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Eleições americanas

28 de agosto de 2008

Pesquisa aponta que 74% dos alemães votariam no candidato democrata, Barack Obama, para a presidência norte-americana. Política e mídia da Alemanha advertem, no entanto, de uma "idealização" de sua imagem no país.

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Para imprensa alemã, Obama (d) teria provocado o casal Clinton com escolha de Biden (e) como viceFoto: AP

Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Forsa, se os alemães pudessem votar nas próximas eleições presidenciais norte-americanas, o resultado seria evidente: o candidato democrata Barack Obama receberia 74% dos votos, enquanto o candidato republicano, John McCain, obteria somente 11%.

A pesquisa aponta que Obama está à frente em todos os diferentes grupos de eleitores e faixas etárias, principalmente entre os alemães abaixo dos 30 anos (84%), como também entre os eleitores do Partido Social Democrata (88%), Partido Verde (84%) e A Esquerda (87%). Por outro lado, nos Estados Unidos, pesquisas de opinião pública apontam empate técnico entre Obama e McCain.

Parte da mídia e dos políticos alemães adverte de uma imagem distorcida que o candidato nomeado pelos democratas para concorrer à presidência dos Estados Unidos poderia ter entre os alemães. Isto explicaria a grande vantagem que goza sobre McCain na Alemanha.

Imagem ligada à "super terça-feira"

Combo Bildkombo Barack Obama (links) und John F. Kennedy
Imagem de Obama é comparada à de KennedyFoto: AP

Para o editor-chefe da emissora WDR e especialista em eleições da rede pública de TV ARD, Jörg Schönenborn, economia e política internacional decidirão as próximas eleições. Caso os Estados Unidos enfrentem uma crise internacional, Obama não terá nenhuma chance. McCain é o candidato para política externa. Por outro lado, quando se trata de questões econômicas, mais da metade dos americanos apostam no candidato democrata, explicou Schönenborn.

O especialista em eleições acredita que o brilho de Obama na Alemanha se explica pelo fato de os alemães ainda estarem muito ligados à imagem deixada pelo candidato democrata na assim chamada "super terça-feira". Desde então, os alemães não teriam aperfeiçoado ou corrigido esta imagem.

Nos EUA, também houve este entusiasmo. Mas muito aconteceu desde a "super terça-feira". Obama teria cometido erros, teria insultado alguns grupos de eleitores. Estes fatos não foram levados em consideração pelos alemães, explicou Schönenborn.

Mudança para melhor

Senator Barack Obama sieht Hillary Rodham Clinton im Fernsehn zu
Obama não deve subestimar os Clinton, diz jornalFoto: AP

Por sua vez, o presidente do Partido Verde alemão, Reinhard Bütikofer, advertiu de uma "idealização" do candidato democrata à presidência Barack Obama. Na Alemanha e na Europa, Obama serviria muitas vezes como superfície de projeção das próprias esperanças políticas. Também Obama como presidente colocaria os interesses americanos em primeiro lugar.

Para o político do Partido Verde, o candidato democrata, como primeiro presidente negro, possibilitaria uma mudança radical para melhor da reputação dos Estados Unidos. "Isto também permitiria esferas de opções políticas completamente novas para os EUA", declarou o político alemão.

Imprensa européia

As imprensas alemã e européia também comentam a nomeação de Barack Obama como candidato democrata à presidência americana e suas chances de vitória:

O jornal francês La Voix du Nord escreveu: "O discurso de Barack Obama em julho último, em Berlim, onde se apresentou como "cidadão do mundo", provocou entusiasmo na Europa. De forma contrária, ela irritou o eleitor comum norte-americano que espera de um candidato que ele fale, primeiramente ou até mesmo somente, dos Estados Unidos e seus problemas. [...] Depois de sua nomeação na convenção do partido em Denver nesta semana, restam-lhe dois meses de campanha para convencer seus conterrâneos que está apto para o cargo de presidente. Os primeiros que tem de convencer são os 30% de eleitores de Hillary Clinton, que hoje afirmam preferir se abster ou até mesmo votar em McCain".

O Westdeutsche Zeitung de Düsseldorf comentou: "Pode ser que aquele Barack Obama, que encenara uma campanha taticamente genial durante as prévias democratas, tenha agora se enganado redondamente? Ainda que ele tenha se distanciado de Hillary Clinton na fase final, o novato Obama não deve subestimar a influência do antigo 'primeiro casal' Hillary e Bill. Primeiro, ele ofende o poderoso casal com a escolha de Joseph Biden como candidato para concorrer à vice-presidência, agora é dito ao ex-presidente [Bill Clinton] o que ele deve falar na convenção do partido. Obama deve tomar cuidado, pois sem o apoio dinâmico do casal Clinton, que têm ao seu lado os eleitores hispano-americanos e os brancos mais pobres, paira sobre Obama uma surpresa desagradável em novembro".

Sobre o discurso de Bill Clinton na convenção do Partido Democrata em Denver, o Tagesspiegel berlinense publicou: "Duas horas mais tarde, Bill Clinton coroou o desejo de harmonia. Ele também não conseguiu tomar a palavra devido à ovação dos presentes à convenção do partido – com gritos de 'Bill, Bill, Bill' e estrondosos aplausos. Com muito humor, formulações precisas e jogos de palavras, Bill Clinton ilustrou seu talento como orador: 'Ontem, Hillary se colocou ao lado de Obama, agora somos pelo menos dois', pedindo então aos 18 milhões que votaram em Hillary nas prévias que votassem agora em Obama. Respondendo aos gritos de 'Sim, podemos' que ecoou da arena, Clinton comentou: 'Sim, ele pode. Mas, para tal, temos primeiro que elegê-lo presidente'". (ca)