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Sob suspeita

DW/Agências (rsr)25 de novembro de 2008

Agentes secretos alemães seriam capazes de explodir o prédio que abriga a representação civil da União Européia em Pristina? As autoridades do Kosovo acham possível. O governo alemão considera a hipótese um absurdo.

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Os três alemães foram exibidos algemados na televisão kosovarFoto: picture-alliance/dpa

A controvérsia em torno da possível participação de três alemães num atentado contra a representação civil da União Européia (UE) em Pristina, no último dia 14 de novembro, ameaça se transformar num incidente diplomático de grandes proporções. De um lado, as autoridades do Kosovo afirmam que o trio pode estar envolvido na ação. Do outro, o governo alemão classifica a suspeita como absurda.

As relações entre a maior economia da Europa e a pequena ex-província sérvia, cuja reconstrução recebe ajuda da Alemanha, foram abaladas depois da detenção dos alemães, acusados de envolvimento com o ato terrorista. Os três homens, com idades entre 41 e 47 anos, seriam agentes do serviço secreto alemão, o BND, conforme a imprensa da Alemanha e da Albânia, embora o governo em Berlim não confirme a informação.

Um juiz kosovar ordenou que os detidos permaneçam em prisão temporária por 30 dias, enquanto a explosão no escritório da UE em Pristina estiver sendo investigada. O porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, afirmou que "a idéia de que o governo da República Federal da Alemanha possa estar envolvido em atos terroristas é absurda".

As imagens televisivas dos três alemães sendo conduzidos algemados pela polícia do Kosovo, no último final de semana, causaram indignação nas autoridades alemãs.

Kosovo Unabhängigkeit Ministerpräsident Hashim Thaci Erklärung im Parlament in Pristina
Primeiro ministro de Kosovo, Hashim Thaci, disse que ninguém está acima da leiFoto: AP

Ninguém acima da lei

O primeiro-ministro do Kosovo, Hashim Thaci, ressaltou que "ninguém está acima da lei, e a lei deve ser respeitada integralmente, sem levar em consideração nacionalidades". De acordo com o presidente kosovar, Fatmir Sejdiu, os três alemães não estavam registrados como agentes de inteligência. Há a suspeita de que eles estivessem trabalhando de forma anônima.

O presidente do Grêmio de Controle Parlamentar (que supervisiona as atividades do BND), Thomas Oppermann, confirmou que o serviço secreto alemão está presente nos Bálcãs. "A presença dos agentes é importante porque nossos soldados precisam ser protegidos", explicou. Oppermann disse ainda que é preciso ter informações prévias sobre riscos e situações de perigo.

A forma como os três alemães foram detidos ainda é controversa. Uma versão é a de que foram vistos fugindo do local da explosão após um deles atirar uma bomba de um prédio adjacente abandonado. Eles foram detidos cinco dias após o incidente. Buscas em suas residências resultaram na apreensão de armas e documentos considerados incriminatórios, incluindo um esboço do prédio em que se localiza o escritório da UE.

Os advogados dos alemães informaram que os três homens não se envolveram na ação terrorista e que teriam ido até o local por curiosidade, quatro horas depois da explosão, para tirar fotografias. O jornal de Kosovo Koha Ditore levantou a suspeita de ligação com ataques de 2007, que tinham por alvo a missão da ONU no Kosovo, edifícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Parlamento.

Verdächtige des Anschlags in Pristina
Os três alemães estão presos temporariamenteFoto: picture-alliance/dpa

Especulação sobre grupos anti-UE

O jornal alemão Bild especulou sobre o motivo do ataque no último dia 14. Para o periódico, a ação foi trabalho de uma facção kosovar contrária à UE. O Kosovo declarou independência da Sérvia em fevereiro com o apoio da União Européia.

Quatro dias antes do ataque, a maioria albanesa no Kosovo rejeitou um acordo entre a ONU e a Sérvia para que a missão civil Eulex, da União Européia, assumisse a administração policial e jurídica no território.

O governo alemão se questiona como o caso tomou tamanha proporção, já que o país tem sido um apoiador da independência de Kosovo e a nação que mais contribui financeiramente depois dos Estados Unidos. Geralmente, em casos envolvendo atividades de inteligência, os agentes estrangeiros que têm problemas com autoridades locais são "convidados" a deixar o país, longe dos holofotes da imprensa.