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Economia

28 de julho de 2009

Apesar da crise econômica, vários grandes bancos internacionais apresentaram lucros bilionários no primeiro semestre deste ano. Na Alemanha, CPI investiga ajuda estatal ao banco hipotecário Hypo Real Estate.

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Se forem considerados os balanços semestrais de grandes bancos internacionais, é plausível perguntar por onde anda a crise financeira. No primeiro semestre deste ano, o maior banco alemão, o Deutsche Bank, apresentou um lucro de 2,3 bilhões de euros – quase cinco vezes superior ao balanço no mesmo período do ano passado.

Na comparação internacional, o Deutsche Bank ficou atrás de outras instituições financeiras. O Citigroup teve um lucro semestral de 6,7 bilhões de dólares. Bancos como o Goldman Sachs e o JP Morgan Chase apresentaram lucros de 2,7 bilhões de dólares, e o Bank of Amerika chegou a registrar lucros de 2,4 bilhões de dólares.

Pelo menos tão surpreendente quanto os lucros bilionários dos bancos é o renascimento do investment banking – setor responsável por perdas bilionárias no ano passado e pela falência do banco de investimentos Lehman Brothers. Os grandes lucros do Deutsche Bank no segundo trimestre deste ano se devem ao investment banking.

Demanda por dinheiro

Os motivos desses lucros podem ser encontrados, ironicamente, na própria crise. Pacotes conjunturais bilionários de que alguns países lançaram mão para salvar instituições financeiras levaram ao aumento da demanda por dinheiro por parte de alguns Estados.

Deutsche Bank - Josef Ackermann
Contrato de Ackermann à frente do Deutsche Bank foi prorrogado até 2013Foto: AP

No momento, os bancos recebem dinheiro a juros bastante atraentes dos bancos centrais. Esse dinheiro retorna ao Estado em forma de bônus, cuja emissão gera grandes lucros aos bancos.

O mesmo acontece com o ramo de bônus corporativos. "Cerca da metade da necessidade de crédito das grandes empresas alemãs é coberta, no momento, através de bônus corporativos", afirmou Helmut Hipper, gerente de fundos da Union Investment. "Muitas empresas se refinanciam, atualmente, mais através de bônus do que por empréstimos porque os bancos estão mais cautelosos com a concessão de crédito", afirmou.

Apoio a Ackermann

Da mesma forma que no caso do Deutsche Bank, o investment banking foi o único motor do crescimento de bancos suíços e norte-americanos no segundo trimestre deste ano. No entanto, devido à recessão, é crescente a ameaça de calote também para o maior banco alemão.

Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank, afirmou nesta terça-feira (28/07) que "continuamos a esperar impactos no setor de crédito" e alertou para o crescente número de insolvências de empresas e particulares. Por esse motivo, o banco multiplicou por sete sua proteção contra riscos, irritando investidores.

Nesta terça-feira, o conselho de administração do Deutsche Bank mostrou seu apoio ao rumo adotado por Ackermann para atravessar as turbulências da crise. Como esperado, o contrato do executivo de 61 anos à frente da maior instituição financeira da Alemanha foi renovado até 2013.

Hypo Real Estate
Salvação do HRE custou 100 bilhões de eurosFoto: ap

Pacote superfaturado?

Também nesta terça-feira, Josef Ackermann foi convocado a depor na comissão de inquérito do Parlamento em Berlim que investiga a ajuda bilionária que o governo alemão deu ao banco hipotecário Hypo Real Estate (HRE), como forma de evitar sua insolvência.

De Ackermann e de outros importantes banqueiros a serem convocados nos próximos dias, os parlamentares alemães esperam saber mais sobre a situação do HRE anterior à falência do banco norte-americano Lehman Brothers.

Em maio último, o governo alemão adquiriu uma participação de 47,31% do HRE. Os gastos do governo de Berlim para evitar a falência do banco já somaram cerca de 100 bilhões de euros. O objetivo da comissão de inquérito é investigar se o governo cometeu erros que aumentaram substancialmente o montante da ajuda ao HRE, como também constatar que lições podem ser levadas para o futuro.

Os partidos alemães de oposição criticam a atuação governamental diante da crise que surgiu em setembro de 2008, quando parecia que o HRE iria falir. Críticos acusam o governo alemão de ter se envolvido muito tarde nas discussões e de ter negociado um pacote de ajuda que acabou custando aos contribuintes mais do que o necessário.

CA/ap/rtrs/dw

Revisão: Alexandre Schossler