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Bahá'ís mantêm tradição religiosa na Alemanha

Günther Birkenstock (sv)24 de julho de 2013

Os adeptos da religião bahá'í construíram o único templo europeu da comunidade nas proximidades de Frankfurt há quase 50 anos. A "Casa da Devoção" é um lugar de recolhimento, mas também e sobretudo de diversos encontros.

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Foto: DW/G. Birkenstock

A pequena localidade de Hofheim-Langenhain, nos arredores de Frankfurt (centro-oeste da Alemanha), tem 4.400 habitantes, um riacho e uma pizzaria. É um um povoado tranquilo, cercado em grande parte por bosques. Mas o pequeno lugar carrega uma dimensão espiritual extraordinária. Em 1964, por exemplo, tornou-se sede da chamada "Casa da Devoção", o primeiro e único templo bahá'í – fé monoteísta criada na Pérsia no século 19 com ênfase na unidade espiritual humana – da Europa.

A cúpula de 28 metros de altura, localizada numa colina na periferia da cidade, destaca-se na paisagem e é tudo, menos um templo sombrio. Um total de 540 janelas em forma de losango geram um intenso jogo de luz e sombra no interior do edifício.

A parte inferior do templo é praticamente inteira de vidro e pode ser acessada por todos os lados pelo parque que circunda o prédio. "As novas entradas laterais simbolizam a abertura da edificação e também a abertura dos bahá'ís. Ou seja, qualquer pessoa é bem-vinda neste espaço, até os ateus", explica Sunhild Steimle, porta-voz dos bahá'ís na cidade.

A vista direta para a paisagem também deve expressar a ligação com a natureza e com o ambiente. Para salientar que, para os bahá'ís, não é apenas o templo que é sagrado, Steimle cita uma oração: "Abençoado é o lugar e a casa, o local e a cidade, as colinas – simplesmente todo lugar onde Deus for mencionado."

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Paisagem natural também é lugar sagradoFoto: DW/G. Birkenstock

Religião sem sacerdotes

A cerimônia religiosa dos bahá'ís em Frankfurt acontece às 15 horas aos domingos, com a presença de aproximadamente 50 pessoas – embora o templo tenha lugar para algumas centenas.

O interior do templo é sóbrio e tem decoração espartana. Os únicos adereços são alguns vasos com buquês de flores. Não há nenhum símbolo religioso, nenhum altar, nem mesmo relíquias. Somente um pódio no qual as pessoas se alternam a cada meia hora, a fim de citarem textos religiosos do Novo e Velho Testamentos, do Alcorão e dos escritos deixados por Bahá'u'lláh – o fundador da religião bahá'í.

Os textos são citados, mas não interpretados, diz Steimle. "Ninguém determina o que deverá ser depreendido deles", completa. Os fiéis leem as palavras sagradas, pois entre os bahá'ís não há clérigos, somente um conselho espiritual, cujos membros são votados democraticamente e assumem a tarefa de aconselhar os fiéis sobre questões relevantes de suas existências.

Lugar para encontrar os amigos

Clara-Lisa Wiebers, de 14 anos, frequenta o templo regularmente com sua família. Para ela, estudar os livros sagrados de outras religiões é normal – tanto no templo quanto em casa. "Acreditamos que todos os profetas vieram do mesmo Deus, ou seja, tanto Cristo quanto Maomé e também Bahá'u'lláh", acentua a jovem, já capaz de explicar bem tanto o conteúdo quanto a origem de sua religião.

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Textos religiosos são lidos e não interpretadosFoto: DW/G. Birkenstock

Os bahá'ís não são islâmicos, diz ela: só nasceu no Irã. "É muito diferente", afirma, convincente. Para Clara-Lisa, Ir até Langenhain não é apenas um costume religioso, mas também social: ali ela encontra amigos e conhecidos, entre outros no café do centro de visitantes, ao lado do templo.

Já Jennifer, a mãe de Clara-Lisa, aprecia o envolvimento de sua filha, mas observa que, ao mesmo tempo, os jovens podem optar se pretendem mesmo fazer parte dos bahá'ís quando completam 15 anos de idade.

"Somos quatro irmãs na família: duas são bahá'ís, duas não. Este é um ponto importante: cada um pode decidir sobre sua própria crença", salienta Jennifer Wiebers. Por isso ela mantém sempre uma certa cautela quando fala sobre sua religião com outras pessoas, para que elas não pensem que ela quer convertê-las.

Fé significa ação

Os bahá'ís que frequentam o templo na Alemanha parecem todos muito convencidos de sua fé. Os jovens falam com destreza da obrigação de orar diariamente. A religião destaca sobretudo as virtudes e o sentimento de responsabilidade sobre a própria vida. "A fé não é onde o saber termina, mas é um saber consciente e aplicado, que tem efeitos sobre as minhas ações", explica Barbara Nicke, especialista em informática.

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Barbara Nicke: 'fé é saber aplicado'Foto: DW/G. Birkenstock

Esse conceito inclui enxergar o trabalho como se fosse um culto religioso. "No meu trabalho numa empresa comercial, também tento, em primeira linha, servir às pessoas", diz ela. Os bahá'ís tentam passar o saber sobre a religião e a história para as próximas gerações, entre outros através de cursos para adultos e crianças. Ler apenas não basta. O que importa é praticar, diz Nicke.

O templo bahá'í em Langenhain recebe anualmente em torno de 25 mil visitantes. Somente parte deles é de fiéis. Na Alemanha, os bahá'ís formam uma comunidade de aproximadamente seis mil pessoas. Em todo o mundo, são de sete a nove milhões de fiéis.

O templo, o parque e o centro de visitantes dos bahá'ís são financiados na Alemanha com doações anônimas. Também neste sentido a comunidade parece ser muito ciente de suas obrigações.

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Sunhild Steimle: mais instituições para os fiéisFoto: DW/G. Birkenstock

A "Casa da Devoção" abre diariamente. Segundo Steimle, a longo prazo o templo não deve continuar sendo o único prédio dos bahá'ís em Hofheim-Langenhain, cujo terreno serve para o público em geral. Planeja-se igualmente construir um hospital, um lar de idosos e um jardim de infância – a construção de instituições sociais, segundo Steimle, é um dos preceitos básicos dos bahá'ís. "Não queremos mais nos contentar com os padrões vigentes, mas pretendemos tentar trazer mais paz e solidariedade ao mundo", conclui.