019, gerando incertezas nos mercados de ações globais. O CEO da empresa, Tim Cook, atribuiu as baixas expectativas de receita à desaceleração das vendas de smartphones iPhone na China, país cuja economia vem sendo abalada pelas tensões comerciais com os Estados Unidos.

A notícia, divulgada em meio às tentativas chinesas retomar o crescimento econômico no país, gerou uma queda nas ações da Apple nas transações após o fechamento dos mercados asiáticos, afetando seus fornecedores e gerando uma onda de vendas dos títulos da empresa nos mercados internacionais.   

A queda na receita da Apple e outras gigantes tecnológicas pode ser um sinal de que a desaceleração da economia chinesa seria mais acentuada do que se esperava, surpreendendo as empresas e os líderes de mercado na China e forçando alguns destes a reajustar suas estratégias.

"Ao mesmo tempo em que já esperávamos alguns desafios nos principais mercados emergentes, não previmos a magnitude da desaceleração econômica, em particular na China", disse Tim Cook em carta aos investidores da Apple.

A empresa está em situação delicada no país, um de seus principais mercados e local de fabricação da maior parte de seus produtos eletrônicos, após a polêmica em torno da prisão de Meng Wanzhou, a CFO de sua rival chinesa Huawei, no Canadá.

Desde a prisão de Meng, realizada a pedido de autoridades americanas, surgiram relatos de que consumidores chineses estariam evitando os produtos da Apple. Já há algum tempo, concorrentes locais como a Huawei vinham obtendo ganhos de mercado em relação à empresa americana.

Cook disse à emissora CNBC que os produtos da Apple não são alvos de ações por parte do governo chinês, mas que alguns consumidores decidiram não mais comprar iPhones e outros produtos em razão de a empresa ser americana. "A maior questão, porém, é a desaceleração da economia e as tensões no comércio que aumentaram a pressão [econômica]", observou o CEO.

Entretanto, alguns analistas atribuíram a queda nas vendas ao impacto das ações da própria empresa, que impõe preços altos a seus produtos, que chegam a custar três vezes mais do que os da concorrência. De modo geral, o mercado de smartphones na China vem encolhendo, com a Apple e a Samsung sofrendo as maiores perdas, enquanto algumas empresas domésticas conseguem obter melhores resultados.

No mês passado, a Samsung anunciou que irá encerrar as operações em uma de suas fábricas na China, após ver sua fatia de mercado no país cair para 1% no primeiro trimestre de 2018, em contraste com os 15% que possuía em meados de 2013.

RC/rtr/ap/lusa

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