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Baixo interesse da África nas eleições alemãs

S. Steffen, J. Adayé, R. da Silva, A. Kiti (sv)17 de setembro de 2013

Se a chanceler federal alemã Angela Merkel se candidatasse às eleições na África, ela teria boas chances de ser eleita, embora não receba somente elogios no continente.

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Foto: picture-alliance/dpa

Se dependesse dos moçambicanos, que no passado trabalharam como "convidados" na antiga Alemanha Oriental, o resultado das eleições alemãs seria claro: a atual chefe de governo, Angela Merkel, e seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), venceriam o pleito. Os moçambicanos que viveram na Alemanha e regressaram ao país parecem convencidos de que Merkel fortaleceu a economia alemã e soube governar bem o país em meio aos tumultos da crise financeira internacional.

"Sob o governo Merkel, a Alemanha permaneceu na condição de maior economia europeia. E a crise financeira internacional não trouxe ao país nenhum dano. Se eu pudesse votar, daria a ela meu voto", diz o comerciante Arnaldo Mendes, de 47 anos. Outros moçambicanos que já moraram na Alemanha e acompanham, mesmo de longe, a vida política do país veem Merkel como favorita no pleito. Justine Muetse, um eletricista de 53 anos, associa o nome de Merkel sobretudo a um aspecto: "Lembro sempre da política de austeridade que ela defende nos casos da Grécia, Portugal e outros países", diz ele.

Atenção para a economia

Em outros países africanos, como mostrou uma enquete realizada pelos correspondentes da DW, as pessoas observam principalmente a política econômica de Angela Merkel. "A Alemanha é o país que mais ajuda os países fragilizados da UE", diz Jared Amba, de 29 anos e morador de Nairóbi, a capital do Quênia. Segundo ele, Merkel sabe conduzir o país em tempos difíceis. "Comparada a seus antecessores, ela conseguiu empurrar a Alemanha de volta para o pódio", fala Amba. Um adversário capaz de vencê-la nas urnas, segundo o queniano, precisaria ser sobretudo forte no que diz respeito aos temas de ordem econômica.

Mbvume Loweli, também queniano, acrescenta que Merkel minimiza os efeitos da crise europeia sobre a Alemanha. "Suas políticas energética e econômica são consideravelmente impressionantes. Sua política externa, por outro lado, não foi tão intensa quanto a dos tempos de Gerhard Schröder [chanceler federal alemão entre 1998 e 2005], que viajava muito e falava muito sobre os acontecimentos no mundo", analisa Loweli. Merkel, segundo ele, concentra esforços principalmente em garantir mais empregos para a população do país.

Outros, como o aposentado Francis Koffi, da Costa do Marfim, associam a Merkel principalmente uma atuação enérgica. "Ela é uma mulher poderosa", diz Koffi. Já o funcionário administrativo Meité Hamed, que vive na metrópole Abidjan, afirma que o nome da alemã remete à liderança de um dos países mais importantes da Europa.

Kanzlerin Merkel in Kenia
Merkel em visita ao QuêniaFoto: picture-alliance/dpa

Fraca presença na África

No entanto, Merkel não deixou tão boa impressão assim em todos os africanos. "O que ela representa para mim? Nada. Ela governa a Alemanha e isso é tudo", declara o produtor de rádio Jean Baptiste Kouadio. Na opinião de Chacha Nyaigotti-Chacha, professor do Instituto de Desenvolvimento Regional da Universidade Católica da África Oriental, em Nairóbi, Merkel não defendeu até agora "nenhuma posição clara em relação à África".

Ela "concentra-se muito na União Europeia", critica a jornalista Nelly Moraa, de Nairóbi. "Esperamos que a África receba o mesmo tratamento. Quando precisamos de um pacote de salvação, deveríamos receber ajuda com rapidez, em vez de colocarem obstáculos no nosso caminho, como por exemplo dizer que devemos primeiro provar que temos democracia e uma liderança no governo, antes de recebermos auxílio", aponta Moraa. Mas há também quem se oponha a essa postura. "Merkel visitou o Quênia há dois anos e comprometeu-se a ajudar o país com 140 milhões de euros para o setor social. Apreciamos muito isso que ela fez", declara James Mobat.

Seja como for, para a maioria dos africanos, não faz muita diferença quem vai assumir o posto de chanceler federal na Alemanha. Ao contrário de Merkel, seu adversário Peer Steinbrück, do Partido Social Democrata (SPD), é praticamente desconhecido na África. "Peer Steinbrück? Ah, é esse candidato da oposição, não é?", confirma a decoradora Emília Duvane, de Maputo, não sem antes afirmar que, no fundo, não se interessa muito pela política alemã. "Acompanho mais é o que acontece aqui mesmo em Moçambique", finaliza.