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SaúdeFrança

Autoridades de França e Suécia recomendam vacina de Oxford

2 de fevereiro de 2021

Agências dos dois países, no entanto, indicaram restrições para aplicação em pessoas com mais de 65 anos, alegando que ainda faltam dados de estudos com essa faixa etária.

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Mão segura uma seringa e um frasco de vacina, com o símbolo da AstraZeneca ao fundo
Foto: Frank Hoermann/Sven Simon/imago images

Autoridades de saúde da França e da Suécia deram luz verde nesta terça-feira (02/02) para a aplicação da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford, mas não recomendaram seu uso em pessoas com mais de 65 anos.

Os dois países seguem assim o caminho já adotado por autoridades sanitárias da Alemanha e Áustria que também se limitaram a recomendar a vacina para faixas abaixo de 65 anos. Já a Itália demarcou em 55 anos a idade máxima.

Essas limitações não significam que a vacina seja menos eficaz ou inadequada para idosos, mas que a AstraZeneca ainda não forneceu estudos suficientes para a faixa etária acima de 65 anos. A Alta Autoridade de Saúde francesa, por exemplo, disse que a restrição pode ser revista quando surgirem mais dados.

Por sua vez, Soren Andersson, responsável pela área dos programas de vacinação da agência de saúde pública sueca, disse que "não há nada que diga que a vacina não tenha efeitos protetores ou que tenha efeitos negativos sobre estes grupos etários", mas que por enquanto a falta de dados impede uma recomendação.

Segundo os suecos, a vacina deve ser proposta "em primeiro lugar" a pessoas entre os 18 e os 65 anos de idade. Já as vacinas da Pfizer/Biontech e da Moderna devem ser administradas preferencialmente a pessoas com 65 anos ou mais, de acordo com a mesma entidade.

Na semana passada, e no meio de um conflito contratual da farmacêutica anglo-sueca com a Comissão Europeia, a Agência Europeia do Medicamentos (EMA) deu "luz verde" à utilização da vacina da AstraZeneca/Oxford em adultos a partir dos 18 anos, sem impor um limite superior de idade. Mas vários países preferiram aguardar mais dados.

Restrições

A Alemanha, através da Comissão de Vacinação alemã, foi o primeiro país a abordar a falta de estudos da vacina da AstraZeneca/Oxford em grupos etários mais velhos.

Em 30 de janeiro, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, admitiu que Berlim estava considerando deixar por enquanto as pessoas com mais de 65 anos fora do acesso prioritário à vacina do laboratório anglo-sueco.

No mesmo dia, a Itália também recomendou a adoção de alternativas à vacina da AstraZeneca para os cidadãos com mais de 55 anos, apesar de ter autorizado a administração em todos os adultos.

O Conselho Nacional de Vacinação da Áustria fez recomendação similar na mesma data. "Os dados de imunidade e segurança são comparáveis aos de pessoas mais jovens. [Mas] devido ao pequeno tamanho da amostra [de estudos anteriores] não é possível afirmar com certeza a sua eficácia para essa faixa etária", indicou o conselho austríaco num comunicado.

Estudos

No final de dezembro, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido (MHRA) já tinha apontado que havia poucos dados sobre os efeitos da vacina em pessoas acima de 65 anos. Segundo a agência, pouco menos de 6% dos participantes dos estudos tinham mais de 65 anos. Em contraste, os estudos globais da vacina da Pfizer/Biontech contaram com 41% de voluntários entre 56 e 85 anos.

Além disso, os autores do estudo da AstraZeneca apontaram num estudo publicado em dezembro na revista científica The Lancet que "a eficácia da vacina em grupos de idade mais avançada não pôde ser avaliada, mas será determinada, se houver dados suficientes disponíveis, em uma análise futura após o surgimento de mais casos".

Os testes conduzidos pela AstraZeneca no Reino Unido começaram com adultos de até 55 anos, porque inicialmente a empresa focou em pessoal de saúde e trabalhadores da linha de frente na ativa. Os participantes idosos do teste foram recrutados mais tarde. Portanto, a empresa tinha menos dados sobre esse grupo quando submeteu os dados aos reguladores britânicos.

As recomendações que restringem o uso da vacina em idosos em alguns países europeus ocorrem num momento em que a AstraZeneca está sob pressão da União Europeia por causa de atrasos anunciados para cumprir a entrega de vacinas acordadas contratualmente com o bloco.

O grupo anglo-sueco anunciou na última sexta-feira que, após a aprovação de sua vacina, espera entregar apenas 31 milhões de doses, em vez de 80 milhões, até o final de março. A UE disse que recebeu uma justificativa insatisfatória para os atrasos.

O imunizante da AstraZeneca-Oxford é encarado com grande expectativa por diversos governos, já que dispensa a complexa operação de refrigeração da vacina da Pfizer/Biontech.

A vacina da AstraZeneca também é a principal aposta do governo do presidente Jair Bolsonaro. O Brasil fechou uma parceria com a empresa para a fabricação de doses em território nacional, por meio da Fiocruz. No entanto, a produção, inicialmente prevista para começar em fevereiro, deve ficar para março, devido a problemas na obtenção de insumos. Em janeiro, o país importou 2 milhões de doses prontas dessa vacina.

jps/ek (Lusa, DW, ots)