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Bento 16 é o oitavo papa alemão

Geraldo Hoffmann19 de abril de 2005

Josef Ratzinger, ex-arcebispo de Munique e Freising, é primeiro papa alemão em 482 anos.

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Escultura na catedral de Eichstätt lembra papa Vitor IIFoto: Geraldo Hoffmann/DW

Antes da eleição de Joseph Ratzinger como papa Bento 16, nesta terça-feira (19/04), em Roma, a Igreja Católica já teve sete pontífices de origem germânica, no tempo do Sacro Império Romano-Germânico (924 a 1806). A maioria deles teve pontificados insignificantes. Somente Leão IX conquistou fama de reformista, há cerca de mil anos, mas seu nome também é vinculado ao grande cisma, a divisão entre a Igreja Católica Romana e a Oriental (ortodoxa).

Gregório V (996–999) – Bruno von Kärnten, como era seu nome original, assumiu a liderança da Igreja Católica em 3 de maio de 996, com apenas 24 anos de idade. Foi nomeado pelo rei Otto III, seu parente, que no mesmo ano seria compensado pelo papa com a coroa de imperador (kaiser). A nobreza romana, insatisfeita, substituiu-o por um antipapa em 997, mas com a ajuda de Otto III, Gregório conseguiu reconquistar o trono de São Pedro no ano seguinte. Pouco depois, provavelmente em 18 de fevereiro de 999, morreu em conseqüência de uma malária.

Uma troca de favores semelhante também beneficiou os cinco papas alemães a partir de 1046. O rei Henrique III transformou o baixo-saxão Suitger, conde de Morsleben e Hornburg, em papa Clemente II em 1046. Este, em seguida, elevou Henrique a imperador. Clemente morreu um ano depois, segundo especulações, envenenado. Seu túmulo na catedral de Bamberg – na Baviera – é único de um papa ao norte dos Alpes.

Leão IX: reformador

Henrique III também nomeou os três papas seguintes: Poppo von Brixen – Damásio II; Bruno von Egisheim – Leão IX; e Gebhard von Dollnstein-Hirschberg – Vitor II. Enquanto Damásio II morreu em 1048, após 24 dias no cargo, sem deixar rastros na história da Igreja, o pontificado de Leão IX (1049–1054) está presente até hoje.

Considerado um papa reformador, criou o Colégio dos Cardeais, principal grêmio de assessoria ao papa, atualmente comandado por Ratzinger. Leão IX centralizou o poder eclesiástico em Roma, instituindo o primado do papa sobre a Igreja. Ele combateu a compra do título de bispo (simonia), o casamento de padres, o concubinato, e propôs a obrigatoriedade do celibato. O final de seu pontificado foi marcado pelo grande cisma, a divisão em Igreja Católica ocidental e oriental (ortodoxa), marcada pela excomunhão do patriarca de Constantinopla e todos os seus fiéis, em 16 de julho de 1054.

Vitor II (1055–1057): papa político

O bispo Gebhard I, nascido na Francônia, foi intronizado há 950 anos, no dia 13 de abril de 1055, como papa Vitor II. Ele acumulou os cargos de bispo de Eichstätt e papa durante seu curto pontificado e foi um dos principais assessores do imperador Henrique III. A partir de1053, praticamente governou a Baviera, que Henrique III havia subordinado ao seu filho (Henrique IV) de três anos. Após a morte de Henrique III em 1056, garantiu por meio de negociações a permanência de Henrique IV (com seis anos) no poder do Sacro Império Romano-Germânico.

Vitor II deu continuidade às reformas internas iniciadas por seu antecessor, como a defesa do celibato obrigatório, que virou norma 500 anos depois, no Concílio de Trento. Condenou a simonia e a transferência de bens da Igreja a leigos. Morreu em Arezzo, na Toscana, em 28 de julho de 1057, sem ter podido realizar o sínodo dos bispos que havia convocado para Roma naquele ano. Com ele, terminou a fase em que os imperadores germânicos se arrogavam o direito exclusivo de nomear os papas.

Estêvão IX (1057 - 1058) - Originário da Alsácia Lorena, hoje França, foi levado por Leão IX a Roma, onde exerceu as funções de diácono, bibliotecário e chanceler da Igreja Católica. Após a morte de Vitor II, foi consagrado papa contra a sua vontade, no dia 3 de agosto de 1057, e só foi aprovado, posteriormente, pela imperatriz alemã Agnes.

Adriano VI (1522–1523) – Filho de carpinteiro alemão, nascido em Utrecht, na Holanda, foi eleito papa por sua vida exemplar e seu papel político (chegou a governar a Espanha). Seu pontificado de 22 meses, no entanto, foi infeliz. Foi odiado pelos romanos, que queriam um papa italiano, e desafiado pela Reforma protestante e a guerra dos países cristãos contra a Turquia. Adriano VI, que devido à sua origem também é considerado um papa holandês por algumas fontes, foi o último papa não italiano antes de João Paulo II, cujo sucessor está sendo escolhido no Vaticano.