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Argentina congela preços para tentar combater inflação

18 de abril de 2019

Aumento de preços nos últimos 12 meses ultrapassou marca de 54%. Oposição classifica medida do governo Macri como "eleitoreira"

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Argentinien Präsident Mauricio Macri
O governo Macri decidiu ainda suspender reajustes das tarifas de transporte e energia Foto: Reuters/M. Brindicci

O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira (18/04) uma série de medidas para combater a inflação no país, entre elas um congelamento de preços de produtos da cesta básica e a abertura de novas linhas de crédito para a população.

O anúncio foi feito pelo presidente do país, Mauricio Macri, em um vídeo postado nas redes sociais, mas coube ao ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, a missão de explicar o pacote econômico em entrevista coletiva realizada em Buenos Aires.

O governo fechou um acordo para manter os preços de 60 produtos da cesta básica durante os próximos seis meses e também decidiu interromper os reajustes nas tarifas de energia e transporte. Os produtos que farão parte da lista serão revelados a partir da próxima segunda-feira. Já os preços serão entre 20% e 25% menores que os valores mais altos registrados no país nos últimos meses.

O ministro garantiu que o abastecimento será regulado por um sistema de controle de preços forte, o que visa impedir reajustes fora da tabela e o recolhimento dos produtos da lista do comércio. Dujovne estava acompanhado dos ministros de Saúde e Desenvolvimento Social, Carolina Stanley, e de Produção, Dante Sica.

Um dos produtos que fará parte da lista é a carne. Sica anunciou que os pecuaristas do país garantirão o fornecimento de 120 mil quilos semanais a 149 pesos o quilo (cerca de R$ 14). Metade será vendida no Mercado Central e a outra em pontos espalhados pelo país.

Para também contribuir com o controle da inflação, o governo de Macri decidiu suspender os reajustes das tarifas de transporte e energia que estavam sendo aplicados desde o início de 2016. "Em termos de alívio para o bolso das famílias argentinas, decidimos que não vai haver reajustes na eletricidade até o fim do ano. Também não haverá aumentos adicionais nos transportes nem nos pedágios", explicou o ministro da Fazenda.

Perguntado sobre as duas altas nas tarifas de energia já anunciadas, Dujovne explicou que elas serão absorvidas pelo governo. No gás, o reajuste anunciado em abril e escalonado em três meses (10%, 9% e 8%) será o último do ano. Durante os meses de inverno, os usuários terão um desconto de 22% nas contas, valores que serão pagos nas faturas dos meses de verão, os de menor consumo.

Macri anunciou o pacote econômico um dia depois da divulgação da inflação de março, que subiu 4,7% em relação a fevereiro. No acumulado de 12 meses, o índice chega a 54,7%.

Dujovne divulgou uma relação de benefícios para as pequenas e médias empresas, como a proibição de que os bancos cobrem taxas no depósito de dinheiro em espécie e a anulação dos direitos de exportação - conhecidos como retenções - para as empresas que vendam para o exterior acima da média dos embarques do ano passado.

Segundo o governo, as pequenas e médias empresas também serão beneficiadas pelo novo regime de "Lealdade Comercial", que busca "evitar abusos" de grandes empresas que dominam alguns setores.

As medidas de congelamento de preços serão complementadas com outras que visam facilitar o crédito e reduzir as dívidas dos consumidores argentinos.

A Administração Nacional de Seguridade Social (Anses) lançará uma nova linha de empréstimos, com foco especialmente nos aposentados. Os valores podem chegar ao máximo de 200 mil pesos argentinos (cerca de R$ 18,9 mil), com taxas que variam em função da renda.

Além disso, pessoas que ainda utilizem gás em botijões terão crédito para instalar em suas casas o fornecimento encanado.

O governo calcula que 18 milhões de pessoas serão beneficiadas com as medidas que serão comandadas pela Andes. Esses argentinos também terão descontos de até 15% em farmácias e mercados.

O pacote anunciado pelo governo foi criticado pela oposição. O Partido Justicialista, pelo qual a ex-presidente Cristina Kirchner foi eleita em 2007 e em 2011, disse que as medidas de Macri têm "fins eleitorais". O país vai às urnas para eleger o novo ocupante da Casa Rosada em outubro deste ano.

"As medidas anunciadas são insuficientes, chegam tarde e têm motivos eleitorais (...). O presidente pretende maquiar o aumento da pobreza, a inflação e o desemprego. Uma série de medidas isoladas e eleitoreiras não muda o modelo de país", disse o partido.

Macri fez o anúncio em um vídeo divulgado no YouTube, gravado com um telefone celular. Nele, o presidente conversa com uma família que conta a ele os problemas econômicos enfrentados pelo país.

JPS/efe

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