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Assim será a vacinação contra a covid-19 na Alemanha

18 de dezembro de 2020

Idosos acima de 80 anos e quem mora ou trabalha em asilos estão no topo da lista. Vacinação é voluntária e está prevista para começar em 27 de dezembro.

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Mulher segura um pequeno frasco etiquetado com um adesivo "Vacina Coronavirus Covid-19" e uma seringa médica.
A vacina enfim chegou na Alemanha - "um presente de Natal maravilhoso"Foto: Dado Ruvic/REUTERS

A Alemanha se prepara para o que deverá ser um de seus maiores desafios logísticos em muito tempo: depois que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou que decidiria já no dia 21 de dezembro sobre a aprovação da vacina da Biontech e Pfizer contra o coronavírus, os preparativos estão a todo vapor.

Apesar de politicamente independente, a EMA cedeu às pressões, também do governo alemão, e antecipou a data para uma recomendação de aprovação, antes prevista somente para 29 de dezembro. A vacinação com o imunizante da Pfizer-Biontech pode, portanto, começar antes do previsto na Alemanha, provavelmente em 27 de dezembro.

A portaria que regulamenta a vacinação contra a covid-19 deve ser assinada nesta sexta-feira (18/12) pelo ministro da Saúde, Jens Spahn. Nesse mesmo dia, a Alemanha registrou um recorde de novas infecções em 24 horas: 33.777 casos, e mais 813 mortes.

Idosos e doentes primeiro

Especialistas da Comissão Permanente de Vacinação, um grupo independente que assessora o governo, entregaram um plano de imunização para o Ministério da Saúde, com sugestões para a ordem de vacinação da população.

Mas o ministro Jens Spahn alterou a ordem sugerida, que tinha originalmente seis categorias e que agora ficou assim:

O primeiro grupo a ser vacinado é o dos idosos com mais de 80 anos, os idosos que moram em asilos, as pessoas que necessitam de cuidados especiais e os cuidadores dessas pessoas. Médicos e enfermeiros que estão muito expostos ao coronavírus também estão inclusos. Spahn calcula que só a vacinação desse grupo deverá durar de um a dois meses.

O segundo grupo é formado pelas pessoas com mais de 70 anos, as que sofrem de demência, os portadores da síndrome de Down, quem passou por um transplante, quem mora em centros de acolhimentos e pessoas próximas daquelas que necessitam de cuidados especiais.

O terceiro grupo engloba as pessoas com mais de 60 anos, doentes crônicos e pessoas que ocupam cargos relevantes para o funcionamento da sociedade, como professores, educadores, policiais e caixas de supermercado.

Somente depois desses grupos, o restante da população poderá tomar a vacina. Spahn não descartou ajustes no plano ao longo do processo.

Quem desejar se vacinar deve comprovar, por meio de documentos de identidade ou atestado médico, que pertence a um desses grupos.

Quem irá arcar com o custo das vacinas será o governo federal, que também ficará encarregado do armazenamento delas. Para isso, foi reservado um orçamento de cerca de 2,7 bilhões de euros. Os estados, por sua vez, ficarão responsáveis pela distribuição das vacinas aos 440 centros do país.

Principais desafios

A maior preocupação gira em torno de dois problemas: a vacina deve ser mantida resfriada a 70 graus negativos até o momento imediatamente anterior ao uso, quando só então deve ser descongelada e administrada.

Alemanha planeja vacinação em massa contra covid-19


Além disso, as pessoas que quiserem receber a imunização devem deixar os postos de vacinação o mais rapidamente possível para evitar contaminações.

Distanciamento também nos postos

Em entrevista ao jornal alemão Taz, Kristin Hultzsch, funcionária de um centro de vacinação no estado de Schleswig-Holstein, descreve como será o trabalho na prática em seu estado.

"As pessoas a serem vacinadas irão à recepção, onde serão verificados os seus dados pessoais. Elas irão então para uma sala de espera, onde devem aguardar até serem chamadas para uma conversa preliminar com um médico numa sala ao lado. Em seguida, num percurso de mão única, elas irão para a sala de vacinação, onde receberão a injeção." Por último, numa outra área, as pessoas vacinadas deverão permanecer em observação por 15 minutos.

Nos postos de vacinação, portanto, também valerão as regras de distanciamento social e uso de máscara. Segundo Spahn, a Alemanha receberá um total de 100 milhões de doses de vacinas do lote europeu. Nas primeiras semanas, porém, apenas cerca de 3 milhões de doses estarão disponíveis, alcançando 11 milhões nos três primeiros meses.

Escassez de pessoal 

A falta de pessoal é enorme. Dezenas de milhares de médicos e outros ajudantes já se ofereceram como voluntários, mas em muitos locais ainda se busca apoio urgentemente. Só na Baviera, um dos estados federados com maior número de infecções, 99 centros de vacinação vão entrar em funcionamento para realizar até 30 mil vacinações por dia.

O governo disponibilizou recursos adicionais para a contratação de 20 mil funcionários em asilos de idosos. Os planos de saúde receberão 5 bilhões de euros adicionais em 2021, além dos 14,5 bilhões de recursos públicos já previstos, e deverão arcar com 8 bilhões de euros de dinheiro próprio para os custos da pandemia.

O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, apresentou as prioridadesFoto: Daniel Karmann/dpa/picture alliance


Cada estado define seu próprio conceito: Hamburgo, por exemplo, quer viabilizar até 7 mil vacinações por dia, reservando para isso sete postos paralelos no salão de exposições. Também há uma grande demanda por intérpretes e serviços de segurança. "É totalmente utópico pretender que todos os postos previstos de vacinação contra o coronavírus sejam vigiados pela polícia", diz o porta-voz do sindicato da polícia (GdP) de Berlim, Benjamin Jendro, para quem isso cabe à iniciativa privada.

Tudo pronto – ou quase tudo

Salões de convenções, salas de espetáculos, hotéis, antigos alojamentos para requerentes de refúgio e até mesmo antigas dependências de supermercados: em todo o país, cerca de 440 locais deverão servir de centro para vacinar a população. Para isso, albergues da juventude, assim como antigos ginásios esportivos, também estão sendo reestruturados.

Spahn havia afirmado que a infraestrutura para a vacinação em massa estaria instalada em todo o país até meados de dezembro. De fato, muita coisa está concluída, mas ainda há atrasos em Berlim e Brandemburgo, por exemplo. Segundo informações do governo estadual de Potsdam, os 11 centros previstos para Brandemburgo deverão estar disponíveis no início de janeiro.

Mais desafiador, naturalmente, é o estabelecimento de postos em áreas escassamente povoadas, como em Baden-Württemberg, por exemplo. O estado no sudoeste da Alemanha relata que nove postos centrais já estão prontos para uso, mas outros 50 pequenos postos suburbanos não estarão disponíveis até meados de janeiro.

Desde o início, em todo caso, as capacidades serão provavelmente superiores às doses disponíveis. Especialistas calculam, portanto, que levará muitos meses antes que partes significativas da sociedade sejam vacinadas e um correspondente impacto no processo de infecção seja mensurável. Além da vacinação nos centros, está prevista a realização de visitas de equipes ambulantes em lares de idosos. Para Berlim, são planejadas 30 equipes do tipo.

Maioria pretende tomar a vacina

O governo alemão sempre enfatizou: a vacinação é voluntária – ninguém é obrigado a se vacinar.

Estima-se que 46 milhões de pessoas pretendam se deixar vacinar na Alemanha, o que corresponde a 68% da população. Isso é mais do que mostravam as pesquisas anteriores, as quais indicavam que a disposição em tomar a vacina havia diminuído recentemente no país, em alguns casos para pouco mais de 50% – certamente consequência das declarações muitas vezes confusas sobre as possíveis datas de início e também sobre os eventuais efeitos colaterais. Sem contar, é claro, com os oponentes de vacinações em geral.

O governo, portanto, resolveu abraçar a imunização em grande escala. Assim que partes significativas da população tiverem recebido suas doses, os consultórios médicos também poderão assumir a tarefa. Quando isso vai acontecer permanece em aberto. E em algum momento – espera-se – também estarão disponíveis os produtos de outros cinco fabricantes de vacinas, dos quais o governo já reservou contingentes como medida de precaução.