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Autores alemães têm mais sucesso comercial

Holger Ehling (sm)10 de fevereiro de 2006

A nova literatura alemã se propaga cada vez mais no exterior. Além de os autores terem um estilo acessível, comprar os direitos de publicações alemães é uma alternativa para o dispendioso mercado de língua inglesa.

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Livros alemães na Feira do Livro de Cairo, em 2006Foto: DW
Daniel Kehlmann auf der Frankfurter Buchmesse porträtfoto
Daniel KehlmannFoto: dpa

O sucesso do romance de Daniel Kehlmann Die Vermessung der Welt (A Medição do Mundo) foi celebrado em todos os suplementos culturais alemães. Há semanas, Kehlmann se mantém na lista de best-sellers da Alemanha, tendo chegado recentemente ao primeiro lugar, à frente de Dan Brown e J.K. Rowling. E este sucesso promete não se limitar à Alemanha.

Os direitos de tradução do livro já foram vendidos a mais de 20 países, entre os quais os EUA. E Kehlmann parece confirmar a atual tendência de que os autores alemães estão sendo requisitados no exterior.

Uma geração que não tem medo de humor

Cornelia Funke, Juli Zeh, Jenny Erpenbeck são outros nomes. Por maior que seja a boa vontade, o crítico dificilmente vai encontrar algo em comum entre estes nomes. Com exceção de que todos são bem-sucedidos no exterior, conquistam leitores não só às margens do Reno e do Elba, mas também do Hudson, do Sena e do Yangtze Kiang.

Este êxito dos literatos alemães no exterior é um fenômeno recente. Após highlights como Thomas Mann, Günter Grass ou Heinrich Böll, outros escritores de língua alemã não tiveram muito alcance. Exceções como Patrick Süskind, W.G. Sebald ou Bernhard Schlink confirmam a regra.

Talvez tenha sido, em parte, a mudança no modo de narrar que propiciou êxito a esta nova geração. Esta é a opinião da chefe da seção de direitos autorais da Eichborg Verlag, Jutta Willand. "Eles começaram a contar histórias de novo. Talvez por terem passado por um processo de socialização do qual fazia parte ouvir histórias. Eles não têm medo de enredo, aprenderam a caracterizar personagens com vivacidade, propõem-se a narrar de modo fácil e divertido e não se esquivam do humor, nem quando o assunto é sério", declarou Willand em entrevista à Deutsche Welle.

Mercado anglófono como trampolim

Mas seria um equívoco achar que estes autores não têm peso. Este estilo de maior aceitação internacional acaba abrindo novas perspectivas, sobretudo em se tratando das traduções para o inglês. "Ter êxito significa reverter a via de mão única, isto é, a tendência de o público leitor, as editoras e o mercado livreiro alemães recorrerem sem o mínimo critério a publicações norte-americanas a serem traduzidas, enquanto apenas uma pequena viela leva à direção contrária. Há alguns anos, leitores e editores se interessam ocasionalmente um pouco mais por autores alemães", constata Jutta Willand.

Junge Autoren in Deutschland und der Welt
Visitante da Feira de Livros de Leipzig, 2005Foto: dpa

Esta regra vale para qualquer título: uma tradução para o inglês abre caminho para propagar o livro em outras línguas. É por isso que as editoras alemãs, ao lado das espanholas, francesas, italianas ou escandinavas, investem tanto tempo e paciência em vender para o mercado de língua inglesa.

Interesse da China é maior

De modo geral, a venda de licenças para o exterior se restringiu durante ano à não-ficção. Por um bom tempo, as maiores compradoras foram as editoras de língua espanhola; a partir do início dos anos 90, passou a ser a Europa Oriental e, há alguns anos, também a Ásia.

Do ponto de vista meramente quantitativo, as editoras inglesas e estadunidenses absorvem bem menos a produção de língua alemã do que estas regiões, segundo confirma Michael Fenderl, organizador da participação alemã nas feiras de livro da Ásia. "A maior parte dos direitos é vendida à China continental, por incrível que pareça, seguida pela Coréia. As licenças concedidas à China, cerca de 600, correspondem ao dobro do que é comprado nos países de língua inglesa", afirma Federl.

Receita de sucesso do Fusca

Second Hand Buchmarkt in China
Feira de livros usados na ChinaFoto: AP

Apesar de haver indícios da crescente popularidade dos autores alemães no exterior, os fatores econômicos não são de se subestimar. "Isso também tem a ver com o fato de a compra de direitos de livros norte-americanos encarecer cada vez mais. Em casos como Dan Brown, as licenças são leiloadas, sendo que muitas editoras podem estar fora do jogo", explica Federl.

Com isso, o sucesso dos autores alemães no exterior se torna mais compreensível. Eles narram bem, dão lucro às suas editoras e podem ser adquiridos a preços módicos. Isso lembra até a receita do sucesso do Fusca da Volkswagen, um exemplo que não é de se jogar fora.