1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Tragédia

5 de março de 2009

Maior arquivo histórico municipal ao norte dos Alpes – assim era conhecido o arquivo que desabou em Colônia. Ainda é difícil prever a perda provocada pelo desabamento do prédio que abrigava mais de mil anos de história.

https://p.dw.com/p/H6Sh
Documento do papa Inocêncio 3°, de 1205, pertencia ao arquivoFoto: Stadtarchiv Köln

Com a perda do arquivo, Colônia e toda a região em torno da cidade às margens do Reno perdem também sua memória. O Arquivo Histórico de Colônia abrigava documentos de mais de mil anos de história coloniana e da região da Renânia. O mais antigo dos cerca de 600 mil documentos do acervo histórico datava do ano 922.

Na Idade Média, Colônia era uma das maiores cidades da Europa. Essa riqueza também se espelhava nas preciosidades guardadas em 26 quilômetros lineares de prateleiras do arquivo. Protocolos do Conselho da Cidade e certidões documentavam a política da cidade, cuja influência era notada, frequentemente, em todo o Sacro Império Romano Germânico.

Entre as preciosidades do arquivo estavam também documentos de reis e papas, a correspondência de 800 anos de administração da cidade, dezenas de milhares de testamentos, 65 mil certidões em pergaminho. O arquivo também guardava o acervo de projetos de diversos arquitetos.

Bildkombo Jacques Offenbach Heinrich Böll und Konrad Adenauer Stadtarchiv Köln
Memória de Offenbach, Böll e Adenauer fazia parte do acervoFoto: picture-alliance/dpa

Legado de diversas personalidades

Mas não somente documentos da história renana estavam ali guardados. O Arquivo Histórico de Colônia abrigava o legado de diversas personalidades, entre elas, documentos do antigo premiê alemão Konrad Adenauer, o espólio do escritor Heinrich Böll, prêmio Nobel de literatura em 1972, que há poucas semanas fora vendido ao arquivo pela família do escritor. Perdidas possivelmente para sempre estão também partituras do compositor Jacques Offenbach, um dos precursores do teatro musical moderno, que nasceu em Colônia.

Manuscritos de Karl Marx e Friedrich Engels, como também decretos de Napoleão faziam parte do acervo do arquivo, que, a cada ano, era ampliado em 300 metros lineares adicionais de prateleiras.

O Arquivo Histórico de Colônia apresentava uma lacuna documental para os anos entre 1927 e 1945. Os documentos desse período foram todos perdidos durante um incêndio nos porões do Conselho da Cidade, provocado por bombardeios no fim da Segunda Guerra Mundial.

Capacidade chegara ao limite

Em 1322, o arquivo foi citado pela primeira vez nominalmente em documento. Cem anos mais tarde, ele foi transferido para uma abóbada subterrânea sob a torre da prefeitura da cidade. No século 19, ele ganhou sua primeira sede própria.

O prédio que desabou na última terça-feira foi inaugurado em 1971. Durante muitos anos, ele foi considerado um exemplo para diversos outros arquivos no mundo. Na época, previu-se que o espaço de depósito seria suficiente para 30 anos. Nos últimos tempos, a capacidade de armazenamento do arquivo chegara ao limite.

"Catástrofe cultural"

Eingestürztes Stadtarchiv Köln
Plástico protege os escombrosFoto: AP

Para a proteção da chuva, os escombros do prédio foram cobertos com lonas plásticas. O resgate de documentos já se iniciara no dia seguinte à tragédia. Especialistas afirmam, no entanto, que a recuperação do que sobrou ainda deverá durar décadas.

Em visita ao local, nesta quinta-feira (05/03), o governador do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Jürgen Rüttgers, prometeu verbas para a restauração dos documentos e na construção de uma nova sede. Ele comentou o ocorrido como uma "catástrofe cultural".

Nesta quinta-feira, duas pessoas que moravam no prédio vizinho ao arquivo, que também desabara, ainda eram consideradas desaparecidas. A família de um deles afirmou que, no momento do desabamento, ele estava em seu apartamento. As equipes de resgate consideram pequenas as chances de pessoas soterradas terem sobrevivido.

Autor: Michael Obermeyer/Carlos Albuquerque

Revisão: Roselaine Wandscheer